REPENSANDO O ENSINO MÉDIO: a Formação Continuada dos Professores do Colégio Estadual do Paraná por meio do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio

INTRODUÇÃO

O  Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio é um programa do Ministério da Educação, regulamentado pela Portaria Ministerial Nº 1.140, de 22 de novembro de 2013. Os objetivos principais são promover a formação continuada dos professores e coordenadores pedagógicos que atuam no Ensino Médio da rede estadual de ensino e refletir sobre o currículo do Ensino Médio, visando o desenvolvimento de práticas educativas efetivas com foco na formação humana integral. Esse programa está em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Em Curitiba, o curso é coordenado pela Universidade Federal do Paraná.
Puderam participar todos os professores da rede pública estadual do Ensino Médio, o quais, uma vez cadastrados no Educacenso como professores do ensino médio, e em efetivo exercício da docência, receberão, mensalmente, uma bolsa de estudo de R$ 200,00 (duzentos reais).
O curso é constituído por 200 horas, sendo que em 2014 será realizada a 1ª Etapa, de 100 horas, nas quais os professores terão 50h de atividade presencial e outras 50h de estudos individual. O material é composto por 6 cadernos que abordam os seguintes temas: Sujeitos do Ensino Médio; Ensino Médio; Currículo; Organização e Gestão do Trabalho Pedagógico; Avaliação e Áreas de Conhecimento e Integração Curricular.
No Colégio Estadual do Paraná foram organizadas 03 turmas e os encontros ocorrem, quinzenalmente, aos sábados, das 8h às 12h. Para dinamizar o trabalho e sistematizar as discussões os Orientadores de Estudos criaram blogs, nos quais as atividades, denominadas “Reflexão e Ação”, vão sendo postadas pelos professores.

1. As Temáticas, os Cadernos de Estudos e as Atividades

Neste curso, o eixo central do processo formativo dos Professores do Ensino Médio é o desenvolvimento da temática “Sujeitos do Ensino Médio e Formação Humana Integral”, que orientará a discussão e o trabalho em todas as etapas do curso.
A primeira etapa que está acontecendo é composta pelos seguintes campos temáticos, que compõem os chamados Cadernos de Estudos:
- Sujeitos do ensino médio e formação humana integral;
- Ensino médio e formação humana integral;
- O currículo do ensino médio, seus sujeitos e o desafio da formação humana integral;
- Organização e gestão do trabalho pedagógico;
- Avaliação no ensino médio; e
- Áreas de conhecimento e integração curricular.
Cada um dos Cadernos é constituído por 04 Temáticas as quais apresentam atividade denominada “Reflexão e Ação” que deve ser realizada pelos professores, de modo invidual ou em grupo. Essas atividades são postadas nos blogs criados pelos Orientadores de Estudos do Colégio Estadual do Paraná.
Neste texto, estarão os resultados prévios das reflexões oriundas do Caderno 1 e realizada pelos professores da Turma 1, cujo Orientador de Estudos, pedagogo Alexandro Muhlstedt, coordenou as discussões. Após a leitura do Caderno 1, e discussão com o grupo de cursistas, as atividades propostas foram as seguintes:
1 – Atividade reflexiva individual sobre os desafios do Ensino Médio.
2 – Pesquisa, em uma turma de Ensino Médio, sobre o perfil sócio econômico cultural dos estudantes.
3 – Atividade reflexiva, em dupla, sobre as possibilidades de materialização da formação humana integral.
4 -  Atividade reflexiva, em dupla, sobre a universalização do Ensino Médio.

1.1. Desafios que permanecem para o ensino médio na realidade brasileira

A primeira atividade solicitada aos professores, após o estudo do Tópico 1, do Caderno 1, que retratou historicamente o Ensino Médio no Brasil, foi escrever os desafios que permanecem no Ensino Médio. Num trabalho reflexivo e de pesquisa, os professores escreveram suas conclusões sobre o tema. A intenção pedagógica foi fomentar a discussão sobre elementos norteadores do Ensino Médio que permanecem como desafios, considerando todo o conjunto histórico dessa etapa da Educação Básica.

