A criminalização da homofobia e a união de casais homoafetivos apareceram pela primeira vez na série de entrevistas que a presidenta Dilma Rousseff tem dado para quatro emissoras de tevê aberta nesta segunda e terça.“Darei integral apoio a isso [a criminalização da homofobia]. Acho que essa é uma medida civilizatória. O Brasil tem que ser contra a violência que vitima a mulher, a violência que, de forma aberta ou escondida, fere os negros, que são maioria da população. E contra a homofobia, porque isso é, de fato, uma barbárie”, afirmou a presidenta em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar gravada e exibida na noite desta terça-feira, 28, no SBT.
Sobre a união de casais homoafetivos, Dilma afirmou que, quanto ao casamento religioso, cada igreja deve decidir sua posição. “Apoio a decisão tomada na suprema corte que reconheceu todas as características do casamento civil”, completou.
Ao final da conversa, o jornalista listou esse e outros temas que apareceram durante a campanha, pedindo que a presidenta as comentasse. O primeiro deles seria um possível retorno do ex-presidente Lula à corrida presidencial em 2018. “Já disse uma vez e volto a dizer: o que o Lula quiser ser, eu apoiarei.”
Outro assunto que surgiu foi a regulamentação da mídia. “Não vou regulamentar mídia no sentido de interferir na liberdade de expressão. Eu vivi sob a ditadura e sei o imenso valor da liberdade de imprensa”, afirmou a presidenta, acrescentando que o papel da imprensa, contudo, seria amplamente discutido. Quando ao direito de resposta, disse: “Direito de resposta é algo democrático. Tem de ser de fato regulamentado, pois não a pessoa não pode se dar o luxo de bloquear informações porque se sente ofendida ou ferida”.
Pouco antes, ao falar sobre as investigações dos escândalos da Petrobras, Dilma citou indiretamente o assunto da capa da revista “Veja” que circulou desde o final da semana passada. “Farei uma comunicação integral de todas as informações para a população, de forma que vazamentos seletivos que interessam a grupos que manejam essas informações não os beneficiem mais. Eu fui vítima nos últimos dias da minha campanha de um vazamento estranhíssimo, porque a acusação não foi feita às claras e a prova não foi mostrada.”
Minutos antes, Dilma também deu entrevista ao vivo ao jornalista Ricardo Boechat, da Band, no qual abordou temas como a economia, a previdência e a reforma política. Sobre o último tema, comentou especificamente as críticas que já recebeu de Renan Calheiros:
“Vi nessa campanha uma ânsia imensa pela reforma política, um movimento muito forte de vários segmentos irmanados nessa questão, que me apresentou entre 7 e 8 milhões de assinaturas que serão encaminhadas ao Congresso Nacional dentro do princípio de que, a partir daí, é possível uma legislação de iniciativa popular que coloque na pauta essa questão. Todos defendem a consulta popular, seja na forma de referendo, seja na de plebiscito, o que deságua numa assembleia constituinte. Vai ser muito difícil essa não ser uma discussão interativa. A forma como vai ser eu ainda não sei, mas é muito difícil que não exista essa consulta popular.”
“Eu acho que não é uma negociação toma lá, dá cá. Tem que ser uma negociação sobre questões importantes para o futuro do País. É obvio que podemos perder a votação no Congresso. O que eu acho que vamos ter de discutir não são questões pontuais, mas como encarar daqui para frente as reformas fundamentais. Essa da reforma politica, como encaminhar a reforma tributária. As questões que vão encaminhar o País.”