Sarau Cemi - Mostrando que faz a diferença!

O Sarau do Centro de Ensino Médio Integrado do Gama (CEMI) é um evento cultural planejado para discutir literatura, dança contemporânea, música, expor textos, explanar sobre a obra de alguns vultos e componentes da literatura nacional e conhecer um pouco mais da história de estilos literários e autores que marcaram a história dessa linguagem artística que nos proporciona tanta emoção e vivacidade. É uma oportunidade para se trabalhar a cooperação entre os seres humanos. Todas as apresentações são compartilhadas com pessoas. Não há o individualismo, tudo se faz com a participação de alunos que interagem entre si, visando ao aprendizado da convivência, tão em baixa na sociedade moderna.
O Sarau, projeto pedagógico do Centro de Ensino Médio Integrado ao Ensino Profissionalizante do Gama (CEMI), tem um destaque especial entre os alunos porque é de abrangência interdisciplinar e faz com que toda a comunidade escolar esteja envolvida. A atividade, realizada com os alunos do CEMI, desde 2006, desenvolve trabalhos com a literatura, com a história, características, peculiaridades de ritmos e danças diversas. Todas as séries e turmas da escola realizam atividades voltadas para habilidades cênicas e fatos históricos relevantes dos períodos das danças, tais como linguajar, vestuário e trejeitos utilizados na época. Entre os objetivos do projeto estão o despertar da criatividade, convivência em grupo, cooperação, disciplina e outras habilidades.
O projeto Sarau CEMI se iniciou no de 2006, mesmo ano em que o CEMI– Centro de ensino médio integrado à educação profissional foi fundado. À época havia a necessidade de se criar alguma atividade que chamasse a atenção dos alunos e evitasse a evasão escolar. Naquele ano foi idealizado e coordenado pela professora Núbia Cristina de Araújo – Educação física. O projeto se caracteriza por apresentações de dança e teatro, conforme orientações específicas.
O projeto sempre atendeu a todos os alunos da escola. Atualmente, atendeu aproximadamente 464 alunos, assim divididos: quatro turmas de primeiros anos com quarenta e dois alunos por sala; quatro turmas de segundos anos com aproximadamente 32 alunos por sala; e quatro turmas de terceiros anos com aproximadamente 42 alunos por sala.
É bom que se ressalte que para a implantação de qualquer projeto sempre se encontram pelo caminho obstáculos. Com a implantação do Sarau não seria diferente. A maior dificuldade que se enfrenta hoje é não ter um auditório na própria escola para a apresentação das atividades culturais, bem como salas livres de cadeiras para realização das oficinas de dança para atender aos alunos durante o período de ensaios e orientações. Contudo, o trabalho não fica inviabilizado, sempre há uma solução para amenizar as dificuldades citadas. Uma das soluções encontradas para realizar o evento é solicitar um auditório de outra escola.
Enfrentam-se também outras adversidades como o próprio preconceito com relação à prática de dança por meninos e meninas, assim como questões religiosas que permeiam o trabalho em questão. Entretanto, as dificuldades não foram suficientes para abandonar o projeto que corrobora como suporte para uma formação mais sólida dos alunos. Até porque após a realização de todas as atividades percebe-se um crescimento individual do estudante na sua atuação no ambiente escolar.
Ao longo dos anos, o projeto foi se modificando a fim de atender as necessidades reais dos estudantes. Se, em alguns momentos, foi a necessidade de combater a evasão escolar, hoje, tem o intuito de desenvolver um ser pleno e atuante em seu meio. Assim, o projeto se justifica pela tentativa de desenvolver o protagonismo juvenil através de um trabalho prático e teórico sobre dança e encenação teatral.
Para alcançar o objetivo central, o projeto busca, através da sua especificidade, proporcionar aos estudantes envolvidos uma experimentação relevante com a formação integral, através do estudo sobre as várias formas de dança e suas peculiaridades – abrangendo aspectos teórico-práticos, bem como fatos históricos que envolveram essas épocas. Possibilita, ainda, o acesso às informações, historicamente, acumuladas, utilizando-se da internet, bem como de outros meios para realizar as tarefas solicitadas e pertinentes ao trabalho. A realização do sarau permite aos estudantes conhecer ritmos de dança oriundos de épocas e lugares diferentes confeccionando figurinos e cenários para os participantes. Promove ainda, o convívio em grupo, a criatividade, autonomia, responsabilidade, além de conscientizar o estudante da importância de cada membro do grupo para a realização do trabalho em conjunto.
Assim ao oferecer ao estudante um trabalho curricular que lhe possibilite – através de uma orientação adequada – o desenvolvimento de suas potencialidades, nesse momento, o aluno é motivado a despertar para a importância de ser responsável por suas atitudes.
Durante a realização do projeto do sarau se coloca em voga o desenvolvimento de um estudante completo de valores e responsabilidades, chegando ao objetivo principal: o protagonismo juvenil.
As atividades culturais são direcionadas com o intuito de fazer com que os estudantes tenham contato com a variedade de ritmos e entrem em contato com a possibilidade de vivenciar, nos dias globalizados de hoje, sons e movimentos que marcaram não só épocas, mas indivíduos também.
Por fim, o Projeto denominado Sarau tem por pedra angular oportunizar aos estudantes acesso teórico e prático – pesquisa e vivência – sobre a dança, teatro e os fatos históricos e literários que se envolveram nas mais variadas concepções na história da humanidade.
O projeto conta também com a participação dos professores Humanas e Exatas (coorientadores) e coordenadores do CEMI nas avaliações e montagem do evento a fim de promover a interdisciplinaridade. A contribuição dada pelos colaboradores se dá no plano da orientação em horários determinados pelos professores, tendo em vista que alguns conteúdos são trabalhados em sala de aula e agregados ao projeto em questão.

