WIKI FINAL: SUJEITOS, CURRÍCULO, ÁREA DO CONHECIMENTO, GESTÃO DEMOCRÁTICA, AVALIAÇÃO EXTERNA – C.E.TANCREDO NEVES – EFMP – FRANCISCO BELTRÃO
SUJEITOS, CURRÍCULO, ÁREA DO CONHECIMENTO, GESTÃO DEMOCRÁTICA, AVALIAÇÃO EXTERNA
Os cadernos do MEC nos instrumentalizam teoricamente para repensarmos o Ensino Médio, ao mesmo tempo considera os alunos os sujeitos a quem se destina esse estudo. Contudo, inúmeros desafios se colocam à frente do trabalho docente, como veremos adiante.
Parte dos elementos que compõem a escola são os seres humanos, sujeitos que interagem no cotidiano, cada qual com sua particularidade e valores. Os alunos representam os sujeitos que aprendem. Até sua formação passam por vários estágios preparatórios; o objetivo é torná-los aptos para participar ativamente dos mecanismos sociais.
Na perspectiva do ensino médio, o Colégio Tancredo Neves vive situações em que, devido a uma série de fatores, um considerável número de estudantes não conseguem acompanhar os estudos. Consequência disso é o baixo rendimento, repetência e evasão escolar, tema que veremos mais adiante. Para minimizar os casos, há que se pensar em estratégias adequadas. Esse encaminhamento requer um trabalho coletivo, envolvendo, principalmente a equipe pedagógica e a docente. Aulas bem preparadas, organizadas e bem ministradas, domínio do conhecimento, acompanhamento dos alunos, adaptação curricular quando necessário, instrumentos e formas de avaliação apropriadas para cada caso.
O trabalho é um dos fatores que mais afetam a frequência escolar. Visando conter essa problemática, principalmente no ensino noturno, a escola tem dialogado com pais e alunos, incentivando a frequência e a permanência na escola. Outra medida foi ofertar ensino e carga horária diferenciados.
Mas, não só de problemas vive a juventude. Comparada a outras gerações, a juventude hoje anseia e clama por reconhecimento à sua forma de pensar, sentir e agir, atitude própria de sua cultura ou do grupo de convívio. Por conseguinte, o processo educativo requer novas formas de relação com o aluno, buscando conhecer e compreender seus princípios, crenças, gostos, aptidões... a razão e o porquê de suas atitudes... ministrar aulas por meio de metodologias inovadoras capazes de fazê-los refletir, compreender e atuar sobre a realidade.
Tendo em vista um ensino de melhor qualidade, algumas ações propostas pelos cadernos do MEC consideradas pelos professores cursistas do Colégio Tancredo Neves são a de conhecer melhor seus alunos e mediá-los por meio da integração dos quatro eixos fundamentais - trabalho, ciência, tecnologia, cultura.
Essa nova forma de ensinar vem de encontro ao principal desafio proposto pelo curso, que é redesenhar o currículo do ensino médio. O redesenho visa um ensino desfragmentado, integrando conteúdos de diferentes disciplinas ou áreas do conhecimento. A interdisciplinaridade seria o fio condutor do processo de reorganização do currículo. Em outros termos, não basta formar jovens por meio do ensino didático, é preciso promover a autonomia intelectual, fazê-lo investigar, compreender, analisar e repensar o real por meio do estudo científico.
A pesquisa, enquanto princípio pedagógico, pode ser desenvolvida por meio de várias fontes - didática, paradidática, virtual (internet), de campo, etc. -, e tem como uma das finalidades promover o debate em sala de aula. Nessa condição, o docente poderá propor que os alunos resolvam situações problemas com base no real. É importante destacar que, na perspectiva da realidade a ser estudada, o trabalho, além de eixo integrador, representa um princípio educativo, isto é, possui caráter formador do sujeito. Sendo um elemento de subsistência, o trabalho integra a maior parte da vida do ser humano.
É interessante que essas observações estejam contidas no Projeto Político-Pedagógico. No documento do Colégio Estadual Tancredo Neves há princípios e objetivos bastante definidos, sendo a aprendizagem o foco central das ações. Contudo, ao final de cada trimestre, a escola testemunha momentos de intensa angústia e preocupação por parte dos seus professores quando estes anunciam o baixo rendimento obtido pelos alunos. Por seu lado, os alunos dividem opiniões entre os que reconhecem a escola como instituição que prepara e dá conta da formação para a vida, para o trabalho e para estudos posteriores com aqueles que esperam que a escola se aprofunde mais nos aspectos do estudo propedêutico e da preparação para o trabalho, o que seria o caminho para a sua realização acadêmica e profissional.
