Escola e formação de atletas combinam?

Para os professores de Educação Física do Colégio Estadual Raul Vidal, Ronaldo Goldoni e André Levy, a escolha da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 pode mudar a percepção acerca da Educação Física na escola, de maneira a valorizar mais a disciplina.

Eles acreditam que seria interessante que os estudantes pudessem participar de treinos esportivos no contra-turno, já que o tempo destinado à Educação Física é muito pouco.   “A gente não quer formar atletas, mas queremos a oportunidade de verificar que dentro da escola existem alunos que possam se destacar em alguma modalidade. A gente pode ser o inicial, descobrir e despertar talento e interesse”, completa o professor André.   Ronaldo cita o exemplo dos jogos estudantis de Niterói, nos qual apenas 25% das escolas que se inscrevem são públicas.   O professor de Educação Física do Cefet Nova Iguaçu, Carlos Henrique, acredita que educar através da competição é possível, entretanto, ele argumenta que hoje a prática perdeu o sentido que deveria ter, uma vez que deixou de envolver conceitos como a amizade, a sociabilidade, a identidade e a personalidade.   “Infelizmente, as competições têm sido tratadas como uma questão bélica. Depois se perguntam porque o esporte está tão violento. Noto isso tanto no nível profissional quanto no estudantil. Comecei a ver muita violência, muito desrespeito ao aluno. É ganhar ou ganhar”, diz.   O professor da licenciatura em Educação Física da Universidade Federal Fluminense, Edmundo Drummond, considerou a escolha do Brasil para a sede das Olimpíadas de 2016 muito ruim. Para ele, a escola não tem o papel de formar atletas.   “A escola será utilizada mais uma vez para responsabilizar os êxitos ou os não êxitos dos nossos futuros atletas, como se a escola fosse o local privilegiado para a formação de atletas e não é”, alertou.   Alunos de Edmundo na graduação, os futuros professores de Educação Física Silvana de Sá, Carlo Giovani e Gustavo Ribeiro concordam com o professor.   “A pressão em cima da gente para dar esporte, para treinar atletas, vai ser absurda, e não é isso que a gente quer”, comenta Silvana.
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