Demarcando territórios e construindo uma autoconsciência
Eliane Gomes
Kamila de Mattos Simão
Mônica Corrêia Lima
Wagner da Conceição Moreira
Colégio Estadual Vereador Osny David Fraga
Orientador de estudos: Cássio A. Lombardo
Nas instituições de ensino existe uma imagem já pré-determinada dos jovens dividindo-os em estereótipos, em grupos que possuem quaisquer afinidades - como gosto musical, modo de vestir- esses comportamentos de pré-conceito distanciam os discentes de seus professores. O texto aborda essa realidade das escolas, e propõe uma aproximação de ambos no âmbito escolar, evidenciando a necessidade de conhecer os sujeitos que frequentam o ensino médio.
Observa-seque, atualmente os jovens estão mais suscetíveis ao uso de drogas, bebidas alcoólicas, gravidez precoce, sendo evidente que, em anos atrás,tais acontecimentos também existiam, mas em uma proporção inferior. Também, vale ressaltar que, esses problemas, não são específicos dos jovens, desta maneira não podendo tomar essas situações por um estado de fraqueza apenas deles.
É preciso analisar o que está por traz desses problemas, que vem acarretar jovens ou até mesmo pessoas de um modo geral a participar de atividades ilícitas e comprometer suas vidas em atitudes que divergem de um ideal para indivíduo.
Desse modo, buscou-se conhecer e entender os alunos do Colégio Estadual Vereador Osny David Fraga, do município de Morretes, litoral do Paraná. Primeiramente, sabe-se que boa parte alunos desta instituição trabalha, tanto na lavoura quanto em atividades diversas, portanto, tais jovens trazem uma bagagem de dificuldades no estímulo do estudo - como o cansaço e o tempo escasso- que dificultam o dia-dia em sala de aula. Outros buscam na escola, uma alternativa de vivencia diferente, pois a escola se encontra em uma área rural e de produção agrícola, onde a maioria das famílias dos alunos são agricultores e, esses jovens almejam algo fora deste contexto.
Quanto às particularidades que caracterizam e motivam esses alunos a virem àescola, pode-se dizer que boa parte desses jovens vê a escola como um local para eles se socializarem, onde praticam esportes, batem papo, encontram os amigos, riem e se distraem. Nota-se também que, praticamente todos os alunos acessam as redes sociais e o uso do celular é praticamente unânime, onde amaioria mantém contato uns com outros. Contudo, em uma análise mais íntima, observa-se que existe pouca aproximação integrada de todos os alunos da escola, e ao posicionarem-se em grupos conforme suas afinidades acabam desvalorizando e privando o contato pessoal e direto desses jovens.
Há tambémuma grande diversidade de opiniões, quanto à escolha de religião, gosto musical, cultura, posição econômica, etc. Esses fatores implicam na transformação dos ideais desses alunos, logo cada um busca um foco distinto em suas atividades escolares, como também nas afinidades com as disciplinas e seus professores.
A proposta para essas reflexões do cotidiano das escolas éde tornar de conhecimento dos professores e alunos em aspectos sociais, promovendo a socialização entre eles na construção do conhecimento de mapas sociais dos bairros, nos quais as moradias dos estudantes estão localizadas, que por sua vez são nas proximidades da escola, buscando assim uma abertura entre eles e seus professores, fazendo com que os docentes dessa instituição reflitam sobre as realidades de seus alunos auxiliando-os na metodologia da construção dos mapas sociais.
Por meio do mapeamento social, busca-se a voz e a visibilidade às diversas categorias sociais, como os comerciantes da região, os agricultores, entre outros. Esses grupos populacionais veem na cartografia uma maneira de expor seus processos de territorialização. Em vez de informações técnicas, o mapa social apresenta o cotidiano de uma comunidade. No mapa são colocados localidades, rios, florestas, casas, etc. Mapeiam-se também mobilidades sociais, com base no que é considerado relevante pelas próprias comunidades estudadas.
Portanto, a cartografia social torna evidente a visualização - seu território, suas demandas, suas histórias, suas experiências, suas formas de trabalho, seus modos de existências coletivas - que é impossibilitada pela cartografia oficial.
Ao fazer essa atividade espera-se emergir a autoconsciência, a construção e o desenvolvimento de identidades próprias dos alunos, trabalhando a forma crítica e participativa desses jovens, com a demarcação e caracterização espacial de territórios onde eles e suas famílias estão inseridos, pois a identidade sociocultural das pessoas está, invariavelmente, ligada aos atributos da paisagem.
Para conferir a atividade de construção de mapas sociais, desenvolvida pelos alunos e professores do Colégio Estadual Vereador Osny David Fraga, acesse Colégio Estadual Vereador Osny David Fraga - Mapas Sociais no link: https://www.youtube.com/watch?v=Q1G0O8Q_hEs
Comments
Trabalho muito bem elaborado.
Trabalho muito bem elaborado. Parabéns