SISMED 2014 – A avaliação no ensino Médio

GOVERNO DE ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

COLÉGIO EST. SANTOS DUMONT – E. FUNDAMENTAL, MÉDIO E INTEGRADO                                                                                                        

Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
Coordenação: Rosemary Valente De Oliveira

Coautores: professores do Colégio Est. Santos Dumont-  Curitiba – Anelize Seniski Silva , Arlei roberto de Souza, Dione Wojcik , Edson Bispo, Maria do Rocio Neves, Marta Protscki , Norina Duarte Tosi, Pálite Buratto Remis, Rafaela Skora da Silva, Selma Zannorensi, Regina Corcini de Melo, Tânia Regina Bendlin

CADERNO 6 – A avaliação no ensino Médio
Na atual estrutura socioeducativa em que está inserida a educação, passamos por uma forte crise de identidade e paradigmas, na qual falamos muito sobre o assunto, mas pouco colocamos em prática. A transformação educacional está descrita nos livros, revistas, na mídia em geral, e tudo é lindo e maravilhoso, mas as ações, as aplicações e as transformações não saem do papel, da criatividade e da oralidade e, quando ocorrem, em número muito reduzido, somente alguns educadores têm condições específicas para colocá-las em prática e conseguem fazer isso. A transformação significativa depende da criatividade individual e coletiva, da organização e do planejamento das ideias e das condições estruturais e globais, que devem ser estimuladas pelo meio em que vivemos e pela associação desses fatores à reflexão, análise, pesquisa, interpretação, contextualização e avaliação das ações.
Sabemos que problemas educacionais ocorrem em varias áreas, como financeiras, culturais, sociais e pedagógicas, mas, para que haja mudança, deve ser feito um levantamento dessas dificuldades por meio de um diagnóstico da realidade e da busca das melhores formas possíveis para a elaboração de um projeto aplicável e eficaz. Com a participação de todos nas ações, podemos concretizar os objetivos para atingir a modificação e transformação desse desequilíbrio que se reflete na evasão escolar, em traumas psicológicos e nos processos pedagógicos educativos. Os processos de avaliação escolar também contribuem para essa crise no sistema educacional, pois a falta de diálogo entre o professor, o aluno, a escola, a família e a comunidade geram distância e falta de comprometimento, e essa negação de envolvimento e de responsabilidades contribuem  para o desrespeito e as diferenças, gerando a exclusão escolar.
A avaliação escolar hoje está associada à contagem numérica e classificatória.
Os maiores desafios no campo da avaliação educacional são a desvinculação da aprendizagem/nota, pelo que o professor avalia o aluno para saber como está o seu conhecimento sobre o assunto e, em contrapartida, o aluno vê a avaliação como uma ferramenta para aprovação, em que a maioria dos alunos decoram a matéria – seja por desinteresse ou por não entender – e acaba esquecendo o conteúdo decorado logo após a avaliação.
Outro problema encontrado é a incapacidade dos alunos em interpretar as questões aplicadas em avaliações, a dificuldade de raciocínio e a falta de motivação com o ensino. Em nosso colégio, o número de faltas dos alunos em dia de avaliações também é um grande desafio para os professores.
O grande problema em avaliações são as questões externas, pois o mundo exige o conhecimento como forma de avaliações, tendo como exemplo o vestibular, ENEM, concursos e etc. De certa forma, ficamos amarrados a esses critérios. Assim fica a pergunta: O ensino é um aprendizado para a vida ou para o mundo lá fora?
Há vários métodos avaliativos, como provas e trabalhos. Na trajetória docente, vê-se a necessidade de intercalar várias estratégias para a composição da avaliação como, por exemplo, a avalição sem consulta e individual, trabalhos em grupos, trabalhos individuais, trabalho de pesquisa e trabalhos relacionados a experiências realizadas em laboratório. Para alguns professores, principalmente em início de carreira, a avaliação é vista como uma ferramenta de poder, pela qual o controle da turma pode ser feito através de provas difíceis. Com o tempo, porém observa-se que a avaliação não pode ter essa conotação, tendo assim que ser estratégias melhor elaboradas em que o aluno possa ser percebido nos mais variados aspectos cognitivos, com suas habilidades e competências múltiplas.
