Desde o início de sua existência o Ensino Médio brasileiro explicita as contradições e a dualidade exposta nesta modalidade, tendo escolas voltadas ao fazer e outras ao pensar. A superação desta dualidade talvez seja um dos mais importantes e urgentes desafios a serem superados. Mas para que isto se efetive é necessário superarmos outros desafios.
Os investimentos nesta etapa devem ser ampliados, garantindo de fato universalização de acesso e permanência, qualidade pedagógica e estrutural para o Ensino Médio.
Temos hoje uma elevada taxa de abandono nesta etapa, além de muitos adolescentes que ainda encontram-se no ensino fundamental e um grande percentual fora dos bancos escolares. As razões para isso são as elevadas taxas de alunos fora da faixa etária, seja em decorrência de reprovações seja por entrada tardia no sistema de ensino. As razões do abandono, em nossa escola, normalmente relacionam-se com questões de sobrevivência, adolescentes e jovens que deixam a escola para trabalhar e ou pela falta de interesse e objetivos pessoais relacionados aos estudos e a escola, e mesmo apoio e incentivo familiar. Com relação à evasão devido à necessidade de trabalhar, seria interessante escolas subvencionadas com possibilidade de bolsas para alunos que necessitam trabalhar, atrelando rendimento escolar e frequência ao direito de receber a bolsa.
A questão da qualidade pedagógica passa pela via da formação profissional, inicial e continuada. Esta formação deve ser garantida pelas políticas educacionais das diversas instâncias (federal, estadual e municipal), porém de forma articulada e integrada. Para esse processo de formação se faz necessário ao professor fazer uma reflexão sobre seu papel de educador e suas metodologias de ensino. Reflexão também, sobre as necessidades de revisão do currículo, afim de que este faça uma relação mais direta com a realidade concreta. Não defendemos aqui o esvaziamento curricular, mas sim, a adoção de metodologias mais dinâmicas, que favoreçam a permanência do aluno na escola.
A escola e o sistema de ensino devem ser amparados no que tange a infraestrutura para o bom funcionamento. Neste aspecto, cabe lembrar que não apenas a escola deve ser equipada, mas também outros segmentos como: saúde, transporte, saneamento, segurança.
Entendemos que a superação de tais desafios se torna urgente para atingir os objetivos de formação humana integral, que supere a dualidade ainda existente no ensino médio. Não basta a promulgação de leis e decretos, é preciso garantir a formação dos profissionais da educação para que a política educacional se concretize de fato. Promovendo aos alunos uma educação integrada, de qualidade e unitária, que lhes proporcione instrumentos para compreender a realidade e poder atuar.
Autores: Professores/cursistas Col. Est. Pe. Silvestre Kandora.
