Escolas fechadas previnem contra a gripe?

Alunos acreditam que adiamento da volta às aulas não é eficienteNa comunidade do Colégio Cefet de Nova Iguaçu, no Orkut, os alunos abriram uma discussão sobre a gripe A H1N1. O fórum aberto por um estudante com um poema sobre o tema já recebeu mais de 40 comentários.

 

 

Assim como as outras escolas do estado do Rio, o Cefet adiou as aulas até o dia 17 deste mês.

A medida, entretanto, não agrada muito a maioria dos estudantes – nem aos do Cefet que se manifestaram na comunidade e nem outros jovens ouvidos pelo EMdiálogo. Para eles, a medida não ajuda muito a prevenir a doença e para alguns ainda prejudica a vida escolar. Alguns alunos do Cefet criticam ainda a desinformação provocada pelo sensacionalismo da mídia comercial ao abordar o tema.

Os irmãos Gabrielle e Vinícius Sodré, alunos respectivamente do 1º e 3º ano da Escola Estadual Lauro Corrêa, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, não aprovam a medida. Para Gabrielle, o adiamento da volta às aulas irá prejudicar os alunos que tem dificuldades de apredizagem.

“A matéria vai ser dada de uma forma muito corrida”, acredita.

Gabrielle pensa que a medida pode ajudar a controlar a gripe, mas não muito, já que os estudantes não deixam de sair de casa. Vinícius concorda. “Meus colegas estão se encontrando da mesma maneira, eles vão para a praça todo dia, ninguém vai ficar preso dentro de casa”, relata.

Vinícius tem ainda outra preocupação. Como está no 3º ano, irá fazer provas de vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio e o prolongamento das férias prejudica os estudos. Ele também aposta que a matéria não será toda transmitida e o ano letivo terminará mais tarde, o que pode coincidir com algumas provas de vestibular.

“Se as aulas forem ser repostas aos sábados vai ser um problema porque faço pré-vestibular nesse dia e metade da minha turma também”, preocupa-se.

Dá para recuperar o tempo perdido?

A estudante Gabrielle sugere que os professores passem as matérias para os alunos por email. Para isso, ela lembra que a Secretaria de Educação do Estado do Rio criou correios eletrônicos para todos os estudantes.

“Depois o professor poderia cobrar o que foi repassado por email para que esse tempo todo não seja perdido. Todo mundo hoje tem acesso à internet, nem que seja na lan house”, diz.

Jennifer Lohan, estudante do Instituto de Educação Clélia Nanci, também em São Gonçalo, conta que está “detestando” a prorrogação das férias. Para ela, seria bem melhor poder estar na escola.
A agenda da estudante está cheia. Ela aproveitou as férias para fazer um curso de “Educação Fiscal” e pretende, assim que as aulas voltarem, organizar as eleições para o programa Parlamento Juvenil, promovido pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

“Eu já estava com tudo planejado, agora teremos que fazer tudo correndo”, reclama.

Gripe mata?

Para o professor de Educação Física do Cefet de Nova Iguaçu, Carlos Henrique Martins, há ainda um outro problema na prorrogação da volta às aulas. Ele lembra que a escola tem outras funções além de oferecer disciplinas. Muitas vezes, a escola representa, por exemplo, a possibilidade dos pais trabalharem, já que é um lugar seguro para deixar os filhos.
“Quantos pais estão com dificuldades de trabalhar enquanto as aulas não voltam porque não tem onde deixar os filhos? E quantas crianças também não estão sem comer?”, questiona. “O que mata não é a gripe, é o descaso do governo, a fila nos postos de saúde e hospitais”, acrescenta.

No poema Paranóia, que a abre a discussão sobre a gripe na comunidade do Cefet de Nova Iguaçu, o estudante Rodrigo Barbosa diz o que pensa sobre tudo isso.

“(...)O que sentimentos
célebres dizem?
DES-ESPERO!
Simples ERRO!

Mas continuaremos
enclausurados?
Não caminharemos?

Agora,
os trens fechados andarão
Embora
deitados, digamos: “Não!(...)”

 Saiba mais sobre a gripe Influenza A (H1N1) no Portal do Ministério da Saúde

 E você, o que acha do adiamento da volta às aulas por causa da gripe A H1N1?

 

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