Em resumo, a avaliação tem a função de diagnosticar o aprendizado dos educandos, é cumulativa e processual, seu objetivo é ressaltar os aspectos qualitativos sobre os quantitativos.
Historicamente a avaliação tem sido vinculada aos mecanismos de aprovação e reprovação, a cultura escolar e as práticas vivenciadas no contexto muitas vezes atrelam situações comportamentais de indisciplina dos alunos e de senso comum sem estabelecer com clareza as bases legais e epistemológicas do que é avaliar, quais são os critérios e instrumentos para o processo avaliativo.
A organização curricular com base nas disciplinas muitas vezes acabam fragmentando os saberes desenvolvidos pelos alunos, as áreas de conhecimento consideradas de maior valor culturalmente exercem o peso de mensuração e acabam fragmentando e compartimentalizando o conhecimento, sem exercer a totalidade de todas as áreas da aprendizagem.
Ressalta-se no processo avaliativo que a avaliação deve possibilitar o sucesso de todos os alunos, é um meio para a reflexão, para autoavaliação em relação a mudanças nas estratégias de ensino e metodologia ao perceber que não houve a aprendizagem dos educandos.
Recentemente com a reformulação do Projeto Político Pedagógico e das Propostas Pedagógicas Curriculares, o conceito de avaliação está em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases LDB (9394/96) e as Diretrizes Curriculares Estaduais que determinam que a avaliação do processo de ensino-aprendizagem seja formativa, diagnóstica e processual.
A concepção de avaliação adotada pelo colégio está em acordo com Freire (1982), “a verdadeira avaliação consiste no processo de autoavaliação e/ou avaliação mútua e permanente da prática educativa por professores e alunos”.   O educador necessita adotar diante da avaliação uma postura que considere os caminhos percorridos pelo aluno, as suas tentativas de solucionar os problemas que lhe são propostos e, a partir do diagnóstico de suas deficiências, procurar ampliar a sua visão, o seu saber sobre o conteúdo estudado. A avaliação deve ocorrer ao longo do processo de aprendizagem, propiciando ao aluno múltiplas possibilidades de expressar e aprofundar a sua visão do conteúdo trabalhado, através de diferentes instrumentos de avaliação.
É preciso demonstrar confiança na capacidade dos alunos, levando sempre em conta a situação pessoal de partida desses alunos, os obstáculos que tiveram de superar e, sobretudo, que tipo de ajuda tiveram da escola para progredirem, respeitados os tempos de cada um aprender.
A avaliação tem um caráter fundamentalmente emancipatório e assim temos que repensar a organização da estrutura escolar, na perspectiva da inclusão e não da exclusão. Essa “reinvenção da escola”, podemos dizer, faz parte de um compromisso maior com a “reinvenção do mundo”.
A avaliação vem sendo há muito tempo uma prática classificatória e excludente e poderíamos perguntar por que determinadas práticas de avaliação continuam, apesar de tantas críticas e questionamentos. Seria porque parece ser mais cômodo e seguro, mas a avaliação não pode ser concebida isoladamente e se está diretamente ligada ao processo de aprendizagem está, desse modo, ligada também ao processo de ensino e seus vários determinantes.
Essa avaliação que amplia seu foco de atenção para o processo vem sendo denominada de avaliação formativa, caracterizando-se como “questionamentos” dos professores sobre o processo.
Sendo assim, a avaliação formativa é contínua e diagnóstica; é democrática e qualitativa. É uma avaliação que aponta as dificuldades e possibilita a intervenção pedagógica a tempo.
E, justamente porque propõe uma mudança de postura e de procedimentos, a avaliação formativa se ressignifica em relação à concepção tradicional de avaliação.
A avaliação deve ser vista não como um fim, mas como um meio de identificar os avanços e as dificuldades do educando, em um processo diagnóstico e contínuo. O caderno de expectativas de aprendizagem traz de forma bem clara e coerente os critérios de cada disciplina em sua especificidade.
De maneira geral, os critérios das propostas pedagógicas curriculares implementados pelo colégio aparecem:
 A participação e envolvimento do aluno no processo dialógico e interação nos debates;
 O desenvolvimento da aprendizagem nos processos de produção individual e em grupo;
 A estética na apresentação e entrega de atividades;
 A apropriação de conceitos, princípios e procedimentos na construção dos saberes;
  A capacidade de refletir e sintetizar ideias pertinentes aos conteúdos formais na produção dos parceiros e sua própria produção.
