O que queremos com a escola?

 

Por conta de um convite que me foi feito, estava eu, numa quarta-feira de julho de 2007, em São Pedro do Sul (RS), na companhia de não menos do que 250 professores da rede pública de ensino daquele município, para um curso de formação docente. Uma das “peças” que escolhi para o meu encontro com os docentes foi esse diálogo entre Paulo Freire e Seymourt Papert  http://migre.me/fEc8f, que julgo insuperável e que, não tenham dúvida, permanecerá atual ainda durante muito tempo (sobre Papert, http://migre.me/fEc2j). Não farei comentários a detalhes vitais que surgem neste belíssimo diálogo. Vejam e ouçam por vocês mesmos. A disponibilidade, aí, da transcrição do diálogo junto com o vídeo, objetiva, justamente, não perder cada nuance conceitual de Freire e Papert.
Todas as discussões que seguiremos tendo sobre escola e educação, invariavelmente, serão sempre tocadas pelo grande pano de fundo que é este diálogo; o essencial não escapa a esses dois grandes educadores, e do que estão falando é de “princípios”, “fundamentos”, sem o que fica sem resposta a pergunta: o que queremos com a escola? Quando Papert diz que há um trauma no fato do indivíduo ter de parar de aprender e aceitar ser ensinado, ele está tocando numa das feridas da grande dúvida, que de forma comum e grave nos passa despercebida, sobre os princípios da educação e da escola. A escola quer reduzir desigualdades? (Para Freire, sobretudo, sim, pois que o significado de toda sua análise da escola e da educação é histórico-política). Mas que destino traçam os princípios que tomamos ou não, entendemos ou não, como fundamento para responder à pergunta “o que queremos com a escola?” Noutro instante, aqui, na nossa rede de comunidades do EMDiálogo, voltaremos para tocar em pontos tão delicados como a igualdade versus desigualdade ou o embrutecimento versus a emancipação, no âmbito da escola, como pontos de partida, indispensáveis, a toda reflexão. Por ora, que fique muito claro que o caminho que tomamos nestas discussões, seguindo o que há de mais convergente entre Freire e Papert, é o de nos distanciarmos cada vez mais das questões sobre o caráter instrumentalizador da escola (aprendizado para os exames seletivos e à competição do mercado de trabalho) e nos aproximarmos dos problemas sobre seu caráter formador, no sentido de uma formação integral do indivíduo.        
 

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Comments

imagem de Elisabete Trentin

O que queremos com a escola?

Muito interessante a afirmação: "...o indivíduo ter de parar de aprender e aceitar ser ensinado". No âmbito da escola, isso daria um bom desafio para ser posto em prática. Pra começar, deveria ser pensado coletivamente... cada indivíduo ligado à escola, não somente os alunos e professores, mas também pais e pessoas do bairro próximas deveriam estar bem cientes da função e da identidade da escola - a qual está ajudando a formar seus filhos. Se fossem realmente participativos, dariam sua contribuição no ensinar e também aceitariam ser ensinados, por necessidade disso. Como o mundo evolui constantemente, todos nós temos algo a aprender durante a vida toda. Fechar-se para o aprendizado é a pior coisa que alguém pode fazer por si mesmo e pelos outros. No entanto o problema continua... como superar a dificuldade que a escola enfrenta (sozinha) de cumprir a árdua tarefa de formar indivíduos?  Penso que a Escola vai levando como pode, pois "é melhor assim do que fechar as portas".

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