O que pude perceber ao fazer a leitura do texto, os maiores desafios para o EM são: Evasão escolar e a Universalização no ensino. A evasão escolar no EM se deve, entre outros, ao fato do aluno precisar trabalhar para ajudar no sustento em casa, não sentir muito estímulo para permanecer estudando, não gostar do ambiente escolar. A universalização do EM depende muito mais das políticas públicas do ensino do que a própria atuação do educador/professor. A educação no Brasil, como demonstra o texto, era só para a elite. Quando houve necessidade, o governo, representante das elites, abriu espaço para uma parcela da população, mas as melhores escolas continuavam para os filhos da elite. Na atualidade temos uma situação parecida. As melhores escolas continuam abrindo as portas apenas para quem pode pagar mais.
(Elói Reni de Oliveira - Geografia)

São muitos os desafios para o ensino médio no Brasil, visto que somos um país continental, grande e com muitas realidades diferentes de norte a sul. Em primeiro lugar as questões que merecem destaque são: a necessidade de maior investimento na educação propriamente dita (verbas); maior valorização de conteúdos educativos (livros,jornais,revistas,cultura de maneira geral) além da necessidade de valorização dos professores(as), não só nas questões salariais mas nas condições de trabalho e valorização enquanto profissionais em sociedade. Uma das explicações para a crise da educação brasileira está na sua história no sentido de duas escolas distintas no país: uma escola para os ricos e uma para os pobres através de leis, decretos e outros (…).
(Daniel José Gonçalves Pinto - Geografia)

O histórico do EM no Brasil aponta a questão de que sempre foi elitizante, cobrindo a lacuna que existia na formação dos alunos que se candidatavam ao ingresso à Universidade. Essa lacuna não deve ser compreendida apenas em forma de conteúdos específicos, mas também se relaciona ao amadurecimento do sujeito que está entrando no mundo adulto, apresentando necessidades específicas e questões próprias à sua existência no Mundo. No decorrer da história da educação, por outro lado, o ensino médio passou a representar também uma possibilidade de formação profissionalizante, atendendo ao mercado de trabalho com o intuito de um mínimo de formação a um contingente sem capacitação adequada às demandas capitalistas. De maneira nenhuma essa etapa de educação é realmente refletida como específica e destinada a uma faixa etária com características bastante peculiares e que precisa de promoção humana mais que tudo, podendo ser estimulada à promoção de suas potencialidades para depois poder atuar no mundo de forma madura e criativa, não apenas como mais um número.
(Daniele – Arte)

Obsevando o histórico do EM em nosso país, podemos dizer que o mesmo sempre visou à entrada na universidade, atendendo à necessidade da elite brasileira. Também aparece com a função de inserção no mercado de trabalho, formação de mão de obra especializada (os técnicos). No entanto, observa-se que tal processo aumenta a lacuna existente entre elite e trabalhador. Com a evidenciação dessa função do EM como passagem, também conclui-se que este não é tratado como momento específico de formação humana, com suas peculiaridade, por isso a necessidade de um novo olhar e um novo estudo que traga para o EM sua verdadeira função e valor.
(Cristine – Arte)

