A avaliação no contexto escolar

A Avaliação no contexto escolar
 
Quanto à avaliação da aprendizagem temos como condição indispensável , pois ela se caracteriza pelo seu caráter educativo, isto é, se manifesta por ser um processo de análise do percurso do aluno e do professor no sentido de identificar as dificuldades e potencialidades.
Diversos instrumentos podem ajudar a melhor desenvolver esse percurso, entre eles o PPP, o PPC e o plano de ensino, os quais uma vez elaborados com a ampla participação da comunidade escolar precisam ser revisados e reconstruídos frequentemente, sem abrir mão da coletividade.
Sendo que esta prática perdura ainda como um desafio visto que nosso sistema escolar não evoluiu como os estudos e conceitos do processo ensino aprendizagem.
Outro desafio que enfrentamos no campo da avaliação diz respeito aos conflitos familiares por questões sociais e políticas vivenciadas pelos jovens, como por exemplo, a desestrutura familiar e a necessidade de muitos trabalharem e estudarem.
A avaliação é um procedimento necessário para definir prioridades e garantir a qualidade do ensino. Ela deve servir para apontar as dificuldades e o resultado do ensino aprendizado. A legislação brasileira e a literatura sobre avaliação educacional sugerem a preponderância dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos para todas as formas de avaliação, incluindo aí aquelas de: aprendizagem, institucional e avaliação externa.
Avaliar qualitativamente implica despertar interesse da pessoa envolvida na discussão em questão, realizando avaliações exploratórias que garantam novos costumes e novo imaginário para o processo de avaliação.
Avaliar sob a ótica qualitativa não é o mesmo que considerar comportamentos, hábitos e atitudes de civilidade, como se aprendeu nas antigas aulas de Educação Moral e Cívica, mas considerar a superação das fronteiras etapistas da formação dos indivíduos.
A avaliação é o momento onde o professor obtém dados concretos daquilo que se trabalhou no ambiente pedagógico. Assim, os instrumentos utilizados fornecerão dados que servirão de base para avanço ou retomada dos conteúdos trabalhados.
Dessa forma, a avaliação se dá de 3 formas, diagnóstica, formativa e somativa prevalecendo a qualidade em eventual considerações burocráticas finais. Os principais instrumentos utilizados em sua metodologia avaliativa são, provas escritas e trabalhos de pesquisa. Os critérios utilizados para obtenção das notas, ainda segue princípios tradicionalistas por grande parte dos professores, onde atribui a nota em relação ao instrumento, desconsiderando outras virtudes a serem observados. Muito tem se trabalhado com os docentes a fim de se utilizar de diferentes instrumentos e critérios para aproveitamento total do desempenho do aluno. O conselho de classe acontece em momento de tomada de decisão onde prevalece a voz coletiva e respeito de todos os encaminhamentos, a fim de analisar todas as qualidades do alunado.
Estamos em um momento onde o aluno deve ser observado por completo, em todas as suas participações sejam ativa ou não, pois aprendemos de diferentes formas, somos diferentes, porém temos os mesmos objetivos.
A avaliação implica em um processo de decisão que considera o conhecimento, através da coleta de dados por meio de variados instrumentos, e a aplicação de meios e recursos para superar os limites encontrados pelos educandos no processo ensino-aprendizagem (PPP do Colégio Estadual Mário Quintana, 2012, p. 45).
Atualmente na escola pública a avaliação se configura em três dimensões: avaliação da aprendizagem, avaliação institucional e avaliação externa. Estes três sistemas de avaliação são interdependentes e contribuem para um diagnóstico dos processos de ensino e aprendizagem. Estas três dimensões colaboram para que a escola possa avaliar a sua prática pedagógico, bem como planejar e implementar ações para a melhoria da qualidade da educação.
Embora aparentemente pareçam ser estas três dimensões independentes uma da outra, na prática uma influencia diretamente na atuação da outra. Assim, independente da dimensão em que se sustenta a avaliação, ela traz explicitamente a função diagnóstica, formativa e somativa dos processos de ensino e aprendizagem.
Assim, é fundamental que se estabeleçam critérios e objetivos claros no ato de avaliar, articulando dois polos indissociáveis da avaliação: o diagnóstico e a tomada de decisão.
Além disso, conforme aponta LUCKESI (2005, p. 94):
O atual processo de aferir a aprendizagem escolar, sob a forma de verificação, além de não obter as mais significativas consequências para a melhoria do ensino e da aprendizagem, ainda impõe aos educandos consequências negativas, como a de viver sob a égide do medo, pela ameaça de reprovação [...] O momento de aferição do aproveitamento escolar não é ponto definitivo de chegada, mas um momento de parar para observar se a caminhada está ocorrendo com a qualidade que deveria ter. [...] A avaliação, ao contrário, manifesta-se como um ato dinâmico que qualifica e subsidia o reencaminhamento da ação, possibilitando consequências no sentido da construção dos resultados que se deseja.
 
Diante disso, para que a avaliação adquira um novo sentido, faz-se necessárias ações coletivas dos professores, com intencionalidade de rever a sua prática pedagógica, assim como estabelecer critérios e objetivos bem definidos para a análise da sociedade, da escola e do processo ensino-aprendizagem (CASCAVEL, 2008, p. 48).
A avaliação só tem função social quando está intimamente vinculada a um projeto de vida para os homens. Educasse, ensinasse, para a sociedade que se deseja ver transformada (ou não). Se não existe projeto de vida para os homens obterem o que ainda não foi alcançado, não há necessidade social de avaliação a não ser a de preencher com notas os boletins curriculares individuais (PARANÁ, 1990, p. 29).
Considerando isso, observasse nos últimos anos no Colégio Estadual Mário Quintana que os processos avaliativos vem se transformando qualitativamente. Na prática, embora as ações ainda pareçam ser individualizadas por parte do professor no momento de avaliar, tem sido construído um planejamento coletivo das ações, fazendo com que estas representem a tomada de decisão coletiva da comunidade escolar.
Com relação ao ensino médio, as práticas avaliativas desenvolvidas na escola tomam em si os conhecimentos de mundo que o aluno traz para a escola, mas também buscasse uma aproximação com os conteúdos científicos. São propostos metodologias variadas nos processos de avaliação, das quais podem ser destacados: seminários, avaliações orais, simulados, provas escritas, sínteses, produções textuais, produções de mídias, etc.
Neste sentido, observasse que o aluno contemporâneo é muito dinâmico em seu processo de aprendizagem e que a manifestação deste aprendizagem necessita ser bastante dinâmica também. Assim como cada aluno é singular na apropriação dos conhecimentos, ele também o é na manifestação de sua aprendizagem. Ao proporcionar meios diversos para avaliar a aprendizagem, o professor democratiza os processos de ensino e de aprendizagem.
Assim como ocorre com outras escolas públicas brasileiras, o colégio também passa por avaliações externas. Estas avaliações são discutidas em momentos de formação e seus resultados tem sido, constantemente, analisados pela comunidade escolar. Apesar disso, percebesse que na escola ainda existem alguns limites que necessitam ser transpostos neste processo de avaliação externa. Um deles é o fato que muitas avaliações externas não ser feitas de maneira contextualizada, ou seja, não considerarem a realidade socioeconômica e histórica da nossa comunidade.
Um ponto importante a ser ressaltado é que, muitos professores, tem utilizado estas avaliações externas como atividades em sala de aula. Os mesmos retomam atividades das avaliações externas, refazem com seus alunos, compara com conteúdos trabalhados, enfim, buscam relacionar as avaliações externas com os conteúdos ministrados.
Um ponto que consideramos negativo é que a evasão escolar influencia negativamente nos índices obtidos pela escola nestas avaliações externas. Principalmente no período noturno e por questões socioeconômicas temos um índice elevado de evasão escolar. Isso é um desafio imperativo que precisamos superar. Devido a isso, os avanços obtidos pela escola acabam por ficarem minimizados frente a evasão escolar do período noturno.
Partindo do pressuposto de que a avaliação dentro do sistema educacional é um dos pontos que ainda enfrenta vários desafios, e é um dos motivos de tensão entre os educadores.
Nos últimos anos esses debates têm aumentado a nível, Federal, Estadual e Municipal, referindo-se as avaliações externas, como o ENEM, a prova Brasil e outros, que tem como objetivo monitorar o funcionamento das redes de ensino, além de fornecer dados para seus gestores na elaboração de políticas educacionais.
A escola precisa ter a preocupação de não cair no reducionismo de práticas e no formato de provas de múltipla escolha nem correr o risco de abandonar ou reduzir as avaliações internas. O que podemos ter de positivo é considerar que com as avaliações externas, a gestão das escolas e redes, possa incorporar os indicadores de desempenho como mais um elemento para o conhecimento de suas realidades, estabelecendo metas e prioridades.
No que se refere às avaliações externas em nossa escola, os resultados tem sido utilizados como mero dado estatístico, não há aprofundamento nas discussões, relacionadas a importância desses dados para que haja mudanças nas realidades existentes dentro do nosso ambiente escolar. Não existe nenhum tipo de atividades voltadas para essas avaliações, salvo alguns professores que de forma isolada tentam desenvolve algumas atividades, sem que haja um trabalho coordenado por parte da equipe pedagógica.
Diante disso, não há organização de simulados de laboratórios, e espaço de dialogo. Como não há esse espaço, os alunos demonstram pouco interesse sobre o ENEM e a Prova Brasil, sendo que a média em cada turma de alunos interessados pelo ENEM, varia de 01 a 03 alunos, e os comentários são feitos de forma positiva, mas demonstram muitas dúvidas sobre o funcionamento do ENEM.
Os planos de ensino de nossa escola, no geral não leva em consideração as matrizes de referencia do ENEM e a vista que não há esse espaço para debate.
 
 
REFERÊNCIAS
CASCAVEL. Secretaria Municipal de Educação. Currículo para a rede pública municipal de ensino de Cascavel. Volume II: Ensino Fundamental – anos iniciais. Cascavel: Ed. Progressiva, 2008.
 
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 17ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.
 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Currículo para a rede pública estadual de educação. Curitiba: SEED, 1990.
 
PPP do Colégio Estadual Mário Quintana. Secretaria de Estado da Educação. Cascavel: 2012.

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