Assim foi desenvolvido um plano de ação onde o projeto deveria atender aos alunos devidamente matriculados no CEMI. As orientações a todos os grupos foram realizadas pela coordenadora geral e demais professores orientadores do processo.
Os alunos participantes confeccionaram dentro de suas salas um mural de acordo com o tema trabalhado por cada série. Os avaliadores/orientadores foram os professores da área de Códigos (artes, espanhol e português).
Foi solicitado um diário de bordo para as tarefas das 2ªs séries (diário individual) e 3ªs séries (coletivo). Por fim o projeto foi desenvolvido em três etapas, cada uma com duas fases, a saber:

1 – Etapas

Etapa I - Os alunos da 1ª série: cada turma foi dividida em quatro grupos de dez e doze componentes. Desenvolveram o ritmo sorteado, evidenciando sua história, características e peculiaridades inerentes a cada ritmo proposto (prático e teórico). Nesta etapa, os alunos fizeram pesquisa na internet (histórico, figurino, ritmos), os alunos foram orientados pela coordenadora do projeto, bem como por outros professores colaboradores. As danças foram as codificadas: dança de salão, dança da corte, anos sessenta, street dance e hip hop. Os alunos desta etapa confeccionaram um mural sobre o tema;

Etapa II - Os alunos da 2ª série: cada turma foi dividida em três grupos com onze componentes aproximadamente. Desenvolveram a dança contemporânea. Receberam um diário de bordo individual de papel reciclado para todos os relatos e pesquisas solicitadas. Criaram uma montagem coreográfica a partir de pesquisas e auxilio de oficinas de dança ministradas pela professora de Educação física. Os grupos confeccionaram um mural único com o tema da turma e escreveram todos os acontecimentos do processo no diário de bordo individual.

