O Ensino Médio e a busca por uma identidade significativa na vida dos alunos
O Ensino Médio e a busca por uma identidade significativa na vida dos alunos
Professores do Curso1
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo sistematizar as discussões do grupo de docentes acerca do caderno 01 do Curso Pacto Para o Fortalecimento do Ensino Médio. Neste primeiro caderno de estudos as reflexões desenvolvidas tiveram como foco traçar uma compreensão histórica da implantação do Ensino Médio, bem como se deu sua apropriação pela sociedade. Procurou-se verificar sua repercussão na atualidade a partir destesmomentos históricos distintos. Ao término do estudo do Caderno 01, o grupo formulou proposições e possíveis ações no intuito de corroborar na universalização do Ensino Médio de qualidade para o Colégio Máximo Atílio Asinelli.
Abstract:
The article has the objective to systematize the discussions of the teachers group about the notebook one of the course “Pacto Para o Fortalecimento do EnsinoMédio” (Pact to strengthen of the high school ). On this first notebook of the studies the reflections developed were focused on tracing a historical conclusion of the deployment of the high school, as well its appropriation by society. The group looked up to verify the repercussion on the present starting from these historical moments. At the end of the study of the notebook one, the group has formulated propositions and possible actions on the intention to confirm the universalization of quality to High School of the Máximo Atílio Asinelli School.
Palavras chaves: Ensino médio, Universalização, Identidade, Conscientização, Formação Integral .
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1 Professores do Curso Pacto Fortalecimento do Ensino Médio Andreia Celiane Cordeiro de Sá, Cristina Carolina Cardoso, Graziela Kraemer Andreoli,Jean Carlo Alves da Silva, João Lauzino de Quadros Barbosa, Juliana Lacerda Zucoloto, Maria Isabel Moutinho Branco, Mauricio Oliveira de Almeida Santos, Nélio Minetto, Osni Latocheski, Patrícia Cunha de Freitas Strozzi, Rosana Rothemberger, Renato Lyznik, Rosmeri do Rocio Martins Cruz, Thais Helena de Campos Cavaletti, Valquiria Viviane Beto de Carvalho.
A preocupação com a etapa escolar - Ensino Médio tem sido motivo de discussões e reflexões nos últimos anos pelo MEC, Secretarias de Estado da Educação, IES , Docentes e pela sociedade civil. A situação que se coloca diz respeito ao significado que esta etapa tem na vida da juventude, em que aspectos os aprendizados por ela tratados são válidos, para quem serve este Ensino Médio, e por que esta etapa da educação básica a cada ano “ perde” alunos.
Costumeiramente houve-se dizer que o aluno precisa chegar ao Ensino Médio, pois o mesmo seria uma ponte para duas alternativas, o trabalho ou o acesso à universidade. Entretanto a realidade tem revelado que para tais expectativas o trabalhointencionado pelas escolas não tem conseguido na inteireza dar conta de ambas situações. Então se pergunta: Para que serve o Ensino Médio?Qual seu valor para a juventude atual? Como os docentes podem interferir positivamente nesta etapa?
Ora, algo que não se está definido, não tem condições plena de se tornar relevante e é esta inconstância que “fragiliza” o Ensino Médio, permitindo que o mesmo perca alunos, configurando a dificuldade em propor uma educação que vise a relação indissociável entre escola/trabalho/juventude. Constata-se então, a indefinição acerca da identidade e o trabalho a ser desenvolvido pelo o Ensino Médio.
Nesta perspectiva, o trabalho de leitura e reflexão do Caderno I sobre a educação no período do Império, da República, anos 30, 50 a 80, revelaram que a educação fazia dois movimentos, o primeiro, a tentativa de se consolidar o Ensino Médio e ao mesmo tempo criava um ensino permeado de sentido dúbio e equivocado socialmente, pois construía duas escolas, uma para o povo e a outra para a elite.
Se hoje, os órgãos oficiais da educação,alçam esforços para desenvolverem políticas de Formação Docente e propor estudos para entender e propor ações que tragam a população juvenil uma escola de qualidade, deve-se considerar as sequelas de nossa história da educação sobre o Ensino Médio As soluções devem ser tratadas e trabalhadas tendo as categorias de tempo e limite como condições de viabilização da escola que queremos eprecisamos. Não é uma tarefa para poucos anos ou para alguns professores. Revela-se a necessidade de um trabalho conjunto entre escola, professores, família e Estado. Destes, a escola como espaço legítimo aonde se dá trabalho com conhecimento, a ressignificação dos conteúdos por meio do trabalho dialogante e reflexivo entre aluno e professor, tem a possibilidade de mudar a escola. Ao dizer possibilidade, acredita-sena capacidade de atuação da escola, bem como os limites. Neste sentido, FREIRE apresenta a seguinte consideração em relação ao poder da escola.
Se a educação não é a chave das transformações sociais, não é também simplesmente reprodutora da ideologia dominante. O que quero dizer é que a educação nem é uma força imbatível a serviço da sociedade, porque assim eu queira, nem tão pouco é a perpetuação do “status quo” porque o dominante o decrete (...) Mas podem ( os professores) demonstrar que é possível mudar (1996,p 113).
A empreitada é árdua e a eficiência está no processo de reflexão e da consciência do compromisso coletivo dos participantes da escola, como esclarece MEDEL ( 2008).
A participação e a construção de uma educação que tenha acara da realidade da escola e a dos sonhos do grupo não é somente resultado de leis que criam novas maneiras de funcionamento de organização da educação. É fruto também do compromisso do grupo com um projeto de sociedade e de educação, além de sua ação concreta no cotidiano, na escola e no contexto das politicas públicas educacionais (2008, p. 98)
Sendo assim, os docentes do Curso PACTO, que estudam realidade educacional tão fascinante quanto complexa, pontuaram como desafios que permanecem para o Ensino Médio na realidade brasileira a dificuldade de universalizar o Ensino Médio, a consolidação de um trabalho escolar significativo à juventude, a desvalorização do trabalho docente, currículosdiferentes, relação de pouca cooperação entre professor, aluno e família, dificuldade do aluno trabalhador conciliar a escola e tempo escasso para o lazer edificante, configuram-se como desafios educacionais a serem enfrentados.
As discussões entre os educadores sobre os temas acima citados refletem a preocupação com o futuro de uma juventude que não encontra mais na escola um lugar de significado real para suas vidas. Para estes jovens a vida fora da escola expressa muito mais “encantos e seduções” o que qualquer outro espaço. O movimento que a vida na atualidade propõe à juventude,exerce um poder quase dominador, porém, mesmo diante desta realidade há a oportunidade de reconhecimento deste movimento, e mudança como afirma FOUCAULT ( 2005, p.214).
A partir do momento em que há uma relação de poder, há uma possibilidade de resistência.Jamais somos aprisionados pelo poder: podemos sempre modificar sua dominação em condições determinadase segundo uma estratégia precisa.
O mundo pós –moderno ( OZMON-2004) há cada dia exigirá mais das pessoas e com esta crescente dificuldade do estado em universalizar o Ensino Médio e da escola em manter os alunos em real condição de aprendizagem, permanência e formação integral, a organização de ações legais vindas do Governo somada as ações valorosas de educadores, apontam para umapossível elevação das condições do Ensino Médio em se tornar aos alunos “ tempo de oportunidades”.
Tempo de oportunidade diz respeito às condições de trabalho escolar que viabilizem a conscientização do aluno em se reconhecer como sujeito de sua história pessoal, sabedor de seu potencial profissional e reconhecimento de sua presença no mundo enquanto cidadão.
Os docentes do Curso PACTO também apontam como necessário a formação integral, a que se propõe as escolas públicas, o registro dos estudos no Projeto Político Pedagógico, reuniões com acomunidade escolar a fim de expressar o entendimento do Colégio acerca da definição e trabalho a ser desenvolvido com os alunos do Ensino Médio e reuniões com os demais docentes para que estes se agreguem às condições que levem ao fortalecimento desta importante etapa na vida escolar da juventude.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. São Paulo: Graal, 2005.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Petrópolis:. Vozes, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 20 ed. São Paulo : Paz e Terra, 1996.
MEDEL, Cássia RavenaMuulin de Assis. Projeto político pedagógico : construção e implementação na escola. Campinas: SP: autores associados, 2008.
MORAES, Maria Cândida. Pensamento eco- sistêmico . Educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis : Vozes, 2004.
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