Voltando à questão do processo de reorganização do currículo, os cursistas concluíram em suas discussões que, de fato, encontram dificuldades para conduzir o processo de ensino e aprendizagem nessa nova perspectiva, sendo necessário refletir no coletivo sobre as ações e mudanças adequadas para esse fim.
Diante dessa análise, a possibilidade de integrar conteúdos entre disciplina/áreas de conhecimento, ou seja, a interdisciplinaridade, decorre da desconstrução gradativa da atual organização e seleção de componentes curriculares. A contextualização dos conteúdos (relação teoria-prática) é um dos fatores fundamentais para a efetivação da aprendizagem nessa perspectiva.
A interdisciplinaridade é tema que, segundo os cursistas, deverá ser discutido minuciosamente nos próximos encontros e planejamentos pedagógicos, de maneira que todos os professores da escola possam compreender como se dá o processo a fim de elaborar seu plano de trabalho docente com base na reorganização curricular.
Para trabalhar de forma interdisciplinar é necessário ampliar o tempo para planejamento reservado no calendário escolar. Isso irá permitir que os professores tenham maior tempo para planejar aulas juntos, primeiramente com colegas da mesma disciplina, completando as perspectivas e argumentos, depois com colegas de disciplinas diferentes, para planejar projetos, oficinas e aulas interdisciplinares, de maneira adequada à idade e à expectativa dos alunos.
É salutar mencionar a importância da participação de toda a comunidade escolar, na questão do redesenho curricular. O ato de participar permite que todos estudem, conheçam, discutam e encaminhem, coletivamente, ações e decisões pertinentes às suas funções. Essa perspectiva configura a natureza do papel da gestão escolar, que é formada de autonomia, diálogo, flexibilidade, trabalho, respeito às diferenças disposição e participação coletiva e democrática.
Em se tratando da baixa argumentação dos pais que integram a APMF e o Conselho Escolar durante os encontros dos colegiados, constatou-se a necessidade de promover estudos envolvendo o conteúdo dos estatutos e as atribuições de cada função. Os alunos do Grêmio Estudantil, por seu lado, mesmo sentindo algumas dificuldades, têm sido atuantes em várias atividades e discussões de cunho pedagógico realizados na escola. No último trimestre, por exemplo, suas sugestões foram decisivas para o encaminhamento das últimas semanas de aula.
Como é possível observar, o incentivo ao protagonismo juvenil tem suma importância na formação dos alunos, pois, contribuem com o seu desenvolvimento acadêmico e humano. Sua participação em atividades e decisões escolares, principalmente nas que envolvem o processo de aprendizagem, também deve estar prevista no Projeto Político-Pedagógico.
Adentrando no campo das avaliações, o curso do Pacto proporcionou discussões sobre vários aspectos que compõem a realidade do Colégio Tancredo Neves, entre eles o conceito de avaliação. Segundo as DCNEM (Brasil, 2012), a avaliação abrange três dimensões, a saber: da aprendizagem, da instituição e externa.
Na concepção dos professores cursistas, a avaliação na prática docente se restringe à dimensão do ensino e do aprendizado, por meio do estabelecimento de critérios (oralidade, desenvoltura, escrita, análise, interpretação, argumentação, reconstrução, etc.) e do uso de instrumentos avaliativos diversificados (questionários, provas orais, pesquisas, elaboração e apresentação de trabalhos, tarefas de casa, organização e conteúdo dos cadernos, etc.).
Segundo a LDB 9394/96, a avaliação interna tem vistas à promoção do aluno. O PPP do Colégio Tancredo Neves concebe-a com um processo diagnóstico de natureza formativa, contínua, cumulativa, com recuperação paralela dos conteúdos não aprendidos pelo aluno. O processo se dá na área da metodologia de ensino e da aprendizagem, ou seja, no campo da análise das dificuldades e potencialidades do professor e do percurso do aluno. Os resultados obtidos pelos alunos são socializados no coletivo escolar, servindo como base para o encaminhamento de medidas e ações pedagógicas visando a avanços no aprendizado.
Quando os professores mencionaram sua angústia e preocupação diante do baixo rendimento escolar dos alunos, argumentam que buscam variar os procedimentos metodológicos. Mesmo assim, constatam que, por alguma razão, muitos não aprendem, não conseguem ou não querem aprender. Na perspectiva do baixo rendimento, a escola considera que muitos alunos são afetados pela influência de inúmeros fatores: dificuldade de aprendizagem, deficiência intelectual, transtornos globais e específicos, problemas de saúde, baixa autoestima, riscos sociais e afetivos, sobrecarga no trabalho, saúde, entre outros.
De igual modo, o problema da repetência e da evasão escolar é justificado, na maioria dos casos, como resultado de fatores externos: o trabalho, já citado anteriormente, problemas familiares, gravidez, matrimônio/concubinato, envolvimento com drogas, aversão aos estudos ou à escola. Por coincidência, as reprovações ocorrem em função da baixa frequência e da evasão escolar. Para os educadores do Colégio Tancredo Neves, esta realidade é mais preocupante no turno da noite.
