WIKI FINAL

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO
ETAPA 1 - WIKI FINAL

ESCOLA: Col. Est. Desembargador Antonio Franco Ferreira da Costa
NRE: Cascavel
ORIENTADOR DE ESTUDO: Dinora de Godoy Elias

Ao longo do segundo semestre de 2014, este grupo de professores, participou da primeira etapa de formação proposta pelo Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, o qual ocorreu nas dependências do Col. Est. Desembargador Antonio Franco Ferreira da Costa, município de Guaraniaçu – PR. Foram realizados 12 encontros presenciais, totalizando 50 horas de estudos coletivos e também 50 horas de estudos individuais. Neste período foram estudados os cadernos temáticos propostos pelo Ministério da Educação – MEC, os cadernos da Secretaria de Estado da Educação – SEED/PR, além de artigos diversos sobre as temáticas específicas.
A organização das temáticas foi a seguinte:
o Temática 1: O jovem como sujeito do Ensino Médio;
o Temática 2: O currículo do Ensino Médio, seus sujeitos e os desafios da formação humana integral;
o Temática 3: Áreas do conhecimento e integração curricular;
o Temática 4: Organização e gestão democrática na escola;
o Temática 5: Avaliação do Ensino Médio.
Para a concretização deste trabalho final, os professores retomaram os aspectos mais significativos de cada tema acima apontado e organizaram coletivamente o presente texto.

O jovem como sujeito do Ensino Médio

Faz-se necessário entender os sujeitos do Ensino Médio e as intencionalidades da escola em relação a estes. É preciso rever/adequar o currículo no intuito de selecionar conteúdos que realmente atendam às necessidades desses alunos.
A escola é um ambiente importante para a vida social, deve proporcionar a reflexão sobre o respeito aos direitos humanos e a valorização da diversidade. Neste contexto, lidar com a diversidade é um desafio, uma vez que a escola reúne pessoas dos mais diferentes grupos sociais. Tanto professores quanto alunos enfrentam o desafio de conviver e aprender na diversidade, na qual sem deixar de proporcionar acesso aos conhecimentos científicos. Garantindo a todos os alunos o direito de aprender. Contemplando condições adequadas e não igualitárias aos diferentes sujeitos.
Outro desafio é instigar os alunos a buscar novas e melhores perspectivas de vida, de conhecimento e satisfação em aprender. Valorizando a diversidade.
O ensinar/aprender envolve a sensibilidade do professor/aluno em acolher as diversidades, respeitando-as e valorizando-as. Faz-se necessário rever alguns conceitos e metodologias proporcionando formação social, intelectual e científica.
Um dos desafios do Ensino Médio, atualmente, é a questão do trabalho, nesta fase os sujeitos das classes menos favorecidas precisam trabalhar para ajudar a família ou se sustentar. Outra questão é o currículo escolar, pois nem sempre contém conteúdos significativos à vida destes sujeitos. Além disso, existe mais uma necessidade, a adequação do tempo de ensino ao tempo necessário do educando trabalhador. Por estes motivos faz-se necessário uma reestruturação na escola pública, a começar pelo currículo escolar comprometido com a realidade do mundo atual, possibilitando aprendizado e autonomia dos educandos.
A escola convive com o silêncio e a rebeldia dos jovens, ficando a cada dia ultrapassada para eles e os professores apresentam dificuldades em conviver com os avanços tecnológicos, sociais e conceituais.

