Caderno II - Os Jovens como Sujeitos do Ensino Médio
A escola é vista pelos jovens como uma obrigação para a conquista de um diploma, tão valorizado na sociedade contemporânea. O Conselho Nacional de Educação (2011) fundamenta a necessidade de garantir, como propõe o artigo III, ou seja, “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”, e também o artigo VII, “o reconhecimento e aceitação da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produção, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes”. Partindo desses fundamentos, os jovens são conclamados a emitir opiniões, interferir e até, tomar decisões.
Partindo dessas premissas, a escola deve procurar oferecer aos jovens uma formação humanística a fim de participarem criticamente da sociedade, para que não sejam alienados em relação à cultura de massa que assola os meios de comunicação e possam elaborar seus projetos de vida com autonomia e liberdade em suas escolhas.
A juventude tem suas representações, com diferentes construções históricas e sociais e vivências individuais inseridas em um contexto próprio, quase sempre ligados às redes sociais, as quais estão lhes retirando a identidade, tornando-os imitadores de comportamentos. Essas interferências vêm acompanhadas pelas transformações psicológicas e biológicas, as quais interferem em sua interação social e na formação de valores que os direcionem na vida.
Como educadores, temos que procurar entender os conflitos da juventude, tão influenciada e tão influenciável, quando não há quem lhes imponha limites. Isso está sendo função da escola, uma vez que a desestruturação familiar que nossa sociedade apresenta, vem trazendo ao ambiente escolar, jovens cada vez mais rebeldes e indisciplinados.
Em nosso país grande parte dos jovens trabalham e estudam, sendo que na maioria das vezes é por necessidade de ajudar a família e promover o sustento. Para estes jovens o grande desafio é a garantia da própria sobrevivência e a troca dos estudos pelo trabalho é algo primordial, pois veem na busca da gratificação imediata a solução de suas necessidades e apenas vislumbram um possível projeto de vida.
Dessa forma, para a minoria dos jovens, a juventude é um tempo de preparação com cursos, estágios e formação, e para a maioria o trabalho é fonte de sobrevivência e geração de renda. Muitos deles encontram no trabalho sua independência financeira, espaço de socialização e construção de valores e identidade.
Além disso, a experiência participativa também é importante por permitir a vivência de valores, como os da solidariedade e da democracia e o aprendizado da alteridade. Ou seja, a experiência participativa é, por sua própria natureza uma experiência educativa e formativa.
A cultura escolar existente hoje advém de uma ideia de instituição escolar e de uma noção de aluno construídos socialmente ao longo da história que possui seus tempos, espaços, métodos e currículos que hoje parecem naturais e que possuem uma dimensão educativa e formativa de participação, que se bem engajada, pode tornar a relação dos jovens com a escola e sua formação um grande êxito.
Apesar das mazelas que a educação vem sofrendo muitos jovens alimentam expectativas de ser ela a grande contribuinte para as suas vidas, mesmo quando desferem críticas quanto a sua organização e estrutura, e quando os escutamos fica claro que tais considerações são plausíveis, coerentes e significativas e apontam caminhos para a superação de muitos problemas que as escolas enfrentam.
Assim, vemos que o sentido de estar na escola envolve também o desejo desses jovens de estarem inseridos num espaço que possa lhes proporcionar contatos sociais com outros sujeitos que compartilham dos mesmos anseios; ou ainda um espaço em que estes se sintam valorizados socialmente. A escola ainda é vista pela maioria de nossos jovens como uma instituição central da vida. É nela que eles buscam encontrar seus territórios, fazer amigos, compartilhar experiências, valores e projetar sonhos e projetos de vida.
Neste estudo percebemos que a escola não leva em conta que o conhecimento se constrói pelos indivíduos no seu coletivo social no tempo e espaço, onde se articulam as relações sociais. Esta escola também ignora que a construção do saber passa pela relação educação e vida e instrução e cultura, o estudante perde a visão de que sua construção social e cultural passa, também, por seu acesso ao saber sistematizado e acumulado ao longo do processo histórico de construção da humanidade e que é repassado no espaço escolar.
Ressaltamos a necessidade de que a escola corresponda às expectativas, às esperanças e aos sonhos dos jovens que a procuram. Nesse sentido, é fundamental que a escola e seus profissionais conheçam a realidade do público que a frequenta. É preciso considerar que a vida escolar deve exigir um conhecimento mais denso dos sujeitos que ali estão, que ultrapasse os limites de sua vida na instituição.
Trata-se, desse modo, de aprofundar o conhecimento sobre as formas e estilos de vida experimentados por estes em suas várias práticas, de modo a compreendê-los e, ao mesmo tempo, de produzir novas referências que retomem em chave democrática a ação socializadora da escola, na especificidade de seus saberes e práticas.
Portanto cabe a escola, como um dos espaços de vivência e socialização dos jovens, entender como estes jovens constroem e dão significados ao estudo e a formação para então intervir, orientar, significar e ressignificar a importância de uma boa educação voltada na formação plena de cada sujeito. Conhecer o aluno não basta para efetuar uma educação de qualidade, faz-se necessário, também, tornar o aluno ativo, participativo no processo de sua formação.
