Síntese das Reflexões e Ações do Caderno III - CEPMAT - Curitiba
SÍNTESE DAS REFLEXÕES E AÇÕES DO CADERNO III
O Ensino Médio brasileiro sempre foi a etapa da educação básica que mais apresentou e continua presentando indefinições quanto a sua(s) finalidade(s). É uma etapa que ainda não está universalizada e os índices de evasão são elevados. Essa etapa apresenta uma dualidade em sua formação, que atende a distintas classes sociais e a interesses diversos. Uma formação voltada para o trabalho e outra propedêutica, com uma formação mais geral voltada para a preparação para o acesso aos cursos superiores. Os pressupostos teóricos que são apresentados nas DCNS e nas Diretrizes Orientadoras da Educação Básica do Paraná são uma tentativa de universalização dessa etapa da educação, com a promoção de uma formação humana integral, na perspectiva gramsciana. Assim, nesses documentos, consubstancia-se uma proposta de se repensar a finalidade do currículo, que passa por uma concepção de promoção da interdisciplinaridade, trabalhando os conhecimentos contextualizadamente, superando uma visão estrutural e prescritiva do currículo.
O Parecer CNE/CEB 05/2011 e a Resolução CNE/CEB 02/2012, apresenta formação humana integral como um condutor do estudante ao conhecimento e ao desvelar da dinâmica da sociedade. Expondo o currículo, como uma estrutura na qual as dimensões trabalho, ciência, tecnologia e cultura articulam-se e interagem no processo de ensino-aprendizagem. A partir deste entendimento o currículo não se segmenta em compartimentos distintos, mas expande-se em direção a outros componentes curriculares que permitem uma ampliação da realidade apresentada e a assimilação de um conhecimento escolar contextualizado.
Um olhar considerando as Diretrizes Orientadoras da Educação Básica do Paraná, o Parecer CNE/CEB 05/2011 e a Resolução CNE/CEB 02/2012 permite o entendimento das áreas de conhecimento como elemento de integração curricular, onde diferentes conhecimentos são levados a demonstrarem a sua aproximação na prática cotidiana e na sociedade.
Porém, devemos entender que o conhecimento escolar tem sentidos e significados diferentes para a diversidade de sujeitos dessa etapa da educação, e que estes significados são constituídos conforme a realidade e a vivência de cada um. E que ainda estamos no processo de ensino-aprendizagem, em busca de mecanismos, metodologias e modelos de gestão, que permitam superar o que declara Santomé (1998) ao registrar que:
Há quem declare ironicamente que a única coisa que liga as diferentes salas de aula de uma instituição escolar são os canos da calefação ou os cabos elétricos. Em geral, poucos estudantes são capazes de vislumbrar algo que permita unir ou integrar os conteúdos ou o trabalho das diferentes disciplinas. A coerência com que se afirma que são planejados os conteúdos dos sistemas educacionais dificilmente é visível para os alunos e, algumas vezes, até mesmo para os professores, seja qual for o nível educacional. Tanto na educação infantil e no ensino fundamental como na universidade, o princípio que rege a seleção dos diferentes conteúdos, assim como sua forma de organização em áreas de conhecimento e disciplinas, não costuma ser objeto de reflexão e discussão coletiva. (SANTOMÉ, 1998, p.25):
Nesta perspectiva, ao refletirmos sobre a prática diária observamos a fragmentação das diferentes disciplinas, e que não há efetivamente, relação dos conteúdos ensinados ao mundo do trabalho, da ciência da tecnologia e da cultura. Há necessidade de mudanças nas metodologias, na busca pela prática da pesquisa – problematização dos conteúdos.
Faz-se necessário rever as relações existentes na escola, estimular a produção coletiva, promover exercícios de avaliação – auto – avaliação bem como assembleias para a tomada de decisões – o aluno como sujeito reconhecido nas suas diferenças.
Ao falarmos das necessidades da escola não poderíamos deixar de mencionar o Ensino Médio noturno, analisando as DCNEM em seu texto é citada a importância de se repensar na adequação de carga horária, o olhar para o aluno trabalhador, porém a realidade educacional posta e a organização atribuída às escolas públicas pelas suas mantenedoras, não permite modificação na carga horária, é esta contradição, como um exemplo entre tantas outras, acarreta na prática cotidiana que constantemente estejamos mergulhados em questões voltadas a polarização entre "condições X facilitação".
Após um debate em sala de aula com os alunos do 2º ano do Ensino médio, referente à Proposta Curricular presente no Caderno III, enfatizaremos alguns pontos considerados relevantes. Quando os alunos foram indagados com relação ao currículo escolar, foi possível observarmos que poucos tinham conhecimento a respeito do mesmo, ou o entendimento do que este representa. Diante da constatação da falta de informações a respeito do currículo demonstrada pelos alunos; foi discutido e esclarecido sobre o que é, de fato, o currículo escolar; e no decorrer das discussões, os alunos participaram e interagiram de forma bastante significativa.
Além disso, debatemos também sobre o sentido do conhecimento escolar, das experiências vividas mediadas por esse conhecimento, bem como, a necessidade de outros conhecimentos e abordagens.
O debate despertou o interesse dos alunos, foram feitos vários questionamentos sobre as propostas pedagógicas e algumas sugestões para serem inseridas no atual currículo escolar da escola (Colégio Estadual Prof.ª Maria Aguiar Teixeira – Ensino Fundamental, Médio e Profissional).
Referência
Brasil. Conselho Nacional De Educação. Parecer CNE/CEB nº 5/2011. Diretrizes Curriculares Na¬cionais para o Ensino Médio, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 jan. 2012. Seção 1, p. 10. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&i¬d=.... Acesso em: 10/10/2014.
Brasil. Resolução nº 02, de 30 de janeiro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília: Ministério da Educação/ Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_content&view=article&id=17417&Itemid=866 Acesso em: 10/10/2014.
Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Paraná: Secretária de Educação do Estado do Paraná, 2008. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?co... Acesso em: 10/10/2014.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
- Logue-se para poder enviar comentários