Diante daquilo que foi exposto e a partir da experiência com o Ensino Médio, creio que a parte inicial da questão seja um tanto "mais tranquila" de se analisar do que a própria solução para o problema. Afinal, há algum tempo, pelo menos dentro de nossa escola, é comum o discurso de uma formação integral do indivíduo capaz de sobrepujar a preparação somente para testes classificatórios ou para o mercado de trabalho. No entanto, a própria organização de nossa sociedade e de nosso sistema de ensino faz com que, de certa forma, fiquemos presos às suas exigências. Muito provavelmente até as famílias de nossos estudantes entendam essa etapa do ensino como um trampolim para a universidade e busquem, em nossa escola, a preparação adequada para que seus filhos consigam a tão sonhada vaga. Nossa situação enquanto professores acaba sendo um tanto complicada. Se por um lado sabemos que devemos tratar o ensino médio de um modo diferente daquele com que estamos acostumados, por outro ainda somos dependentes do modelo que vigora. Acredito que a própria forma de seleção para as vagas das universidades contribuam substancialmente para isso. Uma mudança radical deve passar também por essa questão para que as mudanças no Ensino Médio se processem de maneira mais natural. Com relação à universalização do ensino, parece-me que a questão central é entender os porquês da evasão. E como o próprio material de apoio sugere, cada pedacinho de nosso imenso país possui suas peculiaridades e estas, certamente, tem sua parcela de contribuição para o fenômeno, assim como aqueles que são responsáveis pela administração pública também a tem. Mas nós, professores, não podemos nos eximir de nossa parte da culpa. Cabe-nos analisar aquilo que não está funcionando e tentar corrigir, na medida do possível.
As mudanças requerem um esforço conjunto. Toda a sociedade deve entender que esse modelo individualista e consumista, onde os valores acabam se invertendo não contribui em nada para a formação humana. Como podemos agir, então?
(Albano - Física )

Após a leitura do material sugerido e conversando com diversos colegas professores sobre o assunto cheguei a seguinte conclusão: Conhecer o aluno e a realidade que se quer transformar é o primeiro passo. Deve-se entender que não existe só um único ensino médio, e sim que a diversidade entre turmas é imensa, mesmo na mesma cidade e no mesmo estabelecimento de ensino. Dentro da minha realidade, leciono para turmas de terceiro ano no turno da manhã, tarde e noite e afirmo: as turmas são extremamente diferentes e os desafios são outros. Entender esses diferentes públicos, suas carências e suas necessidades muda completamente a maneira de se relacionar com os alunos, desde aspectos pedagógicos até aspectos técnicos de ensino. Portanto, quando se fala da Universalização do Ensino Médio, isso só acontecerá de maneira plena se for levado em consideração este aspecto.Um outro desafio diretamente relacionado a este assunto é a de capacitação de professores. Acredito que ela deva acontecer de maneira contínua e sequencial. E levando em conta a diversidade já citada de alunos, entendo que esta capacitação não deve ser a mesma para todo o ensino médio, já que como citado no texto e verificado por mim nas minhas turmas, não existe só um "único ensino médio". A capacitação deve ser especifica para diferentes modos de atuação e isso por si só, já é um desafio gigantesco. Outro desafio preocupante e talvez um dos mais difíceis é a falta de interesse dos alunos pelo ensino médio. O jovem tende a querer pular essa etapa e buscar direto o mercado de trabalho, resolvendo a questão da escolaridade mais tarde, com cursos supletivos. É necessário descobrir os motivos que levam a isso, ainda que parece claro que razões econômicas e necessidades financeiras da família levem a esta situação. Se levarmos em consideração o papel que o ensino médio tem (ou deveria ter) de formar cidadães plenos em termos éticos, sociais, econômicos e ambientais, isso torna-se um grave problema social, já que ao pular essa etapa, o jovem perde esta formação. Entendo que a maioria desses desafios já são conhecidos e que a busca pela solução já se iniciou (…).
(Fernando – Biologia)