Etapa III - Os alunos da 3ª série: grupo único. Desenvolveram uma atividade livre, ou seja, puderam utilizar: dança, música, teatro, musicais ou criações próprias. O intuito foi que cada grupo deixasse uma mensagem positiva à comunidade escolar. O grupo confeccionou um mural com o tema do grupo. E Relataram no diário de bordo coletivo as etapas de criação de todo o processo. Confecção de um folder com a programação do evento. O melhor folder idealizado passou por uma votação entre alunos e professores. Esta tarefa foi realizada pela coordenadora de área.

2 Fases:
Fase I - A primeira fase do projeto constou de avaliação direta – com formulário próprio - por um grupo de professores designados previamente e de uma dupla de alunos por série. Neste primeiro momento os alunos trabalharam em grupos seguindo um roteiro predeterminado pela coordenadora;
Fase II - A segunda fase constou na seleção dos melhores trabalhos para apresentação a toda comunidade Cemi – pais, alunos, docentes, funcionários e convidados. O evento cultural também se denomina SARAU CEMI. Este por sua vez foi realizado ao final do 2º bimestre do ano letivo. Neste segundo momento os alunos trabalharam em conjunto com a coordenadora do projeto sanando possíveis falhas de apresentação teórica e prática para o evento final. Nesta fase não há avaliação, apenas a apresentação das atividades culturais.
O acompanhamento e avaliação do projeto se deram pela coordenadora do mesmo juntamente com os professores orientadores que fazem parte do projeto. A ficha de avaliação do projeto foi amplamente divulgada para os alunos pertencentes ao projeto.
Os recursos materiais necessários para implantação do projeto foram: sala de aula dos alunos para as reuniões em grupo; espaço físico descoberto disponível na escola - coliseu; Pátio coberto para ensaios, sala dos professores para orientação do projeto para pequenos grupos; CD de música; Micro system; TV e DVD; material de consumo: papel ofício, cartolina, pincéis, papel pardo, cola, tesoura, entre outros; máquina fotográfica digital para registrar e filmar; computador e impressora; notebook, copiadora.
Para os recursos humanos contou com a equipe de trabalho do Cemi. Professores envolvidos direta e indiretamente no projeto:

• Núbia Cristina de Araújo (Educação física/Dança) – idealizadora e orientadora principal do projeto. Oficinas de dança, auxílio na montagem dos diários de bordo. Acompanhamento geral das atividades. Montagem dos roteiros das atividades;

• Julieta Cristina Lima Moura (Artes) – A arte está presente em todo contexto humano onde o homem cria e recria no seu processo de transformação da humanidade, em arte, podemos destacar a participação do aluno: - teatro com técnicas de relaxamento, decorar textos, construção do personagem; - cenário trabalhando simetria, cores, profundidade; - na indumentária, cores, momentos históricos; - música com temas pertinentes a peça ressaltando período, estilo, moda. Confecção de materiais pertinentes ao projeto, mural e ornamentação;

• Lúcia Santos, Jacqueline Cavalcante e Jonas Pessoa (Português) – orientadores para a linguagem a ser utilizada e confecção dos convites, folders. Orientação na dramatização das atividades teatrais, indicação de vultos literários para apresentação por parte dos estudantes afim de que tenham uma conscientização da importância literária no contexto cultural brasileiro;

• Eliana Mesquita (Espanhol) - Utilizar os conhecimentos adquiridos pelos alunos no Sarau, como meio de ampliar o vocabulário e expressões em Língua Espanhola. Associar os recursos expressivos da Língua Portuguesa e das danças à diversidade cultural da Língua Espanhola. Despertar nos alunos a curiosidade de conhecer as variadas formas de danças dos países hispanofalantes. Identificar as diferentes linguagens e seus recursos de expressão como elementos de comunicação, associando-os à Língua Estrangeira.

• Lidiane, Verônica (Informática) - orientadores para a confecção de folders, convites.

