TEMÁTICA DO CADERNO 3 - COLÉGIO ESTADUAL JUSCELINO K. DE OLIVEIRA – FOZ DO IGUAÇU - PR

TEMÁTICA DO CADERNO 3 - COLÉGIO ESTADUAL JUSCELINO K. DE OLIVEIRA – FOZ DO  IGUAÇU - PR       
Caderno llI - O Currículo do Ensino Médio, seus sujeitos e os desafios da formação humana integral

‘O Currículo do Ensino Médio precisa ter como base uma pedagogia de formação humana integral com foco nos conteúdos científicos e que este seja entendido na dialética (movimento) da realidade social, assim como um projeto muito bem elaborado que surjam a partir da necessidade de conteúdos das aulas (que não force a junção de disciplinas. Na universidade há "projetos de extensão" que tem o intuito de ir para além da sala de aula, envolvendo a comunidade também, mas claro, no sentido de levar o conhecimento por meio deste e não somente ficar resolvendo as mazelas do capital. Isso mostra que o foco no processo ensino aprendizagem é de como me utilizo dos instrumentos que disponho, não posso utilizar do ato disciplinar para ser autoritário, mas posso utilizá-lo como meio essencial de o jovem aprender. Função social da escola: ensinar!
  Ao longo da história o Ensino Médio esteve voltado para a formação acadêmica, para o ingresso no ensino superior ou uma formação técnica voltada para o trabalho. O trabalho nas escolas visava competição, repetição e fragmento. Então foi pensada qual organização curricular favoreceria na atualidade um sentido pleno às experiências vivenciadas no âmbito escolar?
        A proposta aqui agora é lançada: “Pensar a formação humana em sua plenitude”, no qual o fazer pedagógico esteja em consonância com os sujeitos aos quais se destina.
            De acordo com as DCE's as dimensões do trabalho, da ciência, tecnologia e cultura, é necessário trabalhar de forma integrada em sala de aula. Então, fica uma questão para reflexão: “Quais práticas vivenciadas pelos alunos e professores, ainda permanecem como desafio e que ações podem ser desencadeadas para aproximar realidade e experiências ali demonstradas? (Vídeo: Sete vidas eu tivesse).
          Como é essa forma integral? O planejamento é um processo político, tem partida e chegada, objetiva a reflexão e a qualidade da educação. O mesmo deve envolver: alunos, professores, coordenadores pedagógicos e gestores.
          Destaca-se que a ciência e a tecnologia são resultados do saber humano, e que, portanto, estarão sempre presentes em nossa vida, e quando os alunos reconhecem a importância de assumirem uma postura crítica ao analisarem aos feitos científicos destas, faz com que estes, enquanto cidadãos percebam que tem direitos e deveres e, principalmente, a capacidade de intervir em seu cotidiano.
No Parecer CNE/CEB 05/2011 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, Há pontos pertinentes que se considera geradores de debates e polêmicas:
o Reconhecimento dos sujeitos do ensino médio e dar centralidade aos conhecimentos e saberes representa uma intencionalidade política e uma concepção inovadora.
o Defasagem de idade;
o Transição para uma possível autonomia.
o São sujeitos das suas próprias ações.
o A relação da juventude com a educação escolar tornou-se, em vista disso, um grande campo de disputa, não apenas geracional, mas político e cultural, no qual a potencialidade de conquista de autonomia confronta-se com o formalismo escolar e com interesses políticos e econômicos distantes das necessidades desses sujeitos.
o Um ensino médio que articule trabalho, ciência, tecnologia e cultura não pode ser homogeneizada e padronizada por parâmetros e prescrições curriculares.
o Necessidade de  assegurar que um conjunto de conhecimentos e saberes científicos, éticos e estéticos seja garantido no ensino médio a partir da diversidade dos seus sujeitos.
o Possam ter o direito ao patamar básico nesta etapa de educação básica com um grau de universalidade histórica construída nessa diversidade. Os conceitos estruturais do ensino médio na perspectiva da formação humana integral
o O ensino médio aqui caracterizado inclui o conceito de formação humana integral e se organiza na perspectiva da integração entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura (...) e suas relações de interdependência.
o Conceito de trabalho (...) Uma mediação central no processo de produção da existência e objetivação da vida humana.
o Desse ponto de vista, a dimensão ontológica do trabalho é referência para a produção de conhecimentos e de cultura pelos grupos sociais, como também para a organização pedagógico-curricular da educação básica.
o A esta concepção de trabalho está associada a concepção de ciência e tecnologia: conhecimentos produzidos, sistematizados e legitimados socialmente ao longo da história.
o A cultura (...) em vista de uma compreensão que se articula às concepções de trabalho, de ciência e de tecnologia acima descritas, é entendida como as diferentes formas de criação da sociedade, incluindo as práticas de produção da existência humana, seus valores, suas normas de conduta, suas obras.
o Compreender a relação indissociável entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura, objetivo central da organização curricular do ensino médio, significa compreender o trabalho como princípio educativo, posto ser por meio do trabalho que se pode compreender o processo histórico de produção científica e tecnológica, bem como o desenvolvimento e a apropriação social desses conhecimentos para a transformação das condições naturais da vida e ampliação das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos.
o Por essa razão é que explicitamos nossa concordância com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio.
