Uma vez li uma frase – com certeza de algum autor famoso – que dizia algo assim como a vida está feita da mesma matéria dos sonhos. Eu digo que a vida pode perfeitamente estar feita da mesma matéria dos filmes.
Contar um filme é como contar um sonho.
Contar a vida é como contar um sonho ou contar um filme
(Do livro, A contadora de filmes, Hernán Rivera Letelier, Cosaqnaify, 2013).
O que é o cinema? Como se constrói um ponto de vista? Quais as diferentes pontes entre cinema e educação? Estas foram algumas questões que envolveram a 1ª oficina de Cinema e Educação do projeto Olhares EMDiálogo na UFSCar. Foram 5 encontros que contaram com a participação de professores da rede de escolas públicas de Sorocaba, Votorantim e região, gestores da Diretoria de Ensino e da Secretaria de Educação de Votorantim, estudantes de graduação e pós graduação da UFSCar. Essa diversidade de atores contribui para enriquecer o debate e favoreceu várias trocas. A oficina foi ministrada pelo cineastra Bruno Lotelli com apoio da equipe do projeto Olhares EMDiálogo.
O ponto de partida da oficina foi a concepção de cinema de cada um dos integrantes do grupo, buscando trazer à tona as experiências e emoções de cada um com o cinema. Um olhar sobre a história dessa arte, a partir da fruição de filmes clássicos do século XX, também esteve em foco, possibilitando um trabalho com a leitura da imagem, e os recursos do cinema em cada época. O grupo também teve a chance de produzir um curta de um minuto (Minuto Lumiére), o que colaborou para discussão do uso dos recursos tecnológicos e a a questão da intencionalidade do filme. do que se deseja filmar, e o que realmente filmamos. A oficina “Mminuto Lumiere” se inspira nas produções dos irmãos Lumiere que nos primeiros anos do cinema, utilizando os recursos disponíveis, buscavam realizar filmes de 57 segundos, tempo máximo de gravação de um plano com a tecnologia da época, com uma câmera fixada em um tripé fixo. Em um primeiro momento, realizamos uma atividade sem a câmera, onde em duplas, uma pessoa faria o papel de câmera e outro de cinegrafista, como câmera o participante deveria ficar com os olhos fechados, o cinegrafista iria direcioná-lo pelo espaço a fim de encontrar um ponto em que tenha interesse em registrar, assim pediria para que o colega abrisse os olhos. Realizamos esta ação por pelo menos três vezes, trocando as funções. Após o término da oficina, descobrimos que nem sempre a intencionalidade do cinegrafista é a mesma quando da captação das imagens, trazendo à tona a discussão do ponto de vista e da intencionalidade da imagem. Enquadramento, iluminação e montagem também estiveram na pauta.
De forma descontraída, leve e prática a oficina de Cinema e Produção de vídeo também focou na discussão da relação entre educação e cinema. As técnicas cinematográficas possuem informações que necessitam um olhar atento, e o próprio ato de produzir cinema, pode ser entendido como uma ação educativa. Relações de poder, leituras de mundo, reprodução e criação ficam evidentes, tornando o cinema uma linguagem fundamental nas atividades educativas na escola e também fora dela.
Comments
Oficina Cinema e Educação
Foi valioso para mim, ter participado dessa oficina. As abordagens feitas me trouxeram reflexões que, com certeza, trarão mudanças em minha prática como professora.
O Bruno, com a equipe, utilizou uma sequência metodológica bem interessante, em pouco tempo foi possível ter uma dimensão do conceito, da evolução e de aspectos relacionados a práticaa na escola.
Oficina Cinema E Educação
Nossa Patrícia desculpe a demora para responder seu post. Realmente até mesmo para mim que já havia feito a mesma oficina, pude compreender de forma diferente. Acredito que a oficina pode mostrar as potencialidades de se utilizar as técnicas do cinema, não só para compreender melhor a sala de aula, mas também a vida como um todo. De que ponto de vista encaramos a vida? O que colocamos no quadro e o que deixamos de fora?