No estado do Paraná, com a implementação das DCEs, buscou-se superar o modelo de organização curricular que vigorou na década de 1990, mais especificamente com a publicação dos PCNs, os quais esvaziaram os conteúdos curriculares e deram destaque aos chamados “Temas Transversais”.
Nas DCEs os conteúdos relativos as diversidade étnico-cultural (História e Cultura-Afro, Gênero e Diversidade) e aos problemas contemporâneos (Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, Enfrentamento a Violência, Educação Ambiental, entre outros) são conteúdos que devem ser abordados pelas disciplinas afins, de forma contextualizada, articulada com o objeto de estudo da disciplina.
Além desta articulação com temas mais amplos, as DCEs destacam a importância do trabalho interdisciplinar, ou seja, da relação com as demais disciplinas ou áreas do conhecimento. É possível estabelecer as relações entre os conteúdos estruturantes/básicos de diferentes disciplinas sem perder a essência da disciplina. A interdisciplinaridade busca a compreensão do conteúdo em sua totalidade, pois o conhecimento não é fragmentado.
Segundo as DCEs (pag. 27) “as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento”.
Quando trabalhamos de forma isolada corremos o risco de ficarmos engessados e não possibilitamos a compreensão da totalidade, da realidade. “As disciplinas escolares, quando consideradas apenas como acervos de conteúdos de ensino, isoladas e desprendidas da realidade concreta da qual esses conceitos se originaram, não permitem que o processo de ensino e aprendizagem redunde efetivamente na compreensão da realidade pelo educando (Caderno MEC, pag. 14)”.
A organização curricular a partir das áreas do conhecimento, proposta pelas DCNs, pretende superar a fragmentação que ocorre hoje nas salas de aula. Pretendem integrar os campos do saber, ampliando o diálogo entre os professores e entre os conteúdos das diferentes disciplinas. A organização do currículo em áreas do conhecimento não implica em anular o conhecimento específico de cada disciplina, mas em contextualizar o saber nas diferentes áreas. Em outras palavras, o objeto de estudo de cada disciplina fica garantido, porém, a discussão em torno dos conteúdos é ampliada levando em consideração as diferentes dimensões que podem ser abordadas.