O currículo do E.M., seus sujeitos e os desafios da formação humana integral

Ao refletir sobre a organização curricular do ensino médio é necessário buscar compreender como o trabalho e as tecnologias se articulam à ciência e a cultura. O tempo na Escola (currículo) precisa ser ocupado necessariamente por conteúdos/conhecimentos científicos. Estes precisam ser atrativos para os alunos. Como tornar os conhecimentos de diferentes áreas atrativos diante de tamanha diversidade de identidades e de sujeitos? Não é difícil ensinar o conhecimento científico, difícil é fazer aprender. É importante esclarecer que os conteúdos que ensinamos na Escola estão intimamente ligados ao trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Trabalho enquanto princípio/pensamento e ação do homem, que levam à construção do conhecimento científico (ciência), ao desenvolvimento de novas tecnologias e a cultura permeia todo esse processo.
Portanto, os conteúdos ensinados pela escola são resultado e produto do trabalho e perpassam a ciência, a tecnologia e a cultura a que nós e nossos alunos temos acesso. É por meio do trabalho que o homem se constrói e se humaniza, deste modo todos os conhecimentos estão relacionados ao trabalho e este pode ser o ponto chave da interdisciplinaridade. Devemos ensinar levando em conta o conhecimento local e o conhecimento prévio do aluno, mas que seja o ponto de partida para o currículo e não o ponto de chegada.
A partir desse entendimento é possível identificar metodologias que promovam a integração almejada entre estas instâncias, rompendo com as amarras do modelo educacional que não possibilita o pleno desenvolvimento do ser humano.  Romper com estas amarras implica uma mudança de concepção, crenças e posturas do professor, estudantes, como também da própria organização do trabalho pedagógico como um todo, ou seja, todos os envolvidos neste processo necessitam compreender o currículo com um artefato social, uma produção histórica em tempo real.

Áreas do conhecimento e integração curricular

O currículo integrado precisa por meio de conteúdos sistematizados, emancipar os educandos, valorizando-os enquanto sujeitos históricos. Sujeitos estes que se compõem a partir de sua prática no trabalho, produzindo cultura, utilizando-se da ciência e da tecnologia. Por isso as áreas de conhecimento na organização curricular devem expressar o potencial de aglutinação, integração e interlocução de campos de saber, ampliando o diálogo entre os componentes curriculares e seus respectivos professores, com consequências perceptíveis e transformadoras da cultura escolar rígida e fragmentada.
Desse modo, na prática, o currículo integrado visa o desenvolvimento de saberes científicos que  se entrelaçam às  inúmeras matérias do currículo escolar formal. Para tanto, é imprescindível o reconhecimento do caráter histórico-cultural da formação humana nos leva ao encontro do avanço do conhecimento científico e tecnológico, e isso significa, em termos curriculares, que se parta da contextualização dos fenômenos naturais e sociais, de sua significação, a partir das experiências dos sujeitos, bem como da necessidade de superação das dicotomias entre humanismo e tecnologia. Tal organização curricular pressupõe, ainda, a ausência de hierarquias entre saberes, áreas e disciplinas. Ademais, é preciso considerar que o enfoque abstrato, quantitativo, rigoroso, suscita, no cotidiano da sala de aula, um caráter demasiado acadêmico e distante das experiências dos alunos, o que dificulta a sua preparação como cidadãos críticos de seu contexto social.
Nessa tentativa de olhar o currículo de forma diferenciada, há que se pensar o trabalho como princípio educativo, pois ao trabalhar, o homem vai utilizando a sua força de trabalho, e ao mesmo tempo trabalha também para repô-la, ou seja, quando o trabalhador produz bens para suprir satisfação. No processo de trabalho, o homem transforma a natureza, e neste processo transforma não somente a essa, mas também a si e aos outros. Os homens vão produzindo a satisfação das suas necessidades na medida em que compartilham os produtos dos trabalhos com os outros seres humanos, como a busca de alimento, por exemplo. Uma vez supridas essas outras são geradas, desta forma que as relações de produção foram se tornando cada vez mais complexas. Essa relação de trabalho enquanto princípio educativo deve ser assegurada na implementação do currículo.

