Ser diferente é normal e ser normal é diferente!

Desde pequeno sempre fui diferente e sofria muito com isso na escola e na família. Gostava de brincadeiras (ditas) de meninas enquanto nesta época esperavam que eu gostasse de jogar bola, soltar papagaio e brincadeiras consideradas de meninos.

Sempre fui diferente do padrão. Na escola sofria o famoso Bullying. Certa vez os meninos maiores chegaram a me prender dentro do banheiro, alegando que enquanto eu não falasse “grosso” não sairia dali. Fiquei com muito medo e não contei para minha mãe. Recebi apelidos e os que vou listar agora, foram os que mais marcaram minha trajetória: “viadinho”, “peroba”, “mulherzinha”, “marica” entre outros. Enfim, toda essa violência deixou marcas que carrego até hoje. Minha mãe chegou a me levar ao psicólogo pensando que poderia resolver esse problema ou acabar com aquele meu sofrimento, porém não fiquei muito tempo no tratamento, o que eu precisava era o apoio e a compreensão da família, da escola, da sociedade do mundo.

Na escola eu gostava de arte, poesias, dança e isso na escola não era “coisa de meninos” e sim “coisa de meninas”. Sofri muito com isso por toda minha infância e adolescência, pois eu não me socializava com os outros meninos, não tinha atenção nas aulas, minha aprendizagem ficou comprometida pois eu tinha medo de me expor e pensava que sempre alguém iriam me criticar.

Para quebrar este preconceito e esse “tabu” entendi que minha sexualidade deveria ser assumida aos 17 anos e aos 20 comecei a vestir roupas ditas femininas, pois adorava este universo das maquiagens, dos vestidos e dos acessórios que me encantava e ainda me encanta.

Não foi fácil!

Hoje, na família, consegui o meu espaço e nos locais em que eu chegava tais como baladas, paradas gays, eventos GLS e carnaval percebia que as pessoas já não me olhavam com tanto estranhamento e aceitavam melhor as diferenças.

Agora gostaria de deixar a seguinte reflexão: Porque não posso usar algo que é dito que os meninos não podem usar?

Viva a diversidade! Viva ao respeito!

Este vídeo, eu preparei com minha irmã no intuito de combater qualquer tipo de discriminação que gere violência.  As identidades foram trocadas a fim de quebrar um tabu arcaico e completamente preconceituoso de relações de gênero e sexualidade.

Deixo também como reflexão a seguinte música:

Ser Diferente - Rosa de Saron-

 

Tenho que ser diferentePreciso ser eu mesmo tambémAmar sem preconceitosViver os meus preceitosE não rotular ninguémHoje eu acordei com vontade de viverLivre para amarLivre pra perdoarLivre pra respeitarSer livre e nunca desistir de sonhar

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