O PERFIL SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICO DO ENSINO MÉDIO NO COLÉGIO ESTADUAL MORADIAS MONTEIRO LOBATO (Tatuquara/Curitiba).

1. Introdução:
Estudos apontam que, no Brasil, não podemos falar de um ensino médio, mas em “ensinos médios”, afinal esta etapa de ensino não é igualitária, nem universal, apresentando características diferentes de acordo com a realidade de cada região do país. Há o ensino médio regular diurno, regular noturno, profissional, particular, integrado, EJA, e cada qual resguarda suas especificidades; sem contar a questão da infraestrutura, de acesso ao conhecimento que são diferentes em cada região.    Desse modo, em que pesem pesquisas que buscam compreender o ensino médio brasileiro, se faz necessários que os educadores conheçam e investiguem a realidade própria dos seus educandos. A partir disso, e seguindo a sugestão da “reflexão e ação” (p. 31) do Caderno I do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, elaboramos um instrumento de pesquisa com 25 questões para ser aplicado aos alunos do Ensino Médio do nosso Colégio, objetivando verificar o perfil social, cultural e econômico dos nossos alunos.         O Colégio Estadual Moradias Monteiro Lobato situa-se no bairro do Tatuquara, na região sul de Curitiba. Trata-se de uma região muito povoada, tanto assim que a nossa escola tem 4 turnos de estudos, e o Ensino Médio funciona somente no período noturno, das 19:00 às 22:40 horas.      

   
2. A pesquisa:
Os professores participantes do PACTO organizaram coletivamente um instrumento de pesquisa para conhecer o perfil do aluno do Ensino Médio. Para tal, elaboramos 25 questões que contemplava os seguintes aspectos: idade, estado civil, cor, a religião, a escolaridade dos pais, o mundo do trabalho, a renda mensal da família, o lazer, o acesso às tecnologias, a cultura e o estudo.       Feito isso, a próxima etapa foi à aplicação com os alunos. Todavia, deve-se destacar que realizamos uma amostragem, metade dos alunos responderam as perguntas, num número de 100 alunos. O instrumento de pesquisa foi aplicado no dia 30 de julho de 2014.

 

3. Os resultados:
A etapa seguinte do trabalho foi à tabulação das respostas, transformando-as em gráficos, com a finalidade de expor, para que os alunos e a comunidade escolar conheçam o perfil dos educandos na nossa escola.       Deve-se destacar, no entanto, que muitos alunos não responderam algumas questões, e outras opções foram assinalados em mais de uma resposta. Portanto, por conta disso, o resultado não ficou exato, o que, a nosso ver, não compromete a relevância da mesma.           A pesquisa revelou que a maior parte dos nossos alunos têm entre 14 e 19 anos, com um equilíbrio entre meninos e meninas.   Consideram-se branco, seguido por indígenas e negros. A maioria esmagadora é solteiro, apenas 3 casados. Ademais, a grande maioria mora com os pais, e apresenta uma família numerosa, morando com 3 ou 4 pessoas, ou até mais de 5 pessoas.         Sobre a renda familiar, a maioria respondeu que a família ganha de 3 a 4 salários mínimos. No entanto, 13 alunos disseram que a família só recebe até 1 salario mínimo. No contraponto disso, 13 alunos afirmaram que a família ganha mais de 5 salários mínimos.            Em relação ao nível de estudos de seus pais, a pesquisa demonstrou que tanto os pais como as mães, em sua maioria, estudaram até o ensino médio, antigo 2º Grau. Apenas 2 pais e 2 mães não estudaram. Outro dado interessante é que o número de mães com ensino superior é muito maior do que o de pais, 14 contra 2, corroborando com os dados do IBGE 2010 que apontam que as mulheres estudam mais que os homens.   Quanto ao trabalho, à pesquisa mostrou que 50% trabalha e 50% só estuda. A maioria começou a trabalhar por volta dos 14, 15 anos de idade. Os que trabalham responderam que o trabalho não atrapalha os estudos, outros ainda disseram que trabalhar e estudar ao mesmo tempo foi positivo, proporcionando um crescimento pessoal.            Outro aspecto positivo observado com a pesquisa é que os alunos em sua maioria querem continuar os estudos, almejando fazer faculdade ou cursos técnicos, apenas 3 afirmaram querer parar de estudar quando concluírem o ensino médio.   Uma maioria significativa possui computador, com acesso a internet o tempo todo. O que eles mais fazem na internet é interagir nas redes sociais, seguidos por fazer pesquisas e jogar. Estes dados vão ao encontro das pesquisas da área da educação que mostram a urgência de inserir as tecnologias como uma ferramenta de ensino.    A pesquisa vislumbrou ainda que a TV não é a mais a única detentora de lazer e diversão dos jovens, 22% disseram não assistir TV, no entanto, maioria ainda assiste de 1 a 2 horas de TV por dia, sendo os filmes e programas de variedades seus preferidos. Por outro lado, muitos poucos assistem jornais. Outro dado interessante é que 60% deles possuem TV a cabo.           A maioria esmagadora afirma não frequentar museus. A leitura também não é rotina para grande parte deles, apenas 14% afirmaram ler frequentemente.    No que diz respeito à religião, a maioria se diz evangélica, seguida por católicos e 5 % se declaram ateus.           Para finalizar, 90% dos alunos afirmaram que o estudo é importante, sendo que somente 13% acham que o ensino médio não prepara em nenhum aspecto; 36% acham que prepara para o vestibular; 24% diz que prepara para o mercado de trabalho e 24%  pensa que prepara para vida.           Do exposto, a pesquisa nos surpreendeu positivamente, demostrando que nossos alunos visualizam os estudos como uma possibilidade de crescimento pessoal e profissional, já que a maioria deseja seguir estudando. Nesse sentido, cabe a nós educadores incentivá-los, inspirá-los na busca conhecimento, dando o suporte necessário para que busquem seus caminhos com segurança, clareza e lucidez.

*Referências
- Caderno 1: Formação de Professores do Ensino Médio. Curitiba, UFPR, 2013.