A luta por melhores condições de vida e de trabalho e a ação determinada pela transformação das condições gerais (econômicas, políticas, culturais) impulsionam muitas pessoas a estudarem,pois são cientes da importância do estudo para e em todas as áreas de atuação na vida. Como à escola é destinada uma função social, qualquer desequilíbrio na atuação da mesma irá provocar ressonância na sociedade, e a repercussão será inevitavelmente a evasão, a menos que a escola seja uma parcela insignificante dessa mesma sociedade. Este desequilíbrio da atuação da escola diz respeito à falta de recursos físicos e de equipamentos, além da inabilidade da instituição escolar na implantação dos cursos previstos pelo planejamento, dificuldades em encontrar recursos didáticos e pedagógicos capazes de envolver os educandos e mantê-los interessados nos estudos. Ignoram-se, também, as contradições dessa escola, que, mesmo reproduzindo um sistema capitalista da sociedade na qual se insere, é o espaço conquistado pelas classes menos favorecidas para se apropriar dos conteúdos nela desenvolvidos. É preciso superar essas contradições, tornar a escola pública uma escola de boa qualidade de ensino, capaz de motivar os alunos, conscientizando-os de que necessitam apropriar-se dos conhecimentos elaborados pela humanidade, de forma democrática, responsável e consciente, visando formar educandos capazes de gerir suas próprias vidas e de reproduzir esses conhecimentos em benefício de toda a sociedade.
Os alunos que fracassam na escola são vistos como os únicos responsáveis pelo fracasso (conforme seja por problemas psicológicos, carências biológicas, emocionais, sociais, falta de interesse, baixo nível de inteligência, incapacidade para raciocinar), não se consideram as falhas apresentadas pela escola (quanto a conteúdos, métodos, didáticas) e pelos professores, quanto à sua formação e atuação.
Os alunos menos favorecidos economicamente são justamente os que mais necessitam de uma escola pública de qualidade, por ser ela o único espaço e a única oportunidade que possuem para apropriação do conhecimento sistematizado, necessário para que superem a sua condição de dominados socialmente; e, portanto, a escola não deve se eximir de qualquer responsabilidade sobre a condução do processo educativo, deve procurar em suas entranhas as causas do fracasso escolar. Também os professores mostram-se indiferentes com o nível de reprovação e evasão escolar, não se sentem co-responsáveis pelo fenômeno, não ensinam a raciocinar, a buscar soluções para os problemas que os alunos enfrentam. O que interessa é repassar os conteúdos, mesmo que esses não envolvam o estudante, por não corresponderem à sua realidade cultural, social e vivência. Se, de fato, se quer uma escola pública democrática, é preciso enfrentar e acabar com o fracasso escolar. Faz-se necessário rever a concepção de qualidade de ensino, que é inseparável das características econômicas, sócio-culturais e psicológicas da clientela atendida. Só se pode falar em qualidade em relação a algo: coisas, processos, fenômenos, pessoas, que são reais. Portanto, os programas, conteúdos e métodos devem ser compatíveis com as condições reais do aluno determinados por sua origem social.
O educador deve assegurar aos educandos a assimilação ativa dos conhecimentos sistematizados, das capacidades, das habilidades e das atitudes necessários à aprendizagem, tendo em vista a preparação para o prosseguimento dos estudos, para que possam obter melhores condições para a participação social em todas as esferas da vida: profissional, política, cultural. As questões relativas à evasão escolar precisam ser superadas para que se possa conseguir um ensino de boa qualidade, voltado às necessidades da clientela escolar, superando-se a falta de recursos da escola, a má remuneração e qualificação profissional dos professores, que, muitas vezes, em sua luta por melhores salários e condições de trabalho, esquecem-se de melhorar seus próprios conhecimentos e sua atuação como formadores de indivíduos.
(Arlete – Língua Portuguesa)

