TEMÁTICA 2 - REFLEXÃO E AÇÃO
REFLEXÃO E AÇÃO - TEMÁTICA 2
COLÉGIO ESTADUAL JOÃO MANOEL MONDRONE
ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO, PROFISSIONAL E NORMAL
MUNICÍPIO: MEDIANEIRA – PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL: FOZ DO IGUAÇU
CURSISTAS: ANITA ELIZETE STEINBACH, CARMEN ADRIANA MENEGHEL, CRISTIANE COSTA DA SILVA E JUCERLEI JOSÉ MANTOVANI
QUESTÃO 1- Iniciamos nosso diálogo falando do “jogo de culpados” na escola. Como “virar este jogo” e construir novos relacionamentos entre professores e seus jovens estudantes?
Em sua percepção, faz sentido esta afirmação de que professores e jovens se culpam mutuamente e os dois lados parecem não saber muito bem para que serve a escola nos dias de hoje?
Que tal promover uma conversa na escola sobre a questão dos sentidos do estar na escola para professores e estudantes? E por que não elaborar estratégias para promover o reconhecimento mútuo? Por exemplo, você pode elaborar mapas das identidades culturais juvenis do bairro; redigir cartas aos jovens estudantes para que eles se revelem além de suas identidades uniformizadas de alunos; promover jogos de apresentação na sala de aula, dentre outras atividades. E em quais outras iniciativas podemos pensar para ampliar o campo de conhecimento sobre quem são eles e elas que estudam e vivem a escola? Buscar perceber como os jovens estudantes constroem o seu modo próprio de ser jovem é um passo para compreender suas experiências, necessidades e expectativas.
Acreditamos que não nos cabe ficar encontrando um culpado para a escola, que envolve toda a comunidade escolar, como alunos, professores, funcionários, equipe pedagógica e diretiva, que são reflexos de nossa sociedade, porém se faz necessário compreender este processo e tentar modificá-lo. É necessário um conhecimento de quem são estes sujeitos e respeitar as suas experiências, saberes, identidades culturais, sem esquecer que a função principal da escola seja o conhecimento científico, acumulado historicamente pela sociedade.
A escola sabe a sua principal função, já citado acima, porém diversos temas externos à sala de aula trazem uma nova dimensão para a unidade escolar, é necessário que a escola venha a conhecer melhor o seu público na atualidade, levando a escola a desenvolver um trabalho de formação humana que busque a compreender o significado do que é ser estudante e aluno nos dias de hoje.
Desta forma, propomos para uma turma de alunos, a partir da música de Charlie Brown Jr. – “Não é sério”, uma reflexão em grupos, que pudesse relatar:
a- Qual é o sentido dos jovens em estar na escola nos dias de hoje?
R: Para termos um bom futuro, um bom nível educacional e intelectual, para aprimorar nossos conhecimentos, para “subir na camada social”, estudar, nos preparar para uma faculdade, porque o estudo é essencial para a sobrevivência. É ter um futuro melhor, buscar um sentido para a vida, ser útil para a sociedade e para si mesmo (mesmo que nós não queiramos nos submeter à algumas coisas impostas), é ser um jovem pesquisador que futuramente pode mudar o mundo.
b- Qual é o sentido, que vocês acreditam que esteja, em seus professores estar na escola hoje?
R: Alguns acreditam na educação se preocupam com a nova geração, se identificam com a profissão, tem paixão pelo que fazem outros estão somente pelo salário e por não ter outra opção, aplicam apenas a matéria e dão trabalho e os alunos que se lasquem.
c- O que a juventude quer falar e a escola não quer ouvir?
R: Há um número elevado de trabalhos, nós queremos aulas que chamem nossa atenção, queremos ter a oportunidade de nos expressar. Há muitos trabalhos cansativos, sem graça.
d- O que é ser jovem e estudante nos dias de hoje?
R: É ser responsável que planeja seu futuro, um ser que busca alcançar seus objetivos, não ser inútil e sem conhecimento, é ter muitas responsabilidades e dores de cabeça. É difícil, pois existem muitas coisas que dispersam a nossa atenção, as coisas fora do colégio parecem mais interessantes,
As questões acima estão com as respostas sintetizadas, mas mantendo a ideia original. Após a reflexão foi criado um mural coletivo, deixando a expressão de nossos alunos frente a essas discussões, conforme o modelo abaixo:
Desta forma foi possível conhecer um pouco mais a realidade de cada aluno, as experiências e necessidades de nossos estudantes e a construção do ser jovem nos dias de hoje.
QUESTÃO 2- As pesquisas apontam que uma das coisas que os jovens mais fazem na internet é conversar. E que tal propor um diálogo com os estudantes na escola sobre as conversas na internet? Será que o que se conversa pela internet tem “menos valor ou importância do que aquilo que se diz presencialmente”? O que os jovens de sua escola diriam? Vamos tentar este papo como um exercício de aproximação com os estudantes? Professor, professora, sua escola está também aberta para o diálogo com as culturas juvenis que envolvem os jovens fora da escola? Que tal promover um diálogo sobre a questão, após assistir ao documentário O desafio do passinho: uma forma de expressão corporal e sociocultural? Ele está disponível no site: <http://www.emdialogo.uff.br/content/o-desafio-do-passinho-uma-formade-expressao-corporal-e-sociocultural>.
Em uma conversa realizada com alunos do segundo ano do ensino médio, percebeu-se a clara mudança de comportamento dos jovens nas últimas décadas em relação à convivência escolar. Os alunos dessa nova geração estão sim preocupados com as mudanças dessas tecnologias em sala de aula. Quando questionados sobre a questão relacionada a conversas em rede sociais as respostas se condizem com aquilo que eles chamam de “falas da mesma tribo”, com uso de palavras e escrita que eles mesmos vão criando nesse cenário virtual. Esse questionamento teve uma nova direção quanto foi passado a eles como o professor poderia usar esses benefícios para que as aulas se tornassem mais prazerosas e dinâmicas; foi apresentado por eles uma nova interação entre professores e alunos, como criação de grupos da mesma turma, utilização das redes para o professor disponibilizar trabalhos e material de apoio.
Essa distância hoje entre professores e alunos pode ser sim e deverá ser modificada, uma nova visão de trabalho docente com envolvimento de alunos e professores tornará uma escola mais propicia a estudos e formação.
Percebe-se também que os alunos sempre estão aptos a essas mudanças, pois esconder as mídias acreditando somente no seu lado negativo tornará o trabalho mais desgastante e impróprio para o estudo. Foi mostrado o vídeo “desafio do passinho” os alunos já conheciam esse material, mas mostraram também que o sul do país tem suas culturas, e que essas também deveriam ser mostradas a todos.
QUESTÃO 3- E nós, professores e professoras, como podemos ser parceiros e coconstrutores de projetos para o futuro dos jovens e das jovens estudantes? Que tal buscarmos estratégias metodológicas para que os estudantes falem de si no presente e de seus projetos de vida futura? Uma troca de correspondência entre os estudantes com a mediação docente pode abrir a possibilidade para o diálogo sobre as expectativas juvenis frente a vida. Da mesma forma, e pensando no presente de muitos jovens trabalhadores, tente também saber: quantos estudantes trabalham em suas turmas; que trabalho realizam; quais trabalhos já fizeram; sob quais condições; se foram feitos com segurança e proteção ou em condições de exploração e desproteção. Seus estudantes têm consciência de seus direitos de trabalhadores e trabalhadoras? Não trabalham, mas pensam em trabalhar ainda durante o tempo de escola? Que tal abrir um diálogo com eles sobre essas e outras questões?
Nesta fase da vida os jovens se defrontam como inúmeras perguntas “Quem sou eu?”, “Qual rumo devo dar à minha vida?”, “Para onde vou?”, questões essas que nos remetem a projeto de vida. Esses projetos também dependem do tempo histórico que esses jovens vivenciam, bem como, das características pessoais e valores que orientam a sociedade, recebendo influência pelas inúmeras possibilidades existentes, dependendo também do contexto socioeconômico-cultural que o jovem está inserido.
Essa questão trata de uma dimensão fundamental para se conhecer os jovens e os estudantes, as relações que estes estabelecem com o mundo do trabalho, para tentarmos conhecê-los e compreender os jovens estudantes de nossa escola, realizamos então uma pesquisa com algumas turmas do Ensino Médio, cursos Técnicos em Administração e Técnico em Informática nos três turnos.
Diante dos dados apresentados percebemos que os alunos que exercem trabalho remunerado em nossa escola em sua maioria estudam no período noturno, mas temos também uma boa parte trabalhando no período diurno, dado esse desconhecido até então. Do total de alunos pesquisados temos 56% que trabalham e 44% não trabalham.
Por ser considerada uma região agroindustrial baseado na agricultura percebemos que nossos alunos estão trabalhando em sua maioria no comércio e na indústria, os poucos que trabalham na agricultura são filhos dos colonos que auxiliam sua família para o sustento da mesma.
Outra questão pesquisada se refere às condições de trabalho desses alunos, percebendo que nas turmas do turno matutino e vespertino nossos alunos trabalham de forma informal e em algumas turmas prevalecem os estagiários. Já nas turmas do noturno se evidencia em sua maioria alunos com carteira assinada.
