PACTO PELO ENSINO MÉDIO - ETAPA I - CADERNO III - Colégio Estadual Vereador Francisco Galdino de Lima - Professores Cursistas: Lucimara de Souza, Délia Michelon, José O. Langer, Marinalva Matsuo, Josiane Protti, Jane Donadel, Valdeane E. Bezerra.

O CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO, SEUS SUJEITOS E O DESAFIO DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL.
Ousamos afirmar que quando estamos pensando uma escola com o objetivo de uma formação humana integral para o estudante do Ensino Médio, precisamos contemplar sim as dimensões (trabalho, ciência, tecnologia e cultura), sem nos esquecermos da dimensão socioambiental fundamentada nos direitos humanos,  não nos limitando ao interesse imediato, pragmático e utilitário que visa apenas a formação de mão-de-obra barata. Torna-se necessário garantir tanto no currículo quanto no PPP de cada escola, a implementação efetiva dessas diferentes dimensões, articulando trabalho, ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da emancipação humana, fazendo com que o estudante se sinta co-autor do modelo socioeconômico e do espaço (meio em que vive) produzido coletivamente. 
          As tecnologias que criamos podem ser utilizadas para a transformação do espaço e da sociedade, promovendo a justiça, a solidariedade e a sustentabilidade, ou para manter e aprofundar as desigualdades e demais problemas socioambientais que nos afetam. O desafio está em encontrar mecanismos que possibilitem ao estudante ter clareza da realidade vivida e a partir dela, construir uma “nova realidade socioambiental”. O ensino deve estar voltado a despertar no estudante, a capacidade de perceber que há diferentes maneiras de usar o conhecimento científico e tecnológico, o que interfere diretamente no mundo do trabalho. Deve estar ciente de que com sua participação poderemos construir coletivamente, um sistema socioeconômico que esteja a serviço da sociedade e não do capital. Tudo isso demanda em um planejamento e uma estrutura que contemple recursos físicos, humanos e tecnológicos.
          Vemos o ensino em tempo integral com duração mínima de três (3) anos, para o Ensino Médio do período diurno como a forma de oferta mais conveniente para atingirmos nossos objetivos; Para garantir ao estudante do Ensino Médio Noturno um melhor aproveitamento, pensamos que a grade curricular possa ser alterada para quatro (4) anos com a redução de uma (1) hora por dia, tornando seu cotidiano escolar menos exaustivo e adequado às condições de trabalhador. Componentes curriculares que integram as áreas de conhecimento podem ser trabalhados oferecendo tempos e espaços diferenciados para o estudo. As metodologias devem ser diversificadas, contemplando a interdisciplinaridade, a contextualização e a articulação dos diferentes conhecimentos, promovendo a melhoria da qualidade do jovem na escola, através de recursos tecnológicos nas áreas de informação e comunicação.
          Outro desafio diz respeito à formação dos professores que passou de quatro (4) anos para três (3) anos, além do que as disciplinas de didática e metodologia deixam muito a desejar. O novo professor chega à escola sem saber, precisamente qual é a sua função, como ensinar e que público terá. O preparo dos professores muitas vezes não acompanha a evolução dos avanços tecnológicos e das transformações sociais, havendo um descompasso entre as duas realidades. Mesmo os profissionais docentes que já atuam há mais tempo, precisam de uma formação continuada mais incisiva, para evitar a dicotomia entre o “mundo do trabalho e dos negócios” e o “mundo escolar”, permitindo-lhes acompanhar as mudanças que ocorrem em um ritmo cada vez mais acelerado na sociedade. Deve existir uma relação intrínseca entre o que se ensina (escola) e o cotidiano (vida), haja vista, não podemos dissociar as duas, pois caso isso ocorra não se promoverá uma aprendizagem significativa. Quando a escola não se insere no cotidiano do estudante ela torna-se inócua na mediação do professor frente ao currículo posto e a vida em sociedade.
          A formação da autonomia intelectual e moral como fruto de um processo coletivo do qual participam vários atores, como: família, escola e sociedade. O acesso aos conhecimentos teóricos, através da leitura, filmes, palestras, tanto no âmbito escolar. Através de debates e discussões estimulando a capacidade de raciocínio e argumentação, necessários para que possam expressar-se corretamente através da linguagem falada e escrita. A interpretação de mapas, gráficos e imagens também constituem formas de  linguagem que os alunos são estimulados a dominar.
Nas  apresentações de trabalhos em grupo onde os resultados de todos dependem da participação de cada um, vamos além de uma simples dinâmica de aprendizagem ou forma de avaliação. Tem a finalidade de desenvolver o espírito responsabilidade de cada um para com a coletividade.  Os alunos devem perceber que tal qual nos trabalhos em grupo, no “mundo do trabalho” e na vida em sociedade as ações individuais também refletem no coletivo e que juntos serão mais fortes do que individualmente.
Quando os estudantes conseguem entender que a organização da sociedade e do espaço geográfico começa pela organização da sala de aula e da escola, onde o respeito aos direitos dos outros se torna necessário para garantir o respeito aos “meus direitos”, estarão cientes da interdependência que há no relacionamento das pessoas entre si e de cada uma delas com os diferentes elementos do meio em que vivem. 
Estes conhecimentos se converterão em saber e entenderão que todas as ações atingem a tudo e a todos. Quando  perceberem que não basta apenas conhecimento mas que é necessário usá-lo para o bem de todos, estarão conquistando sua autonomia a intelectual e moral.

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imagem de Josefa Sanches Navarro

COL. EST. VEREADOR FCO. GALDINO DE LIMA. ETAPA I.CADERNO IV

ÁREAS DO CONHEC IMENTO E INTEGRAÇÃO CURRICULAR

Um Currículo Integrado no Ensino Médio é um direito de todo brasileiro para formação humana integral, vem de encontro com o objetivo maior da educação, na formação de cidadãos. A ideia de um saber unitário que pudesse dar conta de explicar a existência humana vem desde a pré-história, quando o mito proporcionava o entendimento das “coisas” do mundo. Com o desenvolvimento da ciência e a especialização, novos campos surgiram com objetos de estudo definidos com suas especificidades. As organizações do sistema em disciplinas escolares, de formas isoladas e desprendidas da realidade dificultam a compreensão. Assim a interdisciplinaridade torna-se necessária, utilizando-se da contextualização para transposição didática na espontaneidade e no cotidiano. O ensino integrado requer uma relação com o contexto social nas dimensões do Trabalho, da Ciência, da Tecnologia e da Cultura, como eixo integrador entre os conhecimentos e na prática para uma transformação social. As dimensões de trabalho, ciência e tecnologia aparecem quando o material usado na transformação de elementos da natureza para se chegar a esses produtos e a tecnologia empregados, se é que podemos assim dizer, para chegar à constituição/invenção de um produto além do efeito produzido por cada uma dessas substâncias em sua arte. A aplicação da tecnologia em nosso trabalho na atualidade, apresenta vantagens e desvantagens; a importância e o diferencial do trabalho humano (manual) nas artes e a atuação do homem na natureza, suas consequências e possibilidades de reversão do processo de destruição com o objetivo de preservar a vida no planeta.

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