Qual é a visão do jovem de hoje em relação a escola
Artigo realizado pelas professoras do Colégio Estadual Rocha Pombo, do município de Morretes, do litoral do Paraná:
Ana Paula Fernandes dos Santos
Maria Alice Mansur Smaka
Paula Célia Lirani
Renata Karine Wistuba
Sílvia de Souza Rey
Tamires Cristine de Ramos Teixeira
Tomando como base para o estudo de caso a primeira “Reflexão e ação” do caderno II que aborda a construção da noção de juventude apontando para “o jogo de culpados” e como “virar esse jogo” na busca de novos relacionamentos entre professores e seus jovens estudantes e leva em consideração a indagação se os mesmos sabem para que serve a escola nos dias atuais. Por meio de diálogos, questionamentos e debates buscou-se “perceber como os jovens estudantes constroem o seu modo próprio de ser jovem” compreendendo “ suas experiências, necessidades e expectativas”.(p. 17).
No Brasil tem-se visto que o Ensino Médio está desacreditado seja por culpa do governo, professores ou alunos. Nota-se que há tantos órgãos legais que protegem os jovens como o ECA ( Estatuto da Criança e do Adolescente) que num contexto grandioso perde-se um pouco de sua importância, pois os jovens conhecem só os seus direitos e as obrigações foram esquecidas. Deve-se compreender que “o sujeito é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas também é um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível.” (DCE, 2008).
Nota-se que há um desinteresse dos jovens em relação ao ensino, pois a grande maioria vem à escola por vir, sem interesse nos conteúdos propostos e ainda questionam porque devem aprender. De acordo com o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE, 2011) há a necessidade de uma reinvenção da escola, a qual leve a garantir o que propõe o artigo III “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.”
Que interrogações e necessidades trazem para o trabalho do educador os coletivos diversos que chegam à escola? Em primeiro lugar, o seu reconhecimento e o reconhecimento do significado político pedagógico da preocupação com a afirmação das identidades, ou seja, com a afirmação política da diversidade que compõe o mosaico das salas de aula. Em segundo lugar, o comprometimento e o cuidado com as especificidades de cada coletivo. Isso implica não ver e não tratar a diversidade como o somatório das diferenças nem como uma categoria abstrata (ARROYO, 2008, p. 11).
Em base ao que foi explanado anteriormente, propôs-se um debate em sala de aula com os alunos do Ensino Médio, do Colégio Estadual Rocha Pombo, localizado na cidade de Morretes, litoral do estado Paraná, com as seguintes questões: o que você acha da escola com relação à parte estrutural, metodológica e docente? O que você faria para a escola se tornar mais atrativa? Você acredita que a sua opinião é relevante no âmbito escolar? E para elucidar de forma dinâmica e atrativa a pesquisa, realizou-se uma interdisciplinaridade com o professor de Artes Giovani Nunes, o qual desenvolveu um projeto dentro do conteúdo Cinema elaborando um documentário dando voz aos jovens com relação aos questionamentos já citados.
Chegou-se aos seguintes resultados: com relação a parte estrutural - salas superlotadas, Tvs pendrives e laboratório de informática com mal funcionamento e falta de manutenção, a falta de espaço físico-coletivo, o calor excessivo durante os meses mais quentes sendo que há ar-condicionados armazenados a quase dois anos os quais não foram instalados por falta de liberação de verba por parte do governo estadual; na metodologia eles pedem aulas mais lúdicas, dinâmicas, atrativas e que tragam para a sala de aula experiências e, que possam usar em seu dia-a-dia; e quanto a parte docente – professores mais humanos e igualitários, que procurem uma interação maior com seus alunos, professores melhor preparados e motivados.
Quanto ao tornar a escola mais atrativa levantaram a hipótese de haver aulas diferenciadas e atividades extracurriculares no contra turno, além de gincanas, oficinas campeonatos esportivos, palestras, etc., trazendo para dentro da escola culturas juvenis para que se possa contemplar o jovem pela ótica dos problemas e reduzir a complexidade deste momento muitas vezes problemático, entendendo que o jovem não é um pré-adulto.
Indagados sobre serem levados a sério, a resposta foi unanime: NÃO. Suas opiniões nunca são respeitadas, são desacreditados com relação ao seu potencial, sua individualidade não é levada em consideração sendo avaliados de maneira generalizada e que os professores esquecem que já foram jovens. Cada uma dessas informações vem de encontro com o que diz na p. 10 do caderno II, Formação de Professores do Ensino Médio, Etapa I, Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, que “muitas vezes, ele não é chamado para emitir opiniões e interferir até mesmo nas questões que lhe dizem respeito diretamente. E isso, sem dúvida, pode ser considerado como um desestímulo à participação e ao protagonismo”.
Podemos concluir, ressaltando que, este trabalho visou em princípio identificar a visão que nossos alunos de Ensino Médio têm da escola como um todo, desde seu espaço físico até os profissionais que neste atuam e seu próprio papel dentro deste ambiente. Através da coleta de dados realizada pelos meios descritos anteriormente chegamos não só a visão do aluno a respeito da escola, mas podemos desenvolver nossa própria reflexão sobre o ambiente escolar levando em consideração muitos aspectos citados pelos alunos e que, tem sua relevância do ponto de vista jovem, porém por vezes, com o passar dos anos se perdem, visto que, muitos perdem esta visão do jovem a respeito do ser jovem e suas implicações.
Edição do documentário: “Você jovem, é levado a sério?” de autoria do professor Giovani Nunes. Vídeo postado no "criar vídeo".
REFERÊNCIAS:
ARROYO, M. Os coletivos diversos repolitizam a formação. In: DINIZ-PEREIRA, J. E.;LEÃO, G. Quando a diversidade interroga a formação docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
BRASIL, PARECER CNE/CEB 11/2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/legislacao/parecer_11_20... Acesso: 30 de agosto de 2014.
PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO, Formação de Professores do Ensino Médio, Etapa I, caderno II. Setor de Educação UFPR, Curitiba, 2013.
PARANÁ. SEED. DEB. Diretrizes Curriculares Orientadoras para a Rede Estadual de Educação do Paraná. (Versão impressa). Curitiba, 2008.
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Comments
O Jovem no Ensino Médio
Através da explanação das professoras sobre " A visão do jovem sobre a escola" achei válida por contemplar o estudante em momentos em eles podem mostrar o que pensam da escola e quais atrativos poderão ser ofertados para que se sintam digamos, atraídos para permanecerem na escola e participarem ativamento daquilo que lhe é proposto.