A sociedade atual vive um momento socioeconômico diferenciado. Apesar dos desafios financeiros, hoje a população de classe média baixa tem maior poder de compra, um fato novo se fizermos uma retrospectiva histórica. O mercado de trabalho dispõe das mais variadas oportunidades, e os que tem uma melhor formação, os que estão mais bem preparados tem condições de almejar oportunidades mais promissoras.
No entanto, quando pensamos na formação dos jovens de hoje, percebemos uma grande discrepância no que diz respeito à educação básica, especialmente na etapa final, o Ensino Médio. Nascimento (2007) discute essa temática histórica.
As políticas educacionais no Brasil para o Ensino Médio têm expressado o dualismo educacional fundamentado na divisão social do trabalho, que distribui os homens pelas funções intelectuais e manuais, segundo sua origem de classe, em escolas de currículos e conteúdos diferentes. O ensino médio tem sido historicamente, seletivo e vulnerável à desigualdade social.
Os jovens de classe média alta, normalmente, estudantes da rede particular de ensino, demonstram uma formação mais global, fruto de um currículo que abrange os principais focos da sociedade: o trabalho, a ciência, a cultura e por consequência a cidadania, tendo como principal objetivo permitir que este jovem esteja apto para ingressar no Ensino Superior e se tornar um profissional qualificado nas mais diferentes áreas. Já os jovens de classe média baixa tem, em sua grande maioria, sua formação básica realizada na rede pública de ensino, que tem também um currículo voltado para as necessidades da sociedade, mas não com a mesma eficiência na sua execução. O principal problema está na permanência desse jovem na escola, visto que suas necessidades financeiras o levam a trabalhar de forma precoce.
Uma reformulação do currículo do Ensino Médio vem sendo proposta com base em três pontos importantes: a questão curricular, a formação dos professores e a gestão da educação escolar, como mostra um estudo realizado pelos professores José Domingues, Nilza Toschi e João Oliveira da Universidade Federal de Goiás (2000).
Muitas considerações já foram e ainda serão feitas acerca dessa nova proposta para o Ensino Médio. Contudo, o principal foco desses estudos deve ser elaborar um currículo que permita aos alunos desta etapa, permanecer na escola, diminuindo cada vez mais a desigualdade de oportunidades. Uma sociedade justa não é aquela que oferece cotas para os menos favorecidos, mas sim aquela que oferece as mesmas oportunidades para todos os seus cidadãos.
Referências bibliográficas
NASCIMENTO, Manoel. Ensino Médio no Brasil: determinações históricas. UEPG Humanit. Sci., Appl. Soc. Sci., Linguist., Lett. Arts, Ponta Grossa, 15 (1) 77-87, jun. 2007. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/viewFile/594/581. Acessado em: 18/12/2014.
DOMINGUES, José. TOSCHI, Nilza. OLIVEIRA, João. A reforma do Ensino Médio: A nova formulação curricular e a realidade da escola pública. Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v21n70/a05v2170.pdf. Acessado em: 18/12/2014.
AUTORES: ELISANGELA APOLINARIO. GENESIO FREIBERG, LUCIMARA RICARDINI, MARAIZA PEREIRA, MARCIA BEZERRA, MARCIA PEDROZO, ROSICLER PRONSATE e SONI MARA OCHILISKI.