Este ano a culminância se deu no dia 06 de junho de 2014 em mais um grande evento do Cemi. No dia anterior realizamos um ensaio geral devidamente organizado em escala de horários, ao mesmo tempo em que outros professores se organizavam na ornamentação ou mesmo em orientações finais para os grupos de teatro.
A ansiedade e expectativa de mais um evento grandioso se torna evidente e todos em uma grande corrente se unem para um bem maior. É muito trabalho a ser realizado, mas a alegria de ver tudo sendo montando é bem maior.
É incomensurável a sensação que sentimos e mais que nunca percebemos a importância deste projeto para o crescimento de toda uma escola. Não há palavras que possam descrever tamanha alegria e realização. É exatamente neste momento que percebemos que a justificativa e os objetivos traçados serem alcançados de forma harmoniosa e plena, para entender está sensação maravilhosa é sentar na primeira fila do auditório e, simplesmente, desfrutar.
Observou-se com a realização do projeto uma mudança significativa dos alunos em relação sua atuação na escola, desde a sua primeira edição. A valorização dos alunos através de projetos desta natureza se torna relevante quando se percebe a melhor interação entre os alunos da própria turma e entre as demais séries.
Assim, pôde-se inferir através do processo de desenvolvimento do projeto e da observação direta o crescimento e a mudança no perfil dos alunos no que diz respeito ao seu envolvimento com a escola.
Parece ser evidente que o projeto se torna pertinente na medida em que este educando evidencia o desejo de mostrar mesmo que de forma restrita suas vivências e bagagem cultural.
O desenvolvimento de qualidades como cooperação, responsabilidade e espírito de grupo são fatores imprescindíveis na sua formação.
A educação pode e deve contribuir para a formação de pessoas autoconfiantes, que acreditem em si mesmas. Que atuem no mundo de forma participativa, ajudando a construir a sua realidade e a dos demais.
Pode-se afirma, ainda, que com este trabalho notou-se uma diferença de comportamento que de certa forma não é passível de mensuração, principalmente, quando estão realizando suas apresentações.
Observa-se que tanto os que apresentam como os expectadores um respeito mútuo e uma presteza imediata quando observam que seus colegas têm alguma dificuldade.
O mais admirável neste trabalho é participar da alegria e espontaneidade que toma conta de algumas apresentações, bem como perceber que muitos tentam superar suas próprias dificuldades quaisquer que sejam elas.
Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as práticas e vivências são o melhor caminho, já que a docência dificilmente dará conta das múltiplas dimensões envolvidas no ato de participar. Na vivência dessa pedagogia, o educador já não pode limitar-se à docência. Mais do que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e cocriador de acontecimentos, por meio dos quais o educando possa desenvolver uma ação protagônica. (COSTA, 2007)
Dessa forma, este projeto facilitou o desenvolvimento dos jovens mostrando-lhes um manancial de potencialidades que estavam em estado latente em seu ser, cabendo aos que educam procurar atender e proporcionar mais momentos salutares ao desenvolvimento a esses jovens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCE, Carmem. A dança criativa e o potencial criativo: dançando, criando e desenvolvendo, 2007. Disponível em: (www.revista.uea.edu.br/abore/). Acesso em 29.10.2008.

BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal da dança. São Paulo: Ícone, 2000

HILDEBRANDT, Ralf Laging em colaboração com Gerlinde Glatzer. Concepções abertas no ensino de educação física. Rio de Janeiro: Ao livro
técnico, 1986.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

RODRIGUES, Marcela Christina Faria de Nunes. A contribuição da informática no desenvolvimento de valores no processo de educação do
Público infantil Monografia. Disponível em: http://www.avezdomestre.com.br. Acesso em:03.maio.2008.

SILVA, Sérgio Eustáquio. Tecnologias na Educação e no Ensino Médio. Belo Horizonte - MG 2008. (Xerocopiado)

COSTA, Antônio Carlos. O adolescente como protagonista. Disponível em:
http://protagonismojuvenil.blogspot.com/2007/06/o-adolescente-comoprotag.... html. Acesso em 26.10.2008