Obra completa de Machado de Assis

O projeto de edição das obras de Machado de Assis em formato digital foi pensado, primeiramente, como parte das atividades que marcam o centenário da morte do autor, além de responder à necessidade de ampliar o acesso a sua obra, aos estudantes dos diferentes níveis e ao público leitor em geral. La e possivel consultar através do género em pesquisa cronológica.

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imagem de dalva ribeiro vieira

Machado de Assis

Machado de Assis é um dos meus escritores favoritos. Tenho verdadeira paixão pelo livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas. O que mais impressiona nesse livro é o foco-narrativo, um narrador protagonista irônico, que nos convida o tempo todo a participar da história e que, em certos momentos, até debocha de nós leitores. Quando se assiste ao filme,  com Reginaldo Faria no papel desse personagem irônico, tal característica fica ainda mais visível. O enredo não é o que mais chama a atenção nessa obra, na minha opinião, é claro! Para mim, a construção do personagem como carácter é o mais interessante: as personagens esféricas que nos deixam na dúvida a respeito de como elas verdadeiramente são. Para mim, Machado é um mestre e eu profunda admiradora da sua arte. Fiquei feliz em saber que seus textos estão agora disponíveis em versão digital. Que bom. É um ganho para aqueles que gostam de ler, mas não podem comprar livros, uma vez que eles ainda são caros se se relacionar seus valores com os salários da classe baixa brasileira.

Mas, hoje, gostaria de falar mais especificamente sobre a crítica literária desse mesmo autor "O passado, o presente e o futuro da Literatura, encontrada no site http://machado.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=category&id=34&Itemid=123. Nessa crítica, o autor reflete um pouco sobre a realção entre a Literatura e a política e questiona sobre o papel dos intelectuais brasileiros depois da proclamação da indenpendência do país. Segundo, ele a literatura braisleira também era dependente dos europeus e, uma vez que o país tornara se independente, era necessário mudar essa situação.

Antônio Cândido também discutia essa questão e afirmava, inclusive, que a literatura brasileira era um galho da literatura de Portugal, um simulacro. Não haveria uma produção genuinamente brasileira, já que, aqui, se imitava o que era feito em Portugal. Ele tenta estabelecer um momento em que se começou a produzir uma literatura com características mais brasileiras. Não há consenso sobre isso. Alguns estudiosos acreditam que, já no Romantismo,  José de Alencar, ao retrarar a cultura indígena tenha dado início a esse processo. Outros dizem que não, pois nas obras desse autor, o ufanismo exarcebado comprometeu um verdadeiro olhar para as questões locais. É maior, porém, a porcentagem daqueles que acreditam que a produção de uma literatura com características brasileiras começou a ser feita apenas a partir da Semana da Arte Moderna.

Siliviano santiago, porém, acrescenta a tal discussão uma característica importante. Em seu texto " O entre lugar do discurso latino americano" presente no livro " Uma literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural"https://www.google.com.br/#q=entre-lugar+silviano+santiago ele nos convida a  refletir sobre o papel do escritor latino americano. De acordo com ele, não se pode negar o valor da cultura europeia e de nehuma outra cultura e não há nenhum problema em nos aproximarmos das obras produzidas em outros países. Pelo contrário, ele diz, inclusive, que devemos mesmo é degluti-las: "Nada mais original, nada mais intrínseco a si do que se alimentar dos outros. É preciso, porém, digeri-los. O leão é feito de carneiro assimilado".  Nesse sentido, não se faria uma simples cópia, imitação do que já está escrito.  O papel do escritor seria o de apreender o sentido daquilo que já está produzido para produzir um contra-discurso, um discurso contra-hegemônico: " Falar , escrever significa: falar contra, escrever contra.  (...)  É preciso que  aprenda  primeiro falar a língua da metrópole para melhor  combatê-la em seguida".

 

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