SôFrida, mas não me Khalo!

 

Por várias vezes, em situações diversas, nos deparamos com a presença de Frida Kahlo. Quem foi esta mulher? Por que ela é tão referenciada? Qual a sua importância! O que mais chama a atenção em sua vida, em sua obra? Para quem ainda não a conhece resolvemos apresentá-la, de uma maneira breve, respondendo a essas perguntas.

Frida Kahlo nasceu em 1907, em Coyoacán, próxima à cidade do México, e começou a pintar após sofrer um grave acidente, cujas sequelas a acompanhariam até sua morte em 1954. É considerada a pintora latino-americana mais famosa do século XX, e figura fundamental da arte mexicana.

O Acidente
Aos 18 anos de idade, o ônibus em que estava chocou-se com um trem. Frida recebeu todo o baque do acidente. Ela foi atingida por um ferro que lhe atravessou o abdome, a coluna vertebral e a pélvis. Sofreu múltiplas fraturas, fez cerca de 35 cirurgias, ficando muito tempo presa em uma cama, o que a motivou pintar como forma de preencher a vida.

Sua Obra
Sua obra faz constantes menções a esse acidente, além de adotar os temas da cultura e do folclore mexicano. O modo peculiar com que realizava suas pinturas, principalmente os autorretratos, foi muito associada à estética do surrealismo de André Breton, mas o que os críticos viam como sonho, Frida considerava sua realidade: “Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.”
Para termos uma ideia do seu valor artístico, em 1939, teve uma exposição  individual de suas obras, na galeria de Julien Levy, em Nova York, que foi sucesso de crítica. Naquela ocasião também, a artista em viagem a Paris, entra no mundo da vanguarda artística dos surrealistas. Conhece Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O museu do Louvre adquire um de seus auto-retratos.

Revolucionária
Frida foi considerada revolucionária por diversas razões. Ao contrário da elite de sua época, ela gostava de tudo o que era verdadeiramente mexicano: objetos de devoção a santos populares, mercados de rua e comidas cheias de pimenta. Fiel ao seu país, a pintora gostava de declarar-se filha da Revolução Mexicana ao dizer que havia nascido em 1910.
Militante comunista e agitadora cultural, tendo recebido em sua casa o líder marxista Leon Trotski. Destacou-se também por defender o resgate à cultura dos astecas como forma de oposição ao sistema imperialista cultural europeu.

Os últimos anos
Após ter que fazer cirurgia na coluna e ser diagnosticado que teria que amputar a perna, Frida entra em depressão. Mas continua pintando. Pinta suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida). Em um ano (1950-1951), passa por sete operações na coluna, que infeccionam, graças ao colete de uso obrigatório. Em 2 julho de 1954 participa, em cadeira de rodas, da manifestação contra a intervenção americana na Guatemala.

Uma de suas frases que poderia servir de epitáfio, bem poderia ser esta:
"A pintura tem ocupado minha vida. Perdi três filhos e uma série de coisas que poderiam ter preenchido a minha vida horrível. A pintura substituiu tudo. Eu acho que não há nada melhor do que trabalhar."

Em síntese, o que podemos dizer é que esta mulher foi sem dúvida, além de uma grande artista, uma pessoa com uma capacidade extraordinária de resiliência, de superação; de luta contra os desafios pessoais, as injustiças sociais, e os tabus próprios da condição de ser mulher. Talvez agora, fique mais fácil de entendermos a menção nas costas de uma manifestante na Marcha das Vadias, realizada no último dia 09 de agosto, no Rio de Janeiro. “SôFrida, mas não me Kahlo!”

PS. E para quem mora ou passar por Curitiba

Terá o privilégio de visitar a exposição de fotografias sobre a pintora. A exposição que ocorre no MON - Museu Oscar Niemeyeir, entre os meses de julho e novembro, registra os aspectos da vida pessoal e do trabalho da artista e é um convite para o público conhecer mais sobre a vida da pintora.
Entre as fotos, estão aquelas que retratam sua incursão pela dor física, em decorrência do acidente. Na coleção há diversas fotos tiradas em hospitais, em que ela aparece deitada em sua cama ou dobrada sobre si e visivelmente supliciada pela dor. Mas estão também outros registros que mostram a Frida cidadã do mundo com suas preocupações culturais, sociais e políticas. Lembrando que Frida e o marido foram grandes apoiadores dos ideais socialistas.

       
Referências:
http://www.museofridakahlo.org.mx/FridaKahlo/Biografia.aspx
www.museuoscarniemeyer.org.br
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/07/1490630-exposicao-inedita...
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2014/07/museu-oscar-niemeyer-bate-...
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT512470-1661,00.html
http://www.infoescola.com/biografias/frida-kahlo/
http://www.suapesquisa.com/quemfoi/frida_kahlo.htm

Comments

imagem de Elisangela Aparecida Polidoro Corrêa

SôFrida mas não me Kahlo

Para Frida Kahlo a Arte foi como uma Alquimia, transmutando toda a dor e sofrimento em criação artística!

Foi muito agradável a leitura deste texto, além de todas as informações ficou interessante com a alusão à imagem da Marcha das Vadias!

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imagem de Cleia da Rocha Sumiya

SôFrida, mas não me Khalo!

 Oi gostei do seu texto. Parabens. Um incentivo para visitar a exposicao com meus alunos.

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