Diante do desenho histórico apresentado no texto-ensino médio - Um balanço histórico institucional - identificam-se as seguintes reflexões acerca dos desafios que precisam ser alcançados no ensino médio brasileiro: A leitura feita do texto permite - se dizer que poucos tinham acesso aos saberes, as aulas eram régias,e principalmente no período do império, os mais favorecidos tinham esta oportunidade. Na configuração histórica observa-se que houve progressos. Porém, mesmo com as leis vigentes, é necessaŕio destacar que a realidade brasileira educacional ainda enfrenta problemas em suas classes menos favorecidas, principalmente em regiões que não priorizam a educação. A discrepância na educação brasileira existe, e ela é resultado de uma herança histórica. Esta resultou na descaracterização e desqualificação do ensino médio A permanência dos estudantes no ensino médio, chamado de secundário no decorrer da história. Isto declara-se como dualidade invertida onde antagoniza uma educação para elite e uma educação para o trabalhador. Na década de setenta, período ditatorial, com a flexibilização e obrigatoriedade do ensino profissionalizante houve uma procura maior para ingressar a esta modalidade, pela proposta de futuro ingresso no trabalho. Também neste período houve a desvinculação dos recursos orçamentários destinados para esta modalidade. Isto é retomado na carta constitucional de 1988 o que redemocratiza o período atual. Configura-se na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), caracterizando o Ensino Médio como etapa de conclusão da educação Básica. Na Sequência histórica , com as reflexões críticas da época, as iniciativas dos movimentos sociais na construção de um projeto coletivo que destinou-se a redefinir os objetivos e atribuições do ensino Médio. O projeto de Formação Humana Integral propôs superar a dualidade presente entre cultura e trabalho. Faz se necessaŕio resgatar o Manifesto Educacional que foi assinado por vinte e seis educadores alguns liberais elitistas e outros igualitaristas , condenavam a discriminação social realizada pela escola. Propondo uma “escola única para todos , de modo a se evitar o divórcio entre os trabalhos manuais e intelectuais”. Quando fala-se em desafios remete-se a toda a sequência cronológica e histórica educacional deste país e suas consequências. As relações e discriminações sociais, leis pautadas em interesses econômicos e políticos, momentos de progresso da sociedade e consequentemente educacional.
Isto posto, percebe-se que a situação atual educacional perpassa pela formação continuada e efetiva do professor; jornada de trabalho que garanta ao docente seus momentos de estudos e reflexões acerca do desenvolvimento do seu trabalho; garantia para o professor de acesso frequente as artes, literatura, música; gestores participantes do processo; remuneração adequada aos profissionais de educação;
É necessário citar as famílias destes estudantes e suas relações desestruturadas. Obviamente que esta situação não diz ser totalmente responsabilidade da escola, é um capítulo a parte em nossa sociedade , porém afeta diretamente o processo escolar, e há uma necessidade premente de reavaliação pelos órgãos competentes e da própria sociedade. Sabe-se que quanto mais acesso aos saberes , mais a oportunidade de sabermos de nossos direitos como cidadãos e reivindicá-los. Do ponto de vista social, é necessário que os veículos midiáticos caminham com a escola e por ela, em uma concepção correlacionada à educação. A reestruturação e a flexibilização dos currículos auxiliariam de maneira eficaz na construção de um novo ensino médio. A ideia conteudista apresenta-se obsoleta, assim como a escola. Com as novas demandas tecnológicas e o acesso constante a estas ferramentas propondo um mundo mais dinâmico nas informações para as juventudes atuais. É imprescindível que o professor, unido a um projeto de escola, retome a sua linguagem e proponha uma leitura mais rápida aos nossos estudantes.
(Monica – Pedagogia)

Os desafios do ensino médio são: Controlar evasão escolar: a distância residência/escola, dificuldades financeiras, falta de estímulo por parte do estudantes e alguns professores. Reprovação: é uma consequência da evasão escolar, e dificuldade de aprendizagem e desinteresse para os estudos, no caso do ensino médio noturno o cansaço para os estudos. Diminuir o número de alunos por sala para fazer um trabalho mais individualizado para um melhor aproveitamento escolar por parte dos estudantes.
(Denise Adriane Regis - Matemática)