Professores Cursistas:
Alda Maria da Silva Della Rosa
Bárbara Gerusa Hermann
Carla Mariza Heck
Cleusa Piovesan
Dirceu Alchieri
Diva Celésia Gallas Mallmann
Iliani Hermann
Ivete Ronssoni Giacomelli
Jair Dilceu Weich
Katiane Beatriz Riediger
Lucilene Valoá de Souza
Marcos Antonio Gallas
Maria Rosa Kovaleski Piva
Neivor Kessler
Neusa Lisnei Gais
Rozimari Kempa Batistella
Salete Cavasini
Silvana Defendi Piva
Silvane Schuller
Zaida Teresinha Parabocz
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Comments
Jovem e o ensino
Segundo, o paragráfo: "Como educadores, temos que procurar entender os conflitos da juventude, tão influenciada e tão influenciável, quando não há quem lhes imponha limites. Isso está sendo função da escola, uma vez que a desestruturação familiar que nossa sociedade apresenta, vem trazendo ao ambiente escolar, jovens cada vez mais rebeldes e indisciplinados " é fundamental o educador conhecer seu aluno profundamente. E como faremos ? Utilizando suas aulas com contextualizações para o cotidiano do aluno.
A cultura e a maneira que este aluno se relaciona com o mundo é primordial para o seu ensino-aprendizagem.
Jovem e o ensino
Segundo, o paragráfo: "Como educadores, temos que procurar entender os conflitos da juventude, tão influenciada e tão influenciável, quando não há quem lhes imponha limites. Isso está sendo função da escola, uma vez que a desestruturação familiar que nossa sociedade apresenta, vem trazendo ao ambiente escolar, jovens cada vez mais rebeldes e indisciplinados " é fundamental o educador conhecer seu aluno profundamente. E como faremos ? Utilizando suas aulas com contextualizações para o cotidiano do aluno.
A cultura e a maneira que este aluno se relaciona com o mundo é primordial para o seu ensino-aprendizagem.
Desafio do Ensino
O acesso ao Ensino Médio no Brasil não é universal e nem igualitário. Nossos jovens estão desistindo, abandonando a escola, assim é urgente pensar um sistema educacional que possibilite acesso, permanência e sucesso escolar a esses jovens. Para isso é fundamental garantir uma base igualitária a todos. Uma formação que incorpore aspectos científicos, tecnológicos e culturais. O desafio é um ensino voltado à formação humana integral, que revele competência técnica e compromisso ético
Avançar
A escola precisa avançar no sentido de, além de reconhecer as juventudes, também considerá-las. Não estamos preparados e nem temos condições estruturais para atender de forma efetiva essa variedade de pensamentos, culturas, histórias, contextos... Precisamos de uma concepção de escola, de juventude muito mais ampla. Não podemos nos ater na procura de culpados por uma educação que não funciona. Nossos esforços precisam ser no sentido de conhecer o jovem que esta em nossa escola, estimulá-lo à participação.
Identidade dos sujeitos do ensino médio
Identidade dos sujeitos do ensino médio
A escola precisa executar ações em todos os setores do ambiente escolar afim, de se aproximar das “características” e promover as necessidades e direitos dos nossos alunos.
Uma das mais importantes tarefas das instituições hoje esta em contribuir para que os jovens possam realizar escolhas conscientes sobre suas trajetórias pessoais e constituir os seus próprios acervos de valores e conhecimentos não mais impostos como heranças familiares ou institucionais.
Compreender o “ser jovem” no contexto das transformações sociais contemporâneas e da multiplicidade de caminhos existentes para a vivência do tempo de juventude. Há muitos modos de vivência e as nossas representações sobre os jovens interferem em nossos relacionamentos com eles e elas. Podemos, e devemos, para que a relação educativa faça sentido, nos aproximar, ainda que de forma parcial, da compreensão do que é viver a juventude atualmente. Os jovens precisam ser percebidos como sujeitos de direitos e de cultura e não apenas como “objetos” de nossas intenções educativas.
Cria ações que promova oportunidades para a mediação cultural entre os diferentes mundos vividos pelos jovens estudantes.
Estar atento para os grupos de identidade com os quais se identificam ou dos quais fazem parte ativamente torna-se condição para o entendimento dos sentidos dos modos de agir dos educandos de um modo geral. É muito importante estimular os nossos alunos a capacidade de projetar e acreditar nos seus sonhos e desejos e também contribuir para que desenvolvam as capacidades para realiza-los e assim conseguir ser alguém na vida no futuro, ou seja, conquistar seu lugar na sociedade na qual estão inseridos. Nós professores devemos proporcionar chances para que os estudantes falem de si e de seus projetos.
A escola deve refletir sobre o seu papel diante do jovem e do mundo do trabalho, tendo em vista que o ensino médio é a etapa final da escolarização básica, devendo proporcionar uma formação geral para a vida, articulando ciência, trabalho e cultura. E criar estratégias ou aprofundar as que já existem, de forma a proporcionar uma boa e equilibrada relação entre escola e trabalho.
Referência: Caderno II MEC