Em diálogo promovido e realizado com professores cursistas, alunos do Colégio Tancredo Neves afirmaram que a escola não está dando conta de realizar seus anseios, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Para os alunos, o currículo não condiz com suas reais necessidades. Segundo aqueles que trabalham e frequentam a escola no turno da noite, a carga horária deveria ser reduzida. Reduzindo o número de horas/aula por dia letivo e ampliando a jornada do curso de três para quatro anos viria atender aos desafios tanto do aluno trabalhador que enfrenta diariamente problemas para estar em sala de aula no horário atualmente estabelecido quanto aos do professor que almeja elevar a qualidade do ensino por meio do redesenho curricular proposto pelo MEC.
Ao final de cada trimestre, os alunos participam do processo de avaliação da aprendizagem e da instituição por meio dos pré-conselhos de classe. Essa perspectiva, além de propiciar-lhes sentir-se parte da escola, é importante para que o coletivo reflita sobre as mudanças pedagógicas mais prementes para a condução do processo educativo.
Também é relevante para o coletivo escolar promover maior participação das famílias nas atividades escolares. Há dois anos, o Colégio Tancredo Neves desenvolve projetos voltados à formação de pais. Além de promover o estreitamento do laço de relação família-escola, o projeto visa trabalhar importantes temas, tais como: Acompanhamento dos filhos na vida escolar, Fortalecimento da autoridade dos pais na educação dos filhos, Orientação e conscientização sobre os males causados pelo uso do álcool e de outras drogas, entre outros. Apesar dos esforços, a sua participação nos encontros de formação é considerada distante do esperado. A cada ano, busca-se atingir o maior número possível de pais nos encontros realizados.
A dimensão da avaliação externa é um dos itens mais polêmicos discutidos pelos educadores. Ela tem por finalidade avaliar a instituição e o rendimento escolar de alunos. Elaboradas pelo MEC e SEED. Nessa modalidade avaliativa situam-se o ENEM, SAEB, SAEP.
Nas provas do SAEP aplicadas em 2012, o Colégio Tancredo Neves atingiu um índice de desenvolvimento básico no ensino médio, alcançando entre 258 e 261 pontos para as disciplinas de Português e Matemática, respectivamente. A pontuação adequada encontra-se em nível acima de 300 pontos.
Os professores e coordenadores cursistas do Colégio Tancredo Neves entendem que o conteúdo avaliado pelo sistema educacional não condiz com o trabalhado pelos professores na escola, sendo que o nível das questões aplicadas é de difícil compreensão por parte dos alunos. Os componentes curriculares são trabalhados com base na PPC, sendo que os critérios e os instrumentos de avaliação são determinados pelo professor de cada disciplina.
O IDEB é o índice de desenvolvimento da educação básica, instituído pelo INEP/MEC e tem por finalidade divulgar resultados obtidos pelas escolas na aplicação da Prova Brasil a partir de 2007 até 2021, com intervalo de dois anos. A avaliação ocorre somente no Ensino Fundamental - Séries Iniciais e Finais. Na tabela, o MEC faz um comparativo entre o índice obtido e o projetado.
As projeções e os resultados obtidos pelo Colégio Tancredo Neves são, respectivamente: 2007 (4,1 - 4,1), 2009 (4,2 - 4,0), 2011 (4,5 - 3,8), 2013 (4,9 - 4,2). Em 2007 o índice projetado foi atingido, contudo, há uma ligeira queda nos anos de 2009 e 2011 e considerável elevação em 2013. Indiferentemente das projeções e dos resultados obtidos, todo ano alunos do Colégio Tancredo Neves são aprovados e formados em diferentes cursos de universidades das mais conceituadas, sejam públicas ou privadas.
Para Crahay (2002), a avaliação externa não pode ser tomada como componente curricular, e, sim, como referencial. Os dados servirão de parâmetro para que o sistema e respectivos departamentos educacionais possam aprimorar a qualidade de ensino na rede. Através dessa avaliação também são apurados índices de fracasso, repetência e evasão escolar.
A primeira etapa do curso “Pacto pelo fortalecimento do Ensino Médio foi de grande interação e discussão entre os professores, que precisam realmente desses momentos para expor opiniões, comentar fatos ocorridos, reler teorias de estudiosos da educação e trocar ideias com os colegas da mesma e de outras disciplinas, afinal, todos os professores estão unidos e dispostos a pensar o Ensino Médio, rever conceitos, metodologias, encaminhamentos, visando uma melhora no ensino/aprendizagem e a diminuição da evasão escolar.
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