Achei muito interessante o texto e considero os cinco pontos abaixo grandes desafios a serem analisados e resolvidos para melhorar a qualidade a realidade brasileira no quadro educacional, e por consequência, em outros aspectos também. Não tem como notar como o ensino médio, desde a sua criação no Brasil:
- É elitizado. Desde a criação de cursos secundários que não certificavam de maneira igualitária para que todos pudessem ingressar no ensino superior, conforme Anísio Teixeira.
- Perdeu, ou talvez na prática nunca teve, um objetivo plausível. A ausência da “formação do homem para todos os grandes setores da atividade nacional, construindo no seu ensino todo um sistema de hábitos, atitudes e comportamentos que o habilitem a viver por si mesmo e a tomar em qualquer situação as decisões mais convenientes e seguras” está longe de acontecer. Seria necessário repensar no ingresso do ensino superior, nas atividades nacionais, nos acontecimentos do cotidiano, enfim, realmente ensino médio deveria ser repensado e recriado um consenso sobre a sua utilidade.
Hoje, acho que o ensino médio ainda é encarado apenas como um método de seleção para o ingresso no ensino superior. “De exame de saída do ensino secundário passou a ser exame de entrada aos cursos superiores”. Até hoje nos deparamos com “exames de vestibular”, que visivelmente são voltados àqueles que fazem cursinhos (normalmente caros). Provas que enfatizam a decoreba, e não relacionam os fatos do mundo com o conteúdo que deveria ser ensinado realmente. Assim, até nós, professores, ficamos cada vez mais presos a passar os conteúdos cobrados nestes exames, e menos críticos e participativos nos fatos existentes ao nosso redor.
Na enquete realizada com meus alunos de 1º ano, percebo que o ingresso no CEP é pensando já nos concursos vestibulares. Obviamente que durante o curso, como adolescentes que são, eles se esquecem do seu objetivo e procuram mais viver as relações sociais que a escola proporciona, do que adquirir conteúdo de cada disciplina (o que acho normal e justo, visto suas poucas experiências e quanto eles ainda podem crescer em vários aspectos).
- Não há um padrão, uma ideia central para que possamos nos focar como educadores.
A criação de uma escola padrão, como o Colégio Pedro II, acabei analisando com bons olhos. Caso as escolas tivessem uma referência, haveria uma base de ensino. Porém, o governo deveria garantir a estrutura de todas as escolas, para que as mesmas possam realmente se espelhar nesta escola e seguir um padrão de qualidade. Mas estes tipos de escola deveriam ser acessíveis a todas as classes.
- Descaso do governo e da sociedade. Encaro com um grande problema a forma do governo de incentivar instituições particulares, ao invés de proporcionar a sociedade um ensino para todos e com qualidade. Mas acho que o descaso da própria sociedade facilita que os comandantes do Brasil pensem em melhorar nosso país investindo em educação. Se a mobilização do povo fez que até governantes da ditadura contribuírem no setor educacional, elevando o tempo de ensino para 8 anos, hoje, com base nas experiência passadas, nosso povo poderia mais.
- Abuso do governo. Desde a ditadura é percebido também que o governo brinca com a educação empobrecendo currículos e dificultando a compreensão crítica da realidade social. Verbas educacionais também são constantemente reduzidas e a educação no nível médio acaba sendo apenas um qualificador para o mercado de trabalho.
(Barbaba- Química)

Na minha opinião, o maior desafio do EM é a evasão escolar. Podemos observar aqui no CEP, que a cada ano as matrículas no EM noturno vão diminuindo. Nos últimos cinco anos, a procura pelo ensino médio noturno caiu pela metade. Isso se deve, entre outras coisas, a distorção idade série e ao fato do aluno precisar trabalhar para ajudar em casa, e ainda, pela possibilidade de concluir o EM pelo ENEM.
(Nilton Cezar dos Santos – Pedagogia)

