Texto referente ao caderno IV - Colégio Estadual La Salle

Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
Etapa I
Caderno IV
Áreas do conhecimento e integração curricular
A discussão inicial sobre o tema do caderno IV partiu da percepção que os professores teriam a respeito do fato de os alunos apresentarem tantas dificuldades de aprendizagem. Foram levantados os chamados “mitos” de cada disciplina. Vale mostrar que a definição do que é um mito passa ideia representação fantasiosa, a fim de dar uma interpretação e uma explicação aos fenômenos da natureza e da vida. Foram citados mitos próprios da escola tais como o que afirma que o aluno não quer nada; a Geografia é decorar; em Arte é só desenho; a Física é difícil, o aluno especial não aprende, e outros mais, relacionados a cada disciplina. A enunciação destas fantasias sobre a o fazer da escola, forçou uma pequena reflexão a respeito do fato de que esta visão dos conteúdos seja o retrato da forma fragmentada com que, hoje, os alunos recebem o conteúdo das diversas disciplinas e de como essa prática pode estar relacionada ao fracasso escolar.
Avançando na discussão, e pautados nos textos teóricos, os cursistas concluíram que a descontextualização cultural e social dos conhecimentos escolares leva ao insucesso e ao fracasso da aprendizagem, o que evidencia a incapacidade da escola pública em preparar o educando para o trabalho relacionando a teoria com a prática. O grupo de professores foi chamado a refletir sobe a questão colocada no texto do caderno IV: “Seriam as estruturas lógicas das disciplinas a melhor forma de promover uma formação que leve ao desenvolvimento humano integral dos nossos estudantes?” Ou seja, elaborar o planejamento levando em conta somente o objeto de estudo de cada disciplina, de forma desarticulada das demais áreas do conhecimento e de sua aplicação no cotidiano do aluno, seria o mais eficiente a se fazer? A resposta a esta questão nos levou de volta ao tema da interdisciplinaridade.
Neste momento das reflexões sobre a fragmentação dos conteúdos oferecidos pela escola, a discussão sobre o filme do físico Fritjof Capra, trouxe uma questão a ser analisada que é o paradigma reducionista/ cartesiano — que orienta uma visão de mundo mecanicista e fragmentada — a ser vencido por novos paradigmas que possibilitem uma visão mais sistêmica da realidade humana. Sobre o filme, foi interessante observar que:
Com seus diálogos bem engendrados os três personagens nos fazem alcançar uma nova visão de mundo, a qual estabelece relação de tudo com tudo. Esse novo paradigma bate à porta da própria condição humana atual, por meio dos processos de convivência e interação - muito embora de forma ainda refreada, incipiente - e é, no nosso caso, o grande desafio dos professores, já que terão que contrapor esta concepção com a visão fragmentada do conhecimento, praticada no cotidiano escolar.
(http://www.overmundo.com.br/banco/resenha-do-filme-o-ponto-de-mutacao. Acessado em 06/11/2014)

 

Os textos do caderno afirmam que as referências dos conhecimentos da ciência e da tecnologia organizam o nosso modelo de sociedade e que os conhecimentos escolares resultam desconectados das realidades que a própria ciência ajuda a construir, assim, ao ministrar aulas da forma como se faz hoje, é negar o direito do educando a esses conhecimentos, é negar-lhe o direito à vida socialmente organizada.
Uma tendência para interpretar o processo de disciplinarização com vistas à superação da fragmentação e da compartimentação dos conhecimentos consiste em considerar que a disciplina científica, a disciplina acadêmica e a disciplina escolar têm constituições diferentes e cumprem finalidades sociais distintas. (PACTO PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO, p.7).

Na busca da elaboração de um pensamento crítico das práticas pedagógicas dos participantes, as seguintes questões foram postas:
1º) O que são as áreas de conhecimento e qual sua relação com o currículo;
2º) O ensino integrado: trabalho, ciência, tecnologia e cultura;
3º) Caminhos para a aproximação do conhecimento das diferentes áreas: o trabalho como princípio educativo e a pesquisa como princípio pedagógico;
4º) O projeto curricular e a relação entre os sujeitos, além da relação  destes com as práticas daquele.
Das respostas apresentadas pelos professores, foi possível perceber a falta de diálogo entre os conteúdos trabalhados por cada representante de área do conhecimento, e o mal-estar de perceber que passa por cada um a mudança da qualidade do ensino hoje oferecido ao aluno do ensino médio.  Assim, imediatamente, as sugestões de amarração de assuntos comuns a várias disciplinas foram sendo apresentas de forma natural, denotando um desejo de resgatar a essência de ser um corpo docente, de oferecer ao aluno um todo coerente e coeso, e não fragmentos de saberes desarticulados entre si e sem correspondência com o mundo fora da escola.

HISTÓRICO DA FRAGMENTAÇÃO DAS DIVERSAS ÁREAS DO CONHECIMENTO
Para o homem pré-histórico, era o mito que proporcionava o entendimento das “coisas” do mundo pela presença dos deuses em sua origem  O nascimento da Matemática e da Astronomia permitiu que a consciência mítica fosse substituída pela consciência racional, mas o saber ainda conserva a visão global Pouco a pouco, a análise científica da realidade destrói a unidade e se desintegra em saberes cada vez mais especializados, que explodem cada vez mais em disciplinas particulares E quanto mais as disciplinas se diversificam, mais elas se distanciam da realidade humana. Nas ciências, o espaço da vida se converte num território neutro e universalizado o qual faz com que o indivíduo se dissocie de sua essência humana.
Para que as pessoas possam compreender o mundo e produzir novos conhecimentos, é preciso que elas se apropriem do conhecimento já produzido socialmente ao longo da história. Assim, faz-se uma transposição dos campos científicos para as disciplinas escolares. As áreas de conhecimento devem ser compreendidas como conjunto de conhecimentos cuja afinidade entre si pode se expressar pela referência a um objeto comum não equivalente aos específicos de cada componente curricular. As áreas de conhecimento na organização curricular, portanto, devem expressar o potencial de aglutinação, integração e interlocução de campos de saber, ampliando o diálogo entre os componentes curriculares e seus respectivos professores, trata-se de um tipo de organização que tem a interdisciplinaridade como princípio.

O ENSINO INTEGRADO: TRABALHO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA

A reestruturação do currículo do ensino médio, para atender às necessidades dos alunos e da sociedade, passa pelo entendimento de alguns conceitos, tais como trabalho, ciência, tecnologia e cultura e como esses elementos se interligam na elaboração dos planejamentos das escolas.
As novas DCNEM nos dão pistas nesse sentido, ao apontarem as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando- os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo. (Caderno IV, p.20)

  Entendemos como trabalho o modo pelo qual o ser humano produz para si o mundo, os objetos e as condições de que precisa para existir. Cultura é o conjunto dos resultados dessa ação sobre o mundo. A ciência e a tecnologia são produções humanas, resultados de uma ação transformadora consciente do ser humano, e, reconhecer isso é caracterizá-las como parte da cultura e, consequentemente, como bens que são constantemente produzidos e reproduzidos. A ciência é a forma de resposta adaptativa de que somente o homem se revela capaz por ser o animal que vence as resistências do meio ambiente mediante o conhecimento dos fenômenos, ou seja, mediante a produção da sua existência, a individual e a da espécie. Tecnologia, podemos considerá-la como uma coleção de sistemas, incluindo aí não apenas instrumentos materiais, mas igualmente tecnologias de caráter de organização (sistemas de saúde, de educação), projetadas para realizar alguma função.
Neste ponto do estudo do caderno IV, foi feita reflexão pelo grupo de cursistas do trecho do livro Cartas a Théo, de Vincent Van Gogh. Ficou evidenciada a dificuldade, no primeiro momento, a dificuldade que temos de perceber interdisciplinarmente todos os matizes do fazer humano. A correlação de saberes necessária para desempenhar qualquer tarefa humana. Assim foi esclarecedor ouvir o que cada professor percebeu de seu campo de conhecimento na fala do autor. Assim, na Matemática entre outras, destacou-se a possibilidade do estudo da profundidade explorada pelo pintor na elaboração da pintura. Para a Geografia, observou-se a possibilidade do estudo das eras geológicas, envolvendo a transformação que origina o carvão. A Física destacou o estudo do carbono presente no carvão com o qual o artista afirma obter efeitos variados quando umedecido, detalhe perfeitamente imperceptível ao professor-leitor, formado e formador no modelo cartesiano de ensino, onde o conhecimento á acessado isoladamente, como que de “gavetas”, que são puxadas no momento da aula.  Sucessivamente todos apresentaram uma forma de enfocar o assunto na perspectiva de sua disciplina, possibilitando, assim, a elaboração do plano interdisciplinar em Power point, tarefa que encerra as discussões do caderno IV.

C. E. LA SALLE – EFM – CURITIBA/PR

Coordenação pedagógica e Orientadoras de Estudos:
LEILA REGINA SANCHES e CLARICE PRECIDINA DE SIQUEIRA.
Texto produzido pelos seguintes integrantes:
ANTONIO CARLOS MOREIRA
CLAIRE CRISTINA DE OLIVEIRA
CRISTIAN MALVINA DA SILVA GUERRA
ELIANE THOMAZ
ELI MAZUR
GERVASIO ROCHA
JONAS JOSE BERRA
JOSELIA PEREIRA DA SILVA
JOSE CARLOS REAL KOEHLER
MARIA APARECIDA DOS SANTOS MACHADO
ROSANE BRUM ALISON
SILVIA FERNANDA SOARES
TELMA CANATO
VANESSA TRUBER SUMBACH
VERA TERESINHA SARTURI
VILMA DE LOURDES FERRARI DE BASTIANI

REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I – caderno IV: ÁREAS DE CONHECIMENTO E INTEGRAÇÃO CURRICULAR/Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [ organizadores: Paulo Carraro Juarez Dayrell...et al.] . – Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.
Resenha do filme Ponto de Mutação disponível em:
(http://www.overmundo.com.br/banco/resenha-do-filme-o-ponto-de-mutacao. Acessado em 06/11/2014)