É pesado, mas vou levando: jovens de Manaus entre a escola e o trabalho

Title: É pesado, mas vou levando: jovens de Manaus entre a escola e o trabalho
Autor/es/a/as: 
Ano: 
2014
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RESUMO

FALCÃO, Nádia Maciel. É pesado, mas vou levando: jovens de Manaus entre a escola e o trabalho. Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2014. Orientador: Dr. Paulo Cesar Rodrigues Carrano.

O estudo buscou compreender o lugar que os processos de escolarização e inserção laboral ocupam hoje na transição para a vida adulta, tomando como lastro empírico, as experiências de um grupo de jovens de Manaus. Considerando a transição para a vida adulta enquanto processo gradual e multidimensional de ampliação da autonomia e independência por parte dos jovens, este estudo verifica em que medida a escolarização e a inserção no trabalho têm possibilitado ou interditado a vivência da condição juvenil. A abordagem da transição enquanto processo que se realiza por meio de contínuas tentativas dos jovens em combinar autonomia e independência sustenta-se em Singly (2005). Para compreender as atuais modalidades de transição, cuja característica central é a reversibilidade ou os movimentos de idas e vindas por estágios outrora articulados em perspectiva linear, retomam-se as contribuições de Pais (2003; 2005), Casal (1996; 2006), Camarano (2006), dentre outras. Os conceitos de individualização (BECK, 2011), suportes (MARTUCCELI, 2007) e Patrimônio Individual de Disposições (LAHIRE, 2005) contribuíram para entender a relação entre aspectos estruturais e biográficos no dimensionado o ser jovem na atualidade. O processo metodológico contemplou um trabalho empírico de caráter longitudinal, iniciado no ano de 2010 com a aplicação de questionário estruturado a estudantes do primeiro ano do ensino médio de duas escolas públicas de Manaus. A partir disso, definiu-se um grupo de 10 jovens para aplicação de entrevistas, orientadas para a coleta de relatos de vida (BERTAUX, 2005; 2009). Foram realizadas três etapas de entrevistas entre os anos de 2011 a 2013. A abordagem longitudinal permitiu verificar variações em diferentes dimensões da vida dos jovens, que tiveram importantes implicações nos processos de transição. Os resultados apontam que escolarização e trabalho permanecem enquanto dimensões centrais da condição juvenil, sendo reforçadas, tanto no plano normativo, quanto nas relações sociais, como lugares para jovens, porém a desigualdade no acesso a essas esferas coloca os jovens em diferentes posições quanto à possibilidade de nelas encontrar suportes à efetivação de processos de transição mais seguros. Dependendo da escola e da ocupação a que se tem acesso, a própria condição juvenil só é parcialmente considerada. Apesar da aparente homogeneidade entre os jovens da pesquisa, depreendida da similar posição social que ocupam, nuances da ordem moral doméstica, das redes de relações interpessoais e das escolas e ocupações a que têm acesso, produzem especificidades nos modos como a escolarização e o trabalho aproximam ou distanciam o jovem da vida adulta.

Palavras-chave: Juventude; Escola; Trabalho; Transição para a vida adulta.

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imagem de Alana Yara Cristina Barbosa Ribeiro

Manaus e os Jovens

É uma verdade infelizmente que nós como profissionais da educação temos que conhecer e agir para que esse quadro se reverta positivamente e que esses alunos tenham oportunidade também de estudar sem a pressão que muitos tem de trabalhar ao mesmo tempo. Eu também com a ajuda dos meus pais soube equilibrar os dois, porém há muitos casos de jovens que trabalham, estudam e quando chegam em casa tem filhos, casa e outros afazeres para cuidar, muitos vem para Manaus do interior para estudar e moram na casa de outras famílias em troca de serviços domésticos o que torna dificultando muito da vida desse estudante.