A evasão escolar é um grande desafio no EM em virtude de nossos jovens assumirem responsabilidades tão cedo para consigo e seus familiares, atropelando o ciclo. Isso decorre da falta de estrutura familiar e de novos modelos familiares cada vez mais presente nessa geração. Estas classes, quase sempre menos abastadas sofrem o desestímulo à educação. Mesmo alguns estímulos sociais propostos não são suficientes para equilibrar ao patamar da elite. O que vemos são jovens sendo verdadeira e literalmente empurrados e não educados, sem adequado conhecimento e amadurecimento por interesse politico e econômico. O educador com papel fundamental nesse desafio deve se ater a realidade enfrentada por esses jovens. É necessário investimento, tempo e valor a educação tão banalizada, é hora de rever conceitos para balancear esse conceito histórico, equilibrar a educação para um estudo equitativo.
(Cleiton – Física)

O maior desafio para o ensino médio é fazer com que o estudante que terminou o ensino fundamental continue seus estudos no ensino médio e que os mesmos tenham condições de concluir um ensino médio com qualidade, onde nossos jovens saiam com uma formação básica , para que os mesmos possam fazer suas escolhas para dar continuidade aos seus estudos ou inserir-se ao mercado de trabalho. Para que isso aconteça teremos que ter um conjunto de mudanças, como Professores mais preparados e mais comprometidos com a educação , Colégios mais adequados para recebem estes jovens , uma carga horária maior ( UMA EDUCAÇÃO INTEGRAL ) ,Maior comprometimento dos nossos alunos , enfim um conjunto de vários itens que torne a escola mais atrativa.
(Enzo A Souza - Matemática)

1.2. Perfil social, cultural e econômico dos estudantes matriculados no Ensino Médio: Conhecer para mudar

Para o Tópico 2, do Caderno 1, foi sugerida a atividade “Reflexão e Ação” em que os professores, após escolherem uma turma de atuação no Ensino Médio, elaborassem um perfil sócio econômico cultural. O objetivo foi fazer um levantamento de dados para compreender elementos que compõem a realidade cotidiana dos estudantes.
Assim, para fazer o levantamento de dados sobre o perfil dos estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná foi aplicado um questionário sócio econômico em turmas pré-selecionadas pelos cursistas. A pesquisa contemplou turmas do Ensino Médio dos turnos da manhã, tarde e noite. O questionário foi elaborado pela Profª Denise (Matemática) e socializado aos demais cursistas que o adaptaram de acordo com o interesse de suas pesquisas.
A pesquisa revelou, nas turmas selecionadas pelos professores, algumas questões consideradas relevantes no que diz respeito às questões sócio econômicas culturais dos estudantes:

- Os estudantes residem, em sua maioria, distantes da escola (nas regiões periféricas de Curitiba) e em municípios da Região Metropolitana (Rio Branco do Sul, Itaperuçu, Araucaria, São José dos Pinhais, Quatro Barras, Colombo, Almirante Tamandaré e Campina Grande do Sul) utilizando o transporte coletivo como meio de locomoção. Pouquíssimos estudantes residem perto da escola. Com isso, conclui-se que o CEP não é constitído por público da “comunidade” do entorno.
- A grande maioria dos estudantes do diurno apenas estuda, sendo sustentados pelos pais (na maioria dos casos é a mãe a chefe da família). Já a maioria dos estudantes do período noturno desenvolvem algum tipo de atividade profissional.
- A renda familiar observada compreende entre dois a cinco salários mínimos.
- Observou-se que a maior parte dos pais e mães tem o ensino médio completo e um número expressivo de pais e mães que possuem curso superior completo. Notou-se que há maior grau de formação escolar entre as mães.
- Os estudantes afirmam ter pouco acesso a livros, cursos e jornais e sua rotina de estudo em casa se resume como menos de 1h de estudos por dia, demosntrando que dedicam pouco tempo de estudos em casa. A frequência a cinemas, teatros, museus, shows, concertos, estádio, shoppings, bares e danceterias é pequena.
- Todos tem em seu domicílio aparelho eletrônico havendo predominância de mais de uma televisão e aparelho de telefone celular. Um número considerável diz que passa mais que 3h assistindo tv, vídeos não instrucionais e praticamente a metade passa mais de 3h em redes sociais.
- A maioria dos participantes tem estudado em escola pública.
- Notou-se que a grande maioria dos estudantes não fazem outras atividades extracurriculares, sendo pequeno o número que se dedica a esportes, artes e idiomas fora da escola.
- A maioria (em torno de 60%) não se interessa por política, embora consideram importante saber e discutir as questões políticas.
- Chamou a atenção a questão da leitura de livros, em que boa parte dos estudantes diz ler de 2 a 5 livros por ano.
- Nenhum estudante recebe bolsa família (mas apareceu caso que já recebeu a bolsa mas hoje não recebe mais), sendo participamente nula a participação em trabalhos voluntários ou serviço assistencial.
- Sobre o sistema de cotas para afro-descendentes e indígenas na universidades, há um número considerável que discorda (em torno de 25%).
- No Ensino Médio Noturno observa-se um número considerável de estudantes fora da faixa etária adequada para a série, demonstrando que já passaram por reprovações ou abandono escolar.