Organização e gestão democrática na escola

O termo democracia refere-se à forma de governo, e significa governo da maioria. Dessa forma a expressão gestão democrática deve ser usada nas relações cotidianas do âmbito escolar,  explicitando uma linha de ação pautada na vontade e interesse da maioria. Por um lado a gestão democrática busca a participação de todos e a autonomia nas tomadas de decisões, por outro existem amarras que prendem em virtude da lei, das políticas governamentais e da ordem do estabelecimento de ensino. Não basta que a comunidade escolar seja convidada a participar, é necessário dar condições para que a participação ocorra de maneira efetiva.
As formas engessadas dos segmentos da escola devem ser combatidas de modo veemente, pois não há gestão democrática quando os órgãos que compõem a escola são instituídos de modo autoritário. Nossa escola propicia momentos democráticos, quando no voto escolhem membros do conselho escolar, formação da APMF e em alguns momentos quando professores e funcionários participam da construção do PPP da escola, mas isso não é o suficiente, pois a democracia vai além de legitimar estes segmentos. No âmbito escolar temos várias instâncias colegiadas que possibilitam a gestão democrática, entre elas podemos citar: o Conselho Escolar, a APMF, Conselho de Classe e o Grêmio Estudantil.
As práticas que a escola faz para que a comunidade escolar possa contribuir para o processo de democratização das decisões em busca de objetivos comuns, acontece de várias formas, porém não são suficientes. Como exemplo, a utilização dos recursos financeiros em que eles mobilizariam realmente os setores da escola a fim de destinar o dinheiro para questões consideradas essenciais; fazem parte de uma autonomia limitada, pois há prévia destinação destas pelos órgãos mantenedores, minimizando e ocultando as instâncias colegiadas ao cumprimento de um papel burocrático.
Essa democracia tão almejada pela escola pública na sua esfera administrativa e pedagógica vai refletir diretamente no desempenho dos alunos e no trabalho dos profissionais da educação. Para que esse seja satisfatório, é preciso que a opção democrática faça parte do projeto político pedagógico, e que o respeito a tais princípios seja destacado na ação individual de cada membro da comunidade educacional, sem exceção. Isso se concretizaria se cada ação individual fosse fruto da decisão e participação coletiva.

Avaliação do Ensino Médio

É necessário discutir e repensar as práticas de avaliação realizadas nas escolas, visando a melhoria da qualidade da educação, não apenas no Ensino Médio mas na educação como um todo.
Além das avaliações internas realizadas pela escola, também temos as avaliações externas, aplicadas em larga escala. As avaliações internas demonstram o desempenho da escola especificamente. Os critérios e instrumentos de cada disciplina/série/ano devem ser definidos coletivamente (professores e comunidade escolar) no Projeto Político Pedagógico.
As avaliações externas, por sua vez, indicam diretrizes e norteiam as políticas públicas mais amplas, como Currículo, Financiamento, Formação de Professores, Organização do ensino, entre outros.
Ambas devem ser discutidas amplamente pelos profissionais da educação, pois os resultados das avaliações, tanto internas como externas têm demonstrado o nível de aprendizagem dos alunos do Ensino Médio.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno I: ensino médio e formação humana integral. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.

______. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno II: o jovem como sujeito do ensino médio. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.

______. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno III: o currículo do ensino médio, seu sujeito e o desafio da formação humana integral. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.

______. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno IV: áreas de conhecimento e integração curricular.Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.

______. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno V: organização e gestão democrática da escola.Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.

______. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno VI: avaliação no ensino médio. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Básica. Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio: formação continuada para os professores do Ensino Médio do estado do Paraná - Cadernos I; II; III; IV; V; VI e VII. Curitiba, 2013.

______. Secretaria de Estado da Educação. Departamento da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Orientadoras para a Rede Estadual de Educação do Paraná. Curitiba, 2008.

RAMOS, Marise. Possibilidades e desafio na organização do currículo integrado. IN.:FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise (orgs). Ensino Médio Integrado: concepção e contradições. São Paulo: Cortez, 2005.

SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v. 12, n. 34, p. 152-165, jan./abr. 2007.

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