O ano letivo já está terminando, mas antes da férias, o Observador da Escola Samuel Vitorino, estudante do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, investigou porque a biblioteca do colégio frequentemente fecha as portas. Segundo a coordenação da escola, o estado precisa contratar mais funcionários. Confira a reportagem.
A Biblioteca Horácio Campos do colégio Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, atualmente funciona instavelmente nos turnos da manhã e da tarde. O espaço conta apenas com duas funcionárias (que já ocupam cargos distintos no colégio) e, por isso, é cada vez mais comum encontrar as portas da biblioteca fechadas durante os intervalos e aulas vagas; horários bastante utilizados pelos alunos para estudos e pesquisas.
O reduzido número de funcionários foi responsável pelo acúmulo no início do ano de dezenas de títulos novos doados pelo Ministério da Educação. Armazenados em caixas de papelão, os livros doados foram guardados no espaço vazio da biblioteca enquanto se aguardava a contratação de funcionários para sua catalogação e arrumação.
Mesmo logo após a contratação de um funcionário – apenas para fins de registro das obras recebidas – a situação não foi totalmente resolvida. Embora a biblioteca tenha aberto as portas para os estudantes, a organização de todo material ainda estava no início e os alunos ainda não tinham condições de realizar o empréstimo das obras.
No entanto, após o remanejamento de funcionários de outros setores da escola para se encarregarem da organização do acervo e dos livros novos, o maior fluxo de visitas fica por parte dos alunos.
O estudante do 2º ano do Ensino Médio, Fábio Gregório José, fala sobre a importância da biblioteca.
“Quando você precisa estudar ou consultar outros livros além dos seus é na biblioteca que você vai, mas fica difícil fazer isso se ela fica fechada o tempo todo”, comenta.
Para Fábio, o fechamento da biblioteca de certa forma prejudica os estudos, já que não é mais possível usar o espaço para “adiantar os exercícios”, por exemplo. Ele critica a demora na contratação de novos funcionários. “Parece que eles [a direção] não ligam muito, mesmo que seja algo que a gente precisa, não dão muito incentivo”.
Durante os primeiros dias após ter a entrada liberada aos alunos, era comum vê-los lendo e estudando sentados no chão devido à lotação das mesas e assentos disponíveis. Também acontecia de fecharem as portas da biblioteca devido à quase lotação somada com os trabalhos de organização e cadastro de obras, que ainda estavam nos estágios finais.
A “bibliotecária” Maria Auxiliadora Barbosa (sua real função é a de orientadora pedagógica) credita o alto nível de visita e freqüência ao acréscimo de novos títulos enviados no início do ano letivo para centenas de bibliotecas escolares de todo o Brasil pelo Ministério da Educação (MEC). O objetivo das doações, segundo ela, é incentivar o hábito da leitura entre os estudantes e estimular a freqüência à biblioteca de suas escolas.
A coordenadora Márcia Assunção fala sobre o estado e as razões para o estado da biblioteca:
De que maneira a direção está tentando solucionar o problema?
Nós temos professores desviados de suas funções oficiais para ajudar na biblioteca. Ano que vem (2010) vamos também tentar revitalizar e informatizar o espaço, mas isso pouco depende da direção.
Por que o quadro de funcionários da biblioteca ainda não foi preenchido?
O estado não contrata. Ele considera esta biblioteca como uma sala de leitura – que não necessita de funcionários. Há muitas coisas para fazer e pouca gente para fazer. Isso independe de mim, da direção, a gente pouco pode fazer quanto a isso.
Que dificuldades a biblioteca vem encontrando para a contratação? Qual seria a melhor solução?
Como eu disse, isso depende exclusivamente do estado. Há falta de material e pessoal. Nós [a direção] improvisamos para abrir a biblioteca, senão teríamos ficado o ano inteiro só na arrumação. Nós teríamos que reorganizar o espaço e até alterar alguns pontos feitos na reforma no início do ano – que foi realizada sem que houvesse nenhuma consulta quanto à sua disposição. Apenas isso poderia por a biblioteca em um nível satisfatório. O que a escola pode fazer ela faz, mas a burocracia do estado emperra tudo.
Como a biblioteca chegou nessa situação?
Com o passar dos anos o espaço que ela ocupa na escola foi se deteriorando. Em 2006, metade de sua área foi utilizada como sala de aula. Durante a reforma, todo o seu acervo continuou no ambiente colecionando poeira e mofo. Além de problemas como não-devolução e furto de livros. Tudo isso resulta no que a biblioteca é hoje.
A biblioteca Horácio Campos corre o risco de ter suas portas novamente fechadas. Tornam-se cada vez mais comuns os dias em que, devido a compromissos relativos às suas reais funções na escola, não é possível às “bibliotecárias” assumirem seus postos junto à biblioteca. Nestas ocasiões, a despeito do desejo de alunos ou funcionários, ela permanece fechada.
Samuel Vitorino é Observador da Escola e estudante do Ensino Médio do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói.
E em sua escola, como é a biblioteca? Há empréstimo nas férias?