Quando questionados sobre a satisfação deles com seu trabalho, em sua maioria nossos alunos estão satisfeitos, pois como eles próprios colocam que por enquanto está satisfazendo suas necessidades que em sua maioria referem-se a roupas, aquisições tecnológicas e materiais e para sua diversão.
A última questão refere-se ao conhecimento que os mesmos têm com relação ao conhecer seus direitos, e segundo a pesquisa a grande maioria deles conhecem. Diante desse resultado nos perguntamos qual o nível desse conhecimento, o que eles realmente sabem sobre seus direitos?
Refletindo sobre esses dados coletados percebemos que enquanto educadores precisamos em nossas aulas tratarmos sobre as relações que os jovens estudantes de nossa escola estabelecem com o mundo do trabalho.
QUESTÃO 4- E se todos os professores e professoras se perguntassem sobre o que os jovens e as jovens estudantes pensam e sentem sobre a escola de Ensino Médio? Seria possível surgirem desta abertura à escuta e ao diálogo alternativas para a superação dos crônicos problemas de relacionamentos e realização da vida escolar que afetam o cotidiano de muitas escolas? O gênero carta pode ser uma boa alternativa para a abertura do diálogo com os jovens estudantes. Que tal então produzir coletivamente uma carta dos professores e professoras endereçada ao jovem estudante de sua escola?
Esta carta coletiva pode ser afixada num mural, entregue a cada um dos estudantes ou mesmo ser publicada na internet. Acesse no Portal EMdiálogo a carta ao jovem estudante elaborada coletivamente por professores do estado do Ceará: <http://www.emdialogo.uff.br/content/cartaao-jovem-estudante>.
Olá, jovens estudante!
Vocês sabiam que nós, professores, nos preocupamos com vocês? Após dezenas de anos de experiência no trabalho docente, experiência diária que nos trazia várias reflexões no final de cada dia de convivência com os alunos, vemos que aprendemos e continuamos a aprender muito com vocês e permanecemos na certeza de que também aprenderam e aprendem muito conosco. Talvez não somente os conteúdos que desenvolvemos em sala, mas a convivência com os jovens fez com que tivéssemos um olhar mais atento ao seu comportamento, seus sonhos, suas angústias, suas individualidades, seus prazeres, suas lutas, enfim, aproximou-nos deste universo tão complicado que envolve esta fase da vida dita como conturbada.
Toda a instituição escolar foi estruturada e está voltada para bem atender a vocês. Alguns valorizam e respeitam o ambiente escolar, mas outros se referem a este local como se fosse uma prisão, um quartel general, pois não estão habituados ou se recusam a seguir as normas básicas de convivência. A escola é um ambiente de convivência social que imita a sociedade como um todo.
Por mais que os professores se esforcem, jovens, nunca vão conseguir atingir a totalidade no atendimento ideal a seus educandos, pois vocês gostariam, e em muitos casos necessitariam de uma atenção especial, principalmente pelas dificuldades e conflitos individuais próprios da fase que estão vivenciando e que tenho certeza de que influenciam muito no seu rendimento escolar.
Os fatores que favorecem de distanciamento entre nós professores e vocês alunos são muitos. É a mesma diferença que gera conflitos de convivência entre pais e filhos. Os pais e os professores já têm uma experiência de vida que vocês insistem em ignorar, pois querem aprender tudo sozinhos. Geralmente, o resultado disso é a verificação, após um tempo, que e as pessoas que queriam orientar vocês a seguirem o melhor caminho, estavam com as melhores intenções. Isto se referindo aos seus estudos, à sua formação.
Em nossos dias, o universo juvenil tem como hábito o uso da tecnologia. É difícil imaginar um jovem que não esteja constantemente conectado ao mundo virtual, principalmente às redes de relacionamentos sociais. Este comportamento tornou-se uma forma de identificação para os diversos grupos a que vocês pertencem. Nós, educadores, estamos sempre acompanhando e nos adaptando a estas transformações, que são reflexos da mudança da própria sociedade.
A preocupação de todo professor que tem seu trabalho voltado a vocês, jovens do ensino médio, está na verificação da falta de compromisso em assumirem a responsabilidade de serem estudantes, pois demonstram que estão interessados somente na busca do que venha suprir suas necessidades imediatas, sem uma perspectiva de realização de um sonho ou de um projeto de vida a longo prazo.
A partir do momento que vocês, jovens, entenderem que são sujeitos agentes e responsáveis pela sua própria formação e que é somente através desta que terão condições de transformarem a sua vida, é a maturidade que está se firmando em seu ser. Enquanto isso não acontecer, permanece em nós, professores, a preocupação da responsabilidade na qualidade de sua formação.
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