 Contextualizar, identificar e estabelecer relações do conhecimento científico com o mundo do trabalho, da cultura da ciência e com a tecnologia para a vida.
Instrumentos:
Os instrumentos de avaliação serão utilizados de maneira a contemplar os processos de aprendizagem com a utilização de: questionários, relatórios, debates, seminários, provas, rodas de conversas e diálogos, avaliação escrita, pesquisas, seminários, produção de textos, vídeos, etc.
Alguns critérios para aprovação dos alunos foram construídos coletivamente. São eles:
- Alcançar média final geral igual ou maior que 6,0 por disciplina e frequência superior a 75% das aulas dadas.
- Já tiver sido reprovado por duas vezes na série em destaque e apresentar frequência igual ou superior a 75%;
- Estiver cursando as séries finais do curso (EM – 3º ou 4º ano) desde que tenha realizado atividades de recuperação ofertadas pela escola e apresentar frequência superior a 75%;
- Apresentar laudo e ou situações que demonstrem aspectos que tornem a apropriação da aprendizagem difícil e/ou lenta, desde que tenha frequentado SRM;
- Alunos que apresentaram atestado médico ou outro tipo de impedimento de frequência às aulas e que realizaram atividades domiciliares;
Casos a serem analisados pelo conselho:
Serão analisados pelo conselho os casos de aluno que:
- Alcançar média final geral igual ou maior que 6,0 e frequência superior a 75% das aulas dadas;
- Já tiver sido reprovado por uma vez na série em destaque e apresentar frequência superior a 75%;
- Apresentar laudo e ou situações que demonstrem aspectos que tornem a apropriação da aprendizagem difícil e/ou lenta;
- Apresentar atestado médico ou outro tipo de impedimento de frequência às aulas e pela especificidade do problema de saúde ou outro não realizaram atividades domiciliares;
- Apresenta distorção idade – série, no Ensino fundamental, superior a 2 anos e frequência superior a 75%.
A tomada de decisões sobre o processo avaliativo dos alunos é feito coletivamente em reuniões de pré-conselho e conselho de classe. Participam a direção equipe pedagógica, professores e a secretária, alguns membros pertencem ao conselho escolar.
As avaliações externas realizadas nas escolas da rede estadual infelizmente são padronizadas.
Os índices de aprovação e retenção dos alunos nos dados do IDEB e SAEP, que avaliam os alunos dos 6ºs e 9ºs anos do ensino fundamental e 3ºs do ensino médio, estão abaixo da meta esperada, mas está avançando crescentemente. Os agentes condicionantes no contexto em que a escola está inserida revelam a realidade das desigualdades sociais em que os educandos se encontram e que diferem de acordo com as regiões e localizações das escolas.
Antes de apontar os problemas e culpabilizar a escola pelo “fracasso”, é necessário que o poder público e as políticas de investimento em educação reflitam que para que o aluno possa realmente aprender, ele tem que ter segurança, condições básicas de moradia, saneamento básico, alimentação, saúde; tem que estar bem físico, emocional e psicologicamente, tendo os direitos de cidadania assegurados.
Nesse contexto, a avaliação da aprendizagem acaba sendo contraditória: ao afirmar a importância dos dados qualitativos, valoriza os dados quantitativos prescritos nos índices.
Em relação à avaliação institucional, os resultados das avaliações externas são considerados como pontos importantes de reflexão no âmbito geral da organização e composição de projetos de intervenções, além dos documentos oficiais da escola, como o plano de ensino, por exemplo.
O Enem , apesar das dificuldades que ainda encontra, está se tornado a solução mais viável para o acesso à Universidade, mostrando ao aluno da rede pública de ensino (principalmente), que com esforço, determinação e motivação, ele terá seu lugar na Universidade.
Em nosso colégio, há iniciativas por parte de alguns professores dos anos finais do EM em se concentrarem  atividades voltadas para o ENEM e concursos seletivos, porém elas se concentram isoladamente, conforme o interesse e a disponibilidade das classes.
Os comentários de alunos que se ouvem a respeito são, de certa forma, específicas ao perfil daqueles que almejam uma boa colocação profissional. Alguns apresentam confiança e se dedicam inclusive como autodidatas ou frequentando " cursinhos" no contraturno. Outros até mencionam o desejo de poderem participar de tais avaliações externas, mas demonstram autoestima baixa e, consequentemente, muito pouco é dedicado ao estudo.