1.3. Materialização da proposta de formação humana integral

Como atividade do Tópico 3, do Caderno 1, foi solicitado (após discussão e reflexão coletiva) que os professores trabalhassem em duplas e elaborassem pequeno texto retratando possibilidades de implementar a formação humana integral.

Para que ocorra a formação humana integral, entendemos que o estudante ao terminar o ensino médio tenha uma formação crítica, politizado, e esteja apto a se integrar à sociedade, e conscientes da necessidade de preservação ambiental, respeitando as diversidades dos seus pares. Os nossos estudantes devem estar preparados para encarar os mais diversos processos seletivos para o ingresso no ensino superior ou para a continuidade de seus estudos nos cursos técnicos. Para os estudantes que não desejam continuar seus estudos, os mesmo devem estar aptos para a compreensão de leis, manuais, textos informativos, ter pró-atividade para encarar o mercado de trabalho.
(Denise Adriane Regis – Matemática / Enzo Aparecido de Souza - Matemática)

A formação integral do estudante,segundo as DCNEM, tem como metas, dentre outros aspectos, o trabalho como princípio educativo (base para a organização e desenvolvimento curricular) , a pesquisa como fundamento pedagógico (para que os conhecimentos sejam socializados de modo a promover a elevação do nível geral de educação da população) e a integração entre educação e as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura (o trabalho é conceituado, na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação no processo de produção da sua existência). A formação humana integral implica em possibilitar as condições para que o estudante possa ter acesso ao conhecimento universalizado compatível com a sua realidade cultural. O ensino deve ser direcionado para a formação do indivíduo como cidadão engajado e apto na transformação do meio social em que está inserido, bem como buscar interação com todos os aspectos da sociedade, sendo capaz fazer uma leitura do mundo de forma crítica e transformadora.
(Arlete Dolny – Língua Portuguesa/ Eloi Reni de Oliveira - Geografia)

Pensar a formação humana integral pode gerar inúmeras hipóteses de quem é esse ser humano e do que é ser integral. Com os subsídios teóricos oferecidos nos textos para discussão optamos por discutir em separado os conceitos de Trabalho que aparece como princípio educativo, a Pesquisa como fundamento pedagógico e posteriormente a integração entre o que se compreende como Educação e as dimensões de Trabalho, Ciência, Tecnologia e Cultura. Em primeiro lugar para refletir sobre o Trabalho como princípio educativo, nos apropriamos do conceito de Trabalho em Física que pressupõe a aplicação de uma determinada Força para a transformação da Energia. A partir dessa leitura conceitual, nos deparamos com a necessidade de qualquer sujeito trabalhar individualmente para que essa transformação de informação, de práticas, de exercícios, reflexões, em novos conceitos, saberes, ações efetivas. Portanto, é inerente a intencionalidade nesse processo que pode ser extendido a qualquer atