Mercadante defende mudanças no ensino médio

Em reunião com secretários estaduais de Educação em Florianópolis, ministro propõe mudanças no ensino

FLORIANÓPOLIS. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira que os jovens que frequentam as escolas públicas estão motivados com as oportunidades de acesso às universidades como o Enem, o Prouni e o Fies, mas defendeu que o ensino médio deva passar por reformulação, redesenhado para que mais estudantes consigam frequentar uma instituição de ensino superior. Ele, que participou, a portas fechadas, da reunião ordinária do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), nesta quinta-feira em Florianópolis (SC) para ouvir as propostas dos secretários, disse que o MEC vai apoiar a iniciativa dos estados no país.

— E agora temos as cotas para garantir que dentro de quatro anos metade dos alunos de todos os cursos das instituições federais sejam do ensino médio da rede pública. Então, há uma grande motivação para os estudantes. Agora em novembro, de 1,8 milhão de concluintes do ensino médio, 1,5 milhão estão matriculados no Enem.

Mercadante defendeu a mudança do ensino médio com a integração das disciplinas em quatro áreas: matemática, português linguagem, redação, ciências da terra e ciências humanas. Prometeu que algumas das iniciativas do MEC devem ser implementadas já em 2013. Os dirigentes estaduais da educação pediram mais tempo para fechar as propostas até dezembro.

O ministro garantiu que as mudanças só virão se começaram pelos professores. Por isso, será feito um programa intensivo de formação dos professores. Serão vários programas entre os quais todos os professores do ensino médio, em parceria com estados e municípios, receberão um tablet com conteúdo pedagógico, a bibliografia do ensino médio, acesso a vários portais. É levar o ambiente da internet para a sala de aula.

— Não adianta começar o processo pelo aluno. Porque os professores são do século 20 e os alunos são do século 21 e os alunos são digitais e os professores analógicos. O quadro negro e do século 18. Temos que modernizar a sala e aula. Mas primeiro temos que preparar o professor.
O ministro também disse que com as mudanças vai ser resolvido o problema de 1,7 milhão de jovens fora da sala de aula. O rumo será a educação profissionalizante, como o Pronatec, e a Educação de Jovens e Adultos (Eja). Ele também explicou que vai haver reforço na alfabetização. Segundo ele, quem não é alfabetizado, ou não aprende, e chega ao ensino médio sem saber o conteúdo, ou reprova, ou ainda desiste, e por isso as oportunidades ficam escassas.

— O mais importante é que se tenha uma política educacional que impeça que no futuro isso aconteça. Por isso, estamos fazendo o programa de alfabetização na idade certa para alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade, estamos fazendo o programa Mais Educação com sete horas de aula por dia e já existe o Pronatec.

Os 440 mil professores da alfabetização no Brasil receberão bolsas para fortalecer o aprendizado nas idades iniciais e corrigir as distorções, disse o ministro Mercadante.

— Todo o material didático está pronto. Tem 32 universidades trabalhando neste projeto e coordenadores já escolhidos em cada município e cada estado, para resolver na raiz, o problema.

Perguntado sobre a falta de atratividade nas escolas e que seria um dos motivos pelo desinteresse do aluno e das baixas notas no Ideb. O ministro concordou que a escola precisa ser motivadora e garantiu que o MEC pensa nisso.

— A ideia do ensino médio inovador que é programa do MEC é justamente para integrar mais cultura, mas esporte e mais atividades que motivem o jovem.

Outro tema tratado pelo ministro é que não haverá mudanças no Ideb. Mas segundo ele pode o Enem pode passar a ser uma forma de avaliação.

— Nós não vamos alterar a série histórica que avalia o IDEB, podemos aprimorar, mas não podemos perder a série. O que estamos discutindo é que existe agora novo instrumento de avaliação que é o Enem, que é quase censitário.

O ministro esteve à tarde na escola Altamiro Guimarães, no município de Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, em que os alunos tiveram nota 7,4 no Ideb.