Talvez por questão ideológica e política, não há valorização ou reconhecimento por parte da escola aos alunos que conseguem aprovação ou boa colocação nas avaliações externas. Nem mesmo uma menção ou relação dos " aprovados". Entende-se, portanto, que, de algum modo, a escola não considera relevantes tais resultados, entretanto procura conscientizá-los da necessidade da participação das avaliações do ENEM.
O currículo do ensino médio, de acordo com as DCEs, de certa forma já trabalham as matrizes apontadas nas avaliações do ENEM.  Os alunos do ensino médio geralmente são orientados a conhecer cursos em feiras de profissões para que tenham uma noção e possam dentro dos limites e possibilidades escolherem uma carreira com o objetivo de participarem de vestibulares e dar continuidade aos estudos em uma universidade.
As avaliações externas servem de retroalimentação da avaliação institucional e implementadas com vistas da melhoria do próprio processo de avaliação. Os resultados vêm através do balanço crítico sobre o processo de avaliação, a análise das estratégias utilizadas, das dificuldades e dos avanços apresentados que permitirá planejar ações futuras.
A avaliação da escola é um processo pelo qual a equipe administrativa, os professores, os alunos e a comunidade deveriam discutir e avaliar, para que a sua escola tivesse um aprimoramento pedagógico-curricular e qualidade de ensino. Muitas atividades são voltadas para avaliar o aluno como um todo, é grande a preocupação do professor inserir o seu aluno no mundo globalizado. Através de palestras, seminários, discussões sobre atualidades, vários temas são considerados relevantes e transformados em conteúdos, ideias e conceitos.
A avaliação institucional leva em conta as características dos alunos, o rendimento escolar por classe, composição do corpo docente, condições de trabalho e motivação dos professores, infraestrutura física e recursos materiais disponíveis didáticos e informacionais (bibliotecas, redes de conhecimento).
A avaliação também depende da direção política da gestão institucional favorável e proativa em relação à avaliação institucional escolar como também à instauração do propósito coletivo para concepção, elaboração e implementação  da proposta.
A organização dos planos de ensino leva em conta as matrizes de referência do Enem, pois tem uma visão estratégica e estabelece os princípios que regerão as ações e decisões da instituição em relação à avaliação institucional, possui estudos prévios pelo coletivo escolar, uma identificação da margem de autonomia, onde a escola tem liberdade para discutir com seu colegiado e comunidade qual caminho pedagógico a ser instituído.
O aluno da rede pública tem como perspectiva sobre o Enem a possibilidade de entrar em uma Universidade. Para isso o mecanismo do Ministério da Educação avalia as competências e habilidades dos estudantes do ensino médio e da educação básica a nível nacional. Dessa forma,  trabalham-se  assuntos baseados nas matrizes de referência do Enem e questões do mesmo. Assim pretende-se informar aos alunos sobre o exame e as vantagens que oferece, construindo novos conhecimentos com as atividades auxiliares na abordagem de questões e  temas , incentivando os alunos a participarem do mesmo.
O Enem difere de outros mecanismos de avaliação por sua ampla interdisciplinaridade, um envolvimento dos conteúdos e disciplinas, fazendo com que o aluno exercite sua interpretação textual e seu raciocínio. Escolas que não conduzem suas práticas de ensino para o Enem e simplesmente comentam provas anteriores, repetindo o ensino tradicionalista focado na técnica de resolução de questões não apresentam alunos com voluntariedade e habilidade, o que conduz a necessidade de integrar tanto os aspectos cognitivos como os motivacionais. Daí a importância da motivação das atividades realizadas nesse trabalho com o Enem. Tendo como objetivo motivar e informar os alunos sobre o Enem e as vantagens que ele oferece, construindo novos conhecimentos com as atividades auxiliares na abordagem de questões e temas abordados no exame, incentivando os alunos a participarem do mesmo.

Referência
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno VI : A avaliação no Ensino Médio / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; autores : Celso João Ferretti, Ronaldo Lima Araújo, Domingos Leite Lima Filho].. – Curitiba : UFPR/Setor de Educação, 2013.53p.