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É certo que a melhoria da qualidade do Ensino Médio, não depende apenas de metodologias. No entanto, é imprescindível destacar como fator de melhoria a formação acadêmica do professor, a formação continuada e a concepção de educação que se materializam no fazer pedagógico. Nós do coletivo de professores do grupo de estudo do município de Jesuítas – PR, entendemos que a formação continuada dos professores, sendo esta de responsabilidade da escola que, infelizmente, devido a sua estrutura organizacional não está conseguindo realizá-la com eficiência e tão pouco contribuindo com a transformação da visão arcaica de educação que ainda predomina entre muitos. Pensamos que a escola deve investir na formação continuada de seus professores, não no sentido de preencher lacunas da formação acadêmica, mas a partir da compreensão do que é essencial na formação integral do ser humano. Nas diferentes realidades escolares verificamos o predomínio da visão urbano-cêntrica capitalista na formação dos jovens do Ensino Médio, que impõe um padrão de pensar, de agir, de sentir, de sonhar, de ser, que exclui outras maneiras de ver o mundo e construir a vida. Como consequência dessa visão temos: a homogeneização da cultura, o individualismo, a competitividade, a discriminação, a exclusão, a desigualdade social. Fatores que ocasionam, dentre outros, a entrada precoce e desqualificada do jovem no mercado de trabalho e a evasão escolar por não conciliar trabalho e escola. Nessa visão capitalista, o trabalho é abordado não como princípio educativo, mas como meio para adquirir algo. Diante disso, vemos que temos muito que a aprender com o Paulo Freire para transformar essas discussões em temas geradores na sala de aula.
A relação dos jovens com a escola é permeada por múltiplos sentidos e significados, por sentimentos positivos e negativos. Como espaço de encontro e sociabilidade, mas também do ponto de vista da sua função em termos de produção e transmissão de saberes e conhecimentos úteis à vida, à continuidade dos estudos e ao trabalho, ela é vista positivamente pelos jovens. Por outro lado, a ausência de políticas educacionais adequadas, os problemas de infraestrutura e pessoal, o funcionamento precário do turno da noite, entre outros problemas, produziam um sentimento de abandono que se expressava numa visão muito crítica sobre a escola (Dayrell et al., 2009). Conforme constatou Sposito (2005), os jovens brasileiros viveram a expansão recente das oportunidades educacionais em um contexto de crise social. Para a autora, a escola se constitui em uma referência para esta geração, fazendo parte de suas práticas e expectativas, "embora reconheçam os limites no impacto que a instituição escolar tem sobre suas vidas" (p. 123). Nesse sentido, propomos uma escola mais aconchegante, que valorize os saberes advindos de nossos estudantes. Incentivar o diálogo e propor atividades mais lúdicas e dinâmicas, especialmente para aqueles trabalhadores que estudam no período noturno, trabalhar a interdisciplinaridade de fato, aprofundar no conhecimento pessoal da realidade de cada estudante – seja através da escrita ou da oralidade -, são ações que propomos para superar a barreira que tantas vezes, separa o aluno do professor, o ensino da aprendizagem...
Considerando que a função da escola pública é permitir aos alunos o acesso ao saber sistematizado, traduzido em conteúdos significativos das diferentes formas de expressão do conhecimento da ciência, da arte ou técnica, (SUED/SEED, 1998), é muito importante o aprofundamento por parte dos professores, dos fundamentos teóricos metodológicos que embasam as Diretrizes do Ensino Médio e desta forma poderem propor mudanças e/ou adaptações no espaço escolar no qual atuam. Neste sentido, orientamos as discussões e reflexões nas reuniões do grupo de estudos do Pacto para o Fortalecimento do Ensino Médio, no intuito de encontramos coletivamente as estratégias adequadas ao desenvolvimento de uma educação que possibilite a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, concretizada em uma perspectiva que possibilite a formação integral do ser humano. Após as discussões e reflexões sobre o currículo e a questão da interdisciplinaridade entre os conteúdos disciplinares, decidimos propor uma ação para o próximo ano letivo. Os professores de cada área do conhecimento farão uma análise dos Planos de Trabalho Docente de cada disciplina com o objetivo de percebermos as ligações e as possibilidades de trabalho interdisciplinar entre elas. Desta forma, a intenção é que no início do próximo ano letivo, na Semana Pedagógica, possamos propor aos demais professores do colégio, um trabalho efetivo de interdisciplinaridade entre as disciplinas que compõem a matriz curricular do Ensino Médio. Outra ação diz respeito aos critérios de distribuição das turmas que, seja feito pelos educadores do estabelecimento no inicio do ano letivo levando em conta observações do Conselho de Classe realizada pelos Pedagogos e professores levar assim como o aproveitamento escolar e comportamento. Remanejamentos de forma a adequar o aluno na turma que melhor lhe convém, utilizando-se inclusive mudanças de turnos, também é uma alternativa. Nestes casos, os pais ou responsáveis serão consultados e comunicados sobre o motivo pelo qual a medida está sendo tomada. Acreditamos que uma Gestão realmente democrática deva ter como prioridade um ambiente favorável a efetiva aprendizagem. Para tanto, os principais interessados – os estudantes – devem ser ouvidos. Promover mais canais de interação entre a direção, equipe pedagógica, professores, funcionários e estudantes é uma proposta a ser pensada para o próximo ano letivo.
Quanto as Avaliações externas, podemos afirmar que nossos alunos participam significativamente dessas avaliações (ENEM, IDEB, SAEP, OBMEP, entre outras). O reflexo do ENEM pode ser percebido através dos comentários que os alunos fazem entre si e com seus professores quanto as provas que realizam (nível de dificuldade, conteúdos abordados, tema de redação, etc.). É neste contexto que o professor pode oportunizar uma discussão maior, destacando a importância dos conteúdos em sala de aula bem como melhorar a organização e seu plano de ensino fazendo adequações que vá de encontro com os anseios dos educandos. Como ação efetiva para melhorar e alcançar níveis promissores nas avaliações externas sugere-se atividades como:
a) Elaboração coletiva de questões que possam ser trabalhadas de forma interdisciplinar em momentos distintos de acordo com o andamento do conteúdo de cada disciplina.
b) Criar um banco de dados com questões coletadas das avaliações externas possibilitando que os professores das diferentes disciplinas trabalhem no transcorrer do ano dando enfoque de acordo com o seu conteúdo.
O resultado deste trabalho poderá ser verificado através de uma gincana de conhecimentos em momentos adequados do ano letivo, cujas questões poderão estar na íntegra ou sofrerem modificações. Enfim, acreditamos que os estudos até agora foram importantíssimos para nos aproximarmos ainda mais da realidade do Ensino Médio brasileiro, e contribui de forma significativa para delinear novas ações no intuito de um Ensino que realmente efetive a aprendizagem.
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