Um tabuleiro de xadrez com 13,7 metros quadrados, de rocha basáltica, colado no piso do pátio da Escola Estadual de Ensino Fundamental Bairro Carvalho, na cidade de Cachoeira do Sul (RS), foi a forma que a direção escolheu para receber os estudantes no início do ano letivo. Ao invés de madeira, as peças do jogo – rei, dama, bispo, torre, cavalo e peão – foram confeccionadas em papel e coladas em garrafas plásticas.
Poder jogar xadrez no recreio, antes do início das aulas e também nas atividades de educação física é o que encanta os estudantes, segundo a diretora da escola, Paula Cristina Langbecker. Foi para incentivar o gosto pelo xadrez que a diretora e a professora de educação física Nereida Fagundes Domingues criaram e instalaram o super tabuleiro durante as férias.
Nessa escola, 100 dos 293 alunos estão na educação integral e 85% deles são residentes no bairro Cristo Rei, cortado por rios e frequentemente castigado por enchentes. Segundo a diretora, dada a carência da população desse bairro, a maioria recebe recursos do programa Bolsa Família e são prioritários na definição dos atendidos pelo programa Mais Educação.
Escolha – O alto índice de reprovação em matemática foi o fator determinante para que o jogo de xadrez entrasse na escola. Foi nas aulas de educação física da professora Nereida Domingues que a experiência começou. Segundo Paula Langbecker, a partir da iniciativa de Nereida e dos resultados obtidos, a escola desenvolveu uma metodologia para uso do xadrez na alfabetização matemática e no letramento, que está sendo aplicada desde 2009. Hoje, o jogo está no currículo da escola.
Para atender os 293 alunos, a Bairro Carvalho tem 20 tabuleiros de tamanho oficial, nas salas de aula, além do jogo digital nos computadores da escola. Os ganhos foram observados na melhora do raciocínio, da concentração e da atenção dos estudantes em todas as disciplinas, diz a diretora.
Além do xadrez, os alunos da educação integral terão neste ano aulas de letramento e matemática e oficinas de jornal, horta e futsal. A escola também precisa contratar um monitor para ampliar a oferta do xadrez. O início das atividades da educação integral, porém, depende da chegada de uma merendeira, prometida pela secretaria estadual de Educação. A escola tem duas merendeiras que atendem os 293 alunos nos dois turnos, mas para a educação integral precisa de mais uma, explica a diretora.
Paula Langbecker tem licenciatura em educação artística, trabalha na Escola Bairro Carvalho há 11,5 anos, sendo quatro anos na direção. Todos os professores dos anos finais do ensino fundamental têm licenciatura, e dos anos iniciais, magistério de nível médio.
Adesão – Neste ano, a educação integral será oferecida a estudantes de 30 mil escolas públicas do ensino fundamental urbanas e do campo, das 27 unidades da Federação. Para alcançar essa cifra, o Ministério da Educação conta com as 14,9 mil unidades que já estavam no programa em 2011 e com a adesão de 15 mil novas escolas.
De acordo com a diretora de currículos e educação integral da Secretaria de Educação Básica do MEC, Jaqueline Moll, como a adesão das escolas ao programa é voluntária, o ministério pré-selecionou 28,4 mil unidades e espera ter a adesão de, pelo menos, 10 mil escolas urbanas e 5 mil do campo. O objetivo é ter no Mais Educação 30 mil escolas e subir dos 2,8 milhões de estudantes para 5 milhões. O investimento do governo federal nesse conjunto de escolas será de R$ 1,4 bilhão em 2012.
Dados da diretoria de currículos e educação integral coletados até está quarta-feira, 21, mostram que ainda estão disponíveis 4,2 mil vagas para escolas urbanas e do campo. O prazo de adesão foi ampliado para até 15 de abril. As escolas pré-selecionadas devem informar o número de alunos a serem atendidos, as atividades que vão desenvolver, o número de monitores que serão necessários, entre outros dados.