Sou Jovem? Você me entende? Um olhar para os alunos do Colégio Estadual “Sertãozinho” – Matinhos.

Entender o que os jovens pensam sobre a própria juventude, pode-se levar em indagações e reflexões diante de como o professor ensina em sua área do conhecimento e até provocar mudanças em sua prática de ensino. Diante disso, em meados de agosto foi apresentada uma atividade do curso pacto do ensino médio para ser aplicada em sala de aula. Tal atividade era uma provocação ao jovem estudante em expressar sua idéia de juventude bem como as relações que estabelecem com a escola e comunidade escolar.
A investigação em sala de aula foi aplicada com jovens alunos do 3º ano do ensino médio, do “Colégio Estadual Sertãozinho” – Matinhos Paraná. Ao todo a proposta de trabalho realizada atingiu 45 jovens entre 16 à 18 anos, compreendendo uma sala no período noturno e outra no matutino. A maioria dos alunos reside em bairros do entorno do colégio e apresentam uma continuidade de estudos desde o 6º ano até 3º do E.M..
A dinâmica da prática de aula aconteceu na disciplina de história com um breve diálogo oral (chuva de idéias), sobre ser jovem e a relação com a política atual, a escola e professores. Com as ideias prévias dos alunos coletadas, houve um estudo de um texto de Andréia Rosendo com o título: Juventude dos anos 20 e 30 – Nas ruas, deixando mágoas para traz, ó rapaz! O qual propõe um retrato de jovens do passado e a sua relação com a política da época.  Nesse sentido o texto oportunizou o jovem em expressar por meio de uma narrativa histórica seus olhares correlacionando suas ações diante da escola, e da política, bem como sua espera da expectativa de futuro. Para tanto, a proposta de atividade correspondeu em:
Ser Jovem
– Que jovem sou eu?
_Qual a minha relação com a escola e professores?
_Enquanto jovem como me relaciono com minha cidade e meu país?
_O quero para meu futuro?

Sendo assim a aluna A. C, de 16 anos escreve: “... ser jovem é a esperança de podermos ser melhor, muito mais do que já somos.
Minhas roupas meu jeito meu modo de falar, não interferem em nada no meu caráter, apena tenho meu estilo próprio e gosto de ser assim. Acho que ser igual a todo mundo é chato e se tenho idéias boas e novas são para colocar em práticas. Alguns jovens estão com talentos escondidos, não evoluídos, sem vontade de fazer nada que lhe convém, e acabam sendo julgados. Sabe por quê? Porque a nossa sociedade não sabe lidar mais com valores e caráter apena ligam para aparência e classe social esquecendo das reais qualidades de qualquer jovem tem a mostrar, menosprezando ser jovem por serem novos demais e esquecem que mentes novas tema a capacidade de evoluir e ter novas idéias....
Meu relacionamento com professores são normais eles estão ali para ensinar e eu para aprender...
Gosto do meu país e acredito que precisa mudar tudo...”.
Evidentemente que a ideia de ser jovem para aluna é oportunizar momentos em que jovens alunos possam demonstrar e despertar talentos. No entanto, já com a relação estabelecida em professores e alunos ainda ela possui um pensamento tradicional de ensinar e aprender.
Penso que o ensinar e o aprender está diretamente ligado na ideia de como o aluno aprende, o pode conduzir o como o professor ensina. Nessa perspectiva, logo o conhecimento pode ser construído junto, ampliando a relação professor aluno.
Já para o aluno W.B de 17 anos do período da manhã, apresenta sugestões que possa direcionar o trabalho dos professores, pedagogos e gestores do nosso colégio.
“...Enquanto jovem estudante penso que deveria haver mais encontros sociais, por exemplo como palestras da patrulha escolar comunitária e maior engajamento político com a prefeitura e governo estadual...Alguns jovens se interessam pela política em  si, e sabe que o futuro deles depende do voto, mais a maioria não possui título de eleitor. Uma situação que deveria haver mais um “empurrão”por parte dos professores e da escola em geral.”.
O aluno acima, destaca a importância da comunidade escolar estabelecer contato diretamente com os alunos por meio de palestras, enfrente a problemáticas sociais do entorno da escola em que vivemos e ainda estende o papel da escola com a temática política que ocorre em sala e extrapola e concretiza para a vida como é a realização do título de eleitor.
A aluna C.V. de 18 anos e estuda no período da manhã faz um pedido para o nós professores, pedagogas e gestores.
“... Gostaria que estivesse mais reuniões que trouxessem mais a família, mais excursões e jogos. Debater sobre assuntos, em relação a religião, família, estudo e trabalho, para melhorar minha expectativa de vida.”
Penso que os conteúdos específicos de cada disciplina poderão ser trabalhados indiretamente por meio das sugestões dos jovens estudantes.
Aluna M. B. de 17 anos, e estuda no período manhã, acredita em mudanças profundas da nossa sociedade.
“... Minha expectativa é de os jovens se aprofundar em manifestações ou de outro meio, e fazer pequenas diferenças, mudanças ou revoluções, para que vá melhorando aos poucos, mas hoje eles estão querendo tudo de uma vez só, não vai dar certo, todos devem ser unir para um objetivo só um de cada vez.”.
Aluna acima reflete os movimentos sociais e se coloca como parte integrante e com uma visão progressista em relação a mudança política.
Aluna S. Z. estuda no período do noturno, realiza uma analise objetiva do seu ponto de vista sobre a proposta do questionário.
“Sou uma pessoa que estuda e trabalha... Aqui em Matinhos é uma cidade boa de se viver mas em questão de emprego não é tão fácil, muitos empregos exploram demais a carga horária. ...Seria bom ter projetos e cursos para o interesse dos jovens que aqui moram. Eu pretendo morar e trabalhar aqui, quero fazer curso profissionalizante, se dedicar a uma faculdade e trabalhar para me manter enquanto concilio o estudo e trabalho.
Jovens que trabalham e estudam para buscar  melhores condições de vida é exemplo em nosso colégio. Indiretamente percebo na narrativa da aluna o esforço e as dificuldades em concluir o E.M., mas com um otimismo que a faz manter forte diante dos enfrentamentos da sua vida.
A jovem estudante G.T. de 17 anos e estuda no período da manhã diz que: “...Os estudantes da manhã e noite possuem uma estrutura de socialização muito formada e reivindicam seus diretos. A escola faz seu papel de formar jovens críticos que debatem para garantir seus direitos. Na minha opinião o colégio tem sua leis mais não calam os jovens quando é para reivindicar os direitos dentro da instituição. ...A expectativa de vida é ver os jovens lutando pelos direitos em toda área que a lei oferecesse para ele...
Fica evidente que aluna acima pensa em participar de debates da formação das leis que envolvam o jovem estudante.
Enquanto professores, precisamos apreciar muitíssimo o olhar dos jovens estudantes, pois estes contribuirão para um novo destino da educação. Uma educação emancipatória e significativa a realidade de jovens estudantes.
Foi proposto ainda para os alunos como eles sobre questões relacionadas com a internet, os alunos propuseram uma conversa a fim de elaborar perguntas sobre o uso das redes sociais nas suas vidas ,surgiram perguntas de tempo de uso ,acessibilidade, cultura  e utilização da escrita ,notou-se que estes utilizam a internet na média de 3 horas ,utilizam a internet pelo celular e condenam os erros apresentados nas redes sociais este último gerou polêmica uns acreditam que “não tem nada a ver ,escrevo do jeito que eu quero”, outros defendem o uso adequado da língua portuguesa
Os alunos sentem a necessidade da conversa pessoal ,sentem a escola como um ponto de encontro com os colegas e professores que muitas vezes são vistos como ouvintes de seus problemas .
Acreditam ainda que a escola precisa melhorar a questão cultural ,abrindo mais espaço para que possam mostrar seus ritmos ,dança, artes, acreditam que a semana cultural que a escola promove deveria ser ampliada .
O nosso educando vive um momento importante de sua vida no qual está procurando firmar a sua identidade, e com o avanço tecnológico muito rápido acaba muitas vezes desinteressado pela escola, pois a escola não acompanha as evoluções rápidas que eles buscam.

Professores do Ensino Médio - participantes do PACTO/ 2014

Colégio Estadual Sertãozinho - EFM