A partir delas é possível delinear um novo roteiro para esta etapa da educação básica, de forma a levar a uma formação que não dissocia a cultura da ciência e do trabalho, possibilitando aos estudantes compreenderem que os conhecimentos e os valores característicos de um tempo histórico e de um grupo social trazem a marca das razões, dos problemas, das necessidades e das possibilidades que orientaram o desenvolvimento dos meios e das relações sociais e de produção.
O grande desafio é garantir uma educação contextualizada e de   qualidade.    E sabemos  que  é um direito individual humano e coletivo, isto  implica  em considerar o seu poder de habilitar para o exercício de outros direitos, isto é, potencializar o ser humano como cidadão pleno, apto para viver e conviver, em condições plena, transcendendo espaços e tempo escolares, socializando cultura de vida, construindo e transformando saberes, conhecimentos e valores.
As normativas que regem o Ensino Médio, orienta uma abordagem significativa no contexto da aprendizagem, para que isto possa acontecer  com plenitude é necessário  maior flexibilidade no currículo para atender todas as diversidades e interesses de diferentes alunos.
Redesenhar uma proposta inovadora para o EM, é pensar na implementação de currículo, que se possa fazer um planejamento, que contemple atividade contextualizada e diversificada. Sabemos que o currículo atual está longe desta realidade, ou seja que forme o aluno que forme o aluno como cidadão e para o mundo do trabalho. Para tanto,  o currículo além de flexível, deve ter diferentes alternativas, para que os jovens tenham a oportunidade de escolher formativos que atenda seus interesses, necessidades e aspirações.
O maior desafio da EMI estão em relação aos alunos que trabalham e estudam, devido as dificuldades para  conciliar as duas tarefas.
A apropriação do conhecimento científico de maneira geral está desconectada do conhecimento prévio do aluno, isto é, o que se aprende em sala de aula não se aplica ao seu trabalho, isto, gera desinteresse e abandono dos estudos. Por outro lado, temos um currículo pronto a ser cumprido, que não dá abertura para inserção de inovações que contemple o aluno trabalhador.
Quanto ao educador, seu planejamento precisa corresponder com as normativas e diretrizes que rege o sistema educacional. Para que a educação seja construtiva e reflexiva se faz necessário mudanças  significativas no sistema educacional. Para então pensar na possibilidade de um currículo que contemple uma formação intelectual, moral e uma tomada de consciência significativa e  que possa superar limitações de forma emancipatória.  Enfim, pensar numa educação voltada para a emancipação é tomar conhecimento de uma educação com foco no conhecimento científico, na crítica e na  reflexão.
Para concretizar efetivamente nas escolas e minimizar o atual distanciamento existente entre as diretrizes e a sala de aula, se faz necessário o envolvimento de outros segmentos sociais: estado e família, cujas referências estão no ECA  e na Carta Magna. Outro fato importante é a necessidade da aproximação da lógica social, ou seja, a dos papéis e das funções sociais em seu dinamismo.
Outro limite apontado pela comunidade educativa e a desproporção entre as unidade federadas do Brasil, sob pontos de vista, recursos financeiros, presença política, dimensão geográfica, demografia, recursos naturais e traços socioculturais.
Entre múltiplos fatores pode-se destacar a obrigatoriedade  de conteúdos como um roteiro a ser cumprido para preencher uma lacuna equivocada e pouco  dialógica. Entretanto a educação não viabilizada por decreto, resolução,  portaria e similar, ou seja, não se efetiva tão somente por prescrição de atividades.

  O currículo é, por consequência, um dispositivo de grande efeito no processo de construção da identidade do (a) estudante (p. 27). Currículo refere-se, portanto, a criação, recriação, contestação e transgressão (Moreira e Silva, 1994).
