Esta primeira temática propõe uma reflexão acerca da trajetória do Ensino Médio brasileiro desde o período imperial. Historicamente, esta etapa de ensino contribuiu para tornar natural as diferenças e as desigualdades sociais em nosso país. Em seus primórdios, o estudo secundário já estava quase que em sua totalidade entregue à iniciativa privada, afirmando o caráter elitista e aristocrático desta modalidade de ensino.
Passadas algumas décadas e acompanhando as alterações econômicas e políticas, o ensino secundário passou por reformas. Neste contexto, o essencial era garantir o ensino médio em termos quantitativos e qualitativos, propondo a formação do homem para os setores da atividade nacional. Cursos profissionalizantes foram oportunizados e o ensino, direcionado ao mercado de trabalho.
Mais tarde, a modalidade do Ensino Médio passou a ter função formativa, etapa de conclusão da educação básica. A economia e a política brasileiras, atreladas às organizações internacionais, passaram a nortear reformas organizacionais e pedagógicas para a educação no Brasil, promovendo a “descolarização” do ensino técnico e o predomínio do modelo de competências, ajustando novamente a educação profissional ao mercado de trabalho.
Atualmente, vigora o projeto de formação humana integral, que visa superar o dualismo presente nas organizações do Ensino Médio e promover o encontro entre cultura e trabalho, propiciando a compreensão da vida social, da evolução técnico- científica, da história e da dinâmica do trabalho. Para tanto, alguns desafios se apresentam, uma vez que essa modalidade de ensino se mantém desigual. O propósito é universalizar o ensino, no intuito de criar uma sociedade justa e diminuir as discrepâncias.
Estes desafios conflitem com os problemas pontuais da educação brasileira: baixa qualidade do ensino, elevados índices de reprovação e evasão escolar, atrelados à necessidade de ingresso no mundo do trabalho. Estes problemas trazem implicações econômicas para a nação, uma vez que a avaliação da eficácia do sistema educacional de um país determina sua capacidade de combater a pobreza.
Sendo assim, o objetivo atual é combater a desigualdade no atendimento educacional, ao que se entende como um direito igualitário a todos, garantindo educação pública de qualidade, numa perspectiva humanista, implicando em competência técnica e compromisso ético, que se revela em uma ação profissional pautada pelas transformações sociais, políticas e culturais necessárias à edificação de uma sociedade igualitária.