TEMATICA IV

 Para se produzir novos conhecimentos é preciso se apropriar do conhecimento já construído ao longo da história. Por isso, é necessário fazer uma transposição dos campos científicos para as disciplinas escolares. Porém, essas, quando consideradas apenas acervos de conteúdos de ensino distantes da realidade concreta, não permitirão o processo de ensino-aprendizagem que busca a compreensão da realidade do educando. Desse modo, contextualizar o conhecimento é mostrar que ele existe como resposta as necessidades sociais, históricas, econômicas e culturais.
Por assim ser, a ciência precisa reconstruir relações organizadas entre os conhecimentos resultantes da interação dinâmica desses campos. Para isso, as DCNEM orientam a organização do currículo em áreas do conhecimento: Linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas. Essas áreas devem expressar o potencial de aglutinação, integração e interlocução dos campos de saber, ampliando o diálogo entre os componentes curriculares. Para tanto, a interdisciplinaridade se faz necessária.
Deve-se elucidar que as DCNEM  apontam as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em dimensão histórica e em relação ao contexto social e contemporâneo.
No ensino integrado, os conteúdos são conhecimentos construídos historicamente que se constituem como condição necessária para que os educandos possam construir novos conhecimentos e compreender o processo histórico  e social pelo qual os homens produziram e produzem sua existências, conquistas e problemas. Assim sendo, o currículo integrado organiza o conhecimento e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem de forma que os conceitos sejam aprendidos como sistema de relações de uma totalidade concreta que se pretende explicar/compreender.
É preciso observar que a produção da existência humana se faz mediada pelo trabalho, pois ele é inerente ao ser humano, e está atrelado, primeiramente, a produção de bens, conhecimentos e cultura e, posteriormente, ao trabalho assalariado(herança do sistema capitalista). Diante disso, a educação deve ter o trabalho como principio educativo, pois compreende o ser humano como produtor de sua realidade e, por  isto, se apropria dela e pode transformá-la. É antes, uma concepção de mundo, de homem, e de sociedade e, portanto, da própria educação. Logo, é preciso formar pessoas para produzirem novos conhecimentos, compreender e transformar o mundo em que se vive.
Nesse ensejo, é preciso retomar a pesquisa como o meio pelo qual se instiga a curiosidade do estudante, em direção ao mundo que o cerca, gera inquietude, para que não sejam incorporados “pacotes fechados” de visão de mundo, de informações e de saberes, quer do senso comum, escolares ou científicos. 
Convém expor que a proposta curricular engloba planejamento pedagógico; organização do trabalho escolar; gestão democrática; eleição das lideranças; autonomia de escola; participação da comunidade. Para tanto, o currículo deve ser dinâmico e permanentemente avaliado, devendo ser modificado sempre que não atender aos anseios da comunidade.
Por fim, o currículo deve se basear nos eixos ético-políticos; integração trabalho/ ciência/tecnologia/cultura; integração escola-comunidade; democratização das relações de poder; enfrentamento das questões de repetência e evasão; visão interdisciplinar; formação permanente dos educadores. Além disso, deve ser estruturado em torno dos problemas, tendências econômico-sociais e culturais característicos da região.