A escola, face às exigências do EM, precisa ser reinventada: priorizar processos capazes de gerar sujeitos inventivos, participativos, cooperativos, preparados para diversificadas inserções sociais, políticas, culturais, laborais e, ao mesmo tempo, capazes de intervir e problematizar as formas de produção e de vida. A escola tem, diante de si, o desafio de sua própria recriação, pois tudo que a ela se refere constitui-se como invenção: os rituais escolares são invenções de um determinado contexto sociocultural em movimento.
A educação de qualidade social é conquista  manifestada pelos movimentos sociais. E exige compromisso e responsabilidade de todos os envolvidos no processo. São desafios assegurar o direito inalienável de cada brasileiro conquistar sua formação plena.
Realmente, para nós profissionais da Educação, encontrar essas tais respostas para tantos questionamentos que assolam a educação não é uma tarefa das mais fáceis. E quanto mais debatemos sobre o tema, mais dúvidas e perguntas aparecem.
Em nosso debate, o primeiro apontamento relevante surgiu a partir de algumas colocações, são elas:
o O Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição já é elaborado de acordo com a realidade da comunidade em que a escola está inserida e sua elaboração conta com a participação de toda a comunidade escolar;
o A Proposta Pedagógica Curricular (PPC) está pautada na concepção sócio integracionista, propondo o compromisso com a formação humana e com o acesso à cultura geral, bem como, o respeito à diversidade cultural, à inclusão e ao perfil do educando. E também, a escola está sendo entendida como um espaço onde se produz o conhecimento, tendo por objetivo proporcionar uma formação intelectual, cognitiva e política, que favoreçam o respeito aos diferentes saberes próprios da cultura do educando preparando-o para conviver em sociedade;
o Na elaboração individual do Plano de Trabalho Docente (PTD), o currículo de certa forma, já é flexível e variável. Cada professor tem liberdade de organizar conteúdos, elaborar formas variadas de avaliações, atividades em sala e extraclasse de acordo com o interesse dos seus alunos e o desempenho de cada turma, o que é interessante para uns pode não ser para outros, então, um currículo diversificado generalizado seria desfavorável;
o Permitir que as instituições tivessem liberdade para redesenhar sua grade curricular e/ou carga horária das disciplinas de acordo com sua realidade e o interesse dos seus alunos, comprometeria de forma demasiada o ano letivo do educando nas solicitações de transferências de uma escola para outra, de uma cidade ou estado para outro, o que nos maiores centros, ocorre com freqüência durante o ano;
Diante dessas colocações, a única concordância em unanimidade, foi que o conhecimento científico aplicado em sala de aula deve continuar prevalecendo. E isso ficou mais evidente em frente à proposta de elaboração do mapa conceitual, onde foram levantados outros questionamentos, fragmentar disciplinas, reduzir a carga horária de umas para incluir outras, implantar quantidades de projetos, compromete significativamente o teor do conhecimento científico. É inevitável a comparação da contraditoriedade entre a teoria com a realidade. Na teoria propõe-se um currículo que busque romper com a centralidade das disciplinas e substituí-las por aspectos mais globalizadores e que abranjam a complexidade das relações existentes entre os ramos da ciência no mundo real. Na realidade, sem máscaras, quando trata-se de avaliar o índice da Educação (IDEB), são Língua Portuguesa e Matemática e nada mais, quando a disputa é um processo seletivo (ENEM, vestibular, concursos públicos, etc.) são os conhecimentos científicos, mais uma vez, em papel de destaque.
Aí perguntamos, onde nossos alunos de escola pública, sendo a maioria de classe baixa, irá suprir essa carência para competir de igual para igual com os de escolas particulares (os quais concorrem as mesmas vagas nas melhores universidades públicas) se reduzirmos deles esse acesso ao conhecimento? Cair-se-á novamente na velha medida remediativa das cotas?
Uma saída seria o ensino integral, porém ele tem como oponente o espaço físico das escolas e construir mais instituições de ensino seria um processo lento. Vale ainda salientar que um dos vilões da evasão escolar no ensino médio é o trabalho, muitos alunos já têm seu emprego e precisam dessa renda para viver. Um ensino médio integral ou com carga horária semanal aumentada, tornará a jornada diária ainda mais exaustiva para aquele aluno que está lutando para conciliar o trabalho com a escola. Apenas os educandos que não trabalham estarão sendo beneficiados.
Há anos é jogada nos ombros da Educação a responsabilidade de resolver os problemas sociais do país e em virtude disso, sua trajetória está marcada por mudanças radicais e retrocessos. Diante de tudo que foi observado, chegamos ao consenso de que o momento, embora requeira mudança, é de cautela. Cada passo deve ser minuciosamente analisado porque a desigualdade educacional e social brasileira é imensa e as conseqüências podem tomar proporções incalculáveis.