A intenção de levar a poesia contemporânea para a sala de aula do Ensino Fundamental público brasileiro se dá por alguns fatores. O primeiro deles é o próprio apego pessoal ao gênero. O segundo é possibilidade aguçada que penso que esse momento oferece.
Parto da avaliação de que as vivências virtuais contemporâneas - o fenômeno explosivo das redes sociais - instigam uma preocupação em constituir uma imagem pública de si para o mundo - um perfil, mais simples ou mais complexo, mas construído, elaborado. Assim, a contemporaneidade parece estimular certo apego à subjetividade - à individualide, ao trabalho sobre ela. Isso marca um período em que o sujeito reflete sobre o sujeito . O gênero lírico decerto é aquele em que há mais marcadamente o aprofundamento das questões do sujeito (indivíduo) e de suas relações com o outro (abstração generalizante de mundo ou sociedade). Segundo Anatol Rosenfeld, "[...] A lírica tende a ser a plasmação imediata das vivências intensas de um Eu no seu encontro com o mundo."
A escolha da poesia contemporânea pretende mostrar que a lírica continua sendo exercitada e segue em profunda relação com a vida humana. O poeta escolhido foi Régis Bonvicino, cuja obra sem dúvida é de alta relevância. Dentro da obra bonviciniana, escolhi sua penúltima publicação - Página Orfã. O livro traz poemas fotográficos, inovações expressivas - a recusa à utilização do ponto - e o desdobramento de um olhar socioantropológico do poeta, que explorará figuras sociais, como modelos e mendigos. A intenção aqui é trabalhar tanto com a tônica da crítica, quanto com a da comoção social. Mais informações sobre o poeta em www.regisbonvicino.com.br .
A aplicação se pretende simples, com a utilização de materiais básicos: giz ou caneta, lousa (ou quadro), materiais impressos, num processo em que a) exposição de poemas no quadro - sempre um por cada tempo de aula - e distribuição uma cópia de cada poema para cada aluno, bem como de papéis impressos com imagens que possam auxiliar a condução das discussões sobre o texto - também um para cada aluno; b) leitura em voz alta, realizada pelo professor, seguida de uma leitura em voz baixa realizada individualmente por cada um; c) abertura para comentários exclusivamente dos alunos; d) leitura segmentada - verso a verso, estrofe a estrofe - entrecortada por perguntas e/ou comentários feitos pelo professor; e)anotação coletiva do poema, com o acúmulo levantado pelos alunos; f) nova leitura em voz alta realizada por aluno voluntário ou professor.
Comments
corrigindo
Quarta linha do terceiro parágrafo - a ausência do ponto -
Experimentar é preciso
Os dois itens que você propõe, Estevão, podem ser produtivos, mas pode ser que não:
leitura segmentada - verso a verso, estrofe a estrofe - entrecortada por perguntas e/ou comentários feitos pelo professor; e)anotação coletiva do poema, com o acúmulo levantado pelos alunos.
Vale experimentar e ver o que acontece, pois sua ideia é boa, pertinente.
Experimentar é preciso
Os dois itens que você propõe, Estevão, podem ser produtivos, mas pode ser que não:
leitura segmentada - verso a verso, estrofe a estrofe - entrecortada por perguntas e/ou comentários feitos pelo professor; e)anotação coletiva do poema, com o acúmulo levantado pelos alunos.
Vale experimentar e ver o que acontece, pois sua ideia é boa, pertinente.