Uma Terra de ninguém?

Para cosmólogo, a pior catástrofe não são os terremotos, mas a onda de desleixo que avassala o planeta

Mariana Cook - 05/03/2010  Rees afirma que um único evento bioterrorista ou de bioerro fará 1 milhão de vítimas em 2020SÃO PAULO - A sequência não é boa. Dilúvio no Brasil. Terremoto no Haiti. Calor de 8°C no Ártico. Nevasca nos Estados Unidos. Enchente em Buenos Aires. Tempestade na França. Outro terremoto, no Chile. Alteração no eixo terrestre. Tsunamis. Iceberg-monstro descolado da Antártida a errar pelo Atlântico Sul. Terremoto de novo, em Taiwan. E, pelo que diz o Dunga, seleção brasileira sem Ronaldinho Gaúcho na Copa. Para quem crê que o fim do mundo se avizinha, este começo de ano parece farto de indícios. Sir Martin Rees, professor de cosmologia e astrofísica na Universidade Cambridge e, como um dia foi Isaac Newton, presidente da Royal Society (a academia de ciências do Reino Unido), engrossa o caldo apocalíptico. Mas com a cautela de um cientista e a esperança de que ele mesmo esteja errado.

 No livro Our Final Century, de 2003, por aqui intitulado Hora Final - Alerta de um Cientista (Companhia das Letras), ele defendia que havia 50% de chance de que a civilização atual sobrevivesse ao final deste século 21. Hoje ele acha que podemos continuar por aqui, mas sabe-se lá como. De todo modo, nosso ponto final teria pouco a ver com a colisão de um asteroide desgovernado ou com um agito geológico nos intestinos do planeta. Para Rees, que aos 68 anos enverga o título de barão de Ludlow e o epíteto de "um dos astrônomos mais influentes da atualidade", a devastação da biosfera, uma guerra nuclear entre novas superpotências e o uso indevido ou descuidado da ciência são nossos maiores perigos. Visto de outra forma, é o ser humano apertando o próprio pescoço - lentamente. A salvação passaria, entre outras coisas, pelo uso correto da energia ("uma enorme quantidade de calor é desperdiçada por ineficiência das edificações"), pela adoção de outro estilo de vida (o planeta nunca será sustentável se 8 bilhões de pessoas viverem como os americanos") e pela distribuição justa dos benefícios da globalização ("o prestígio dos banqueiros deve ser reduzido ao dos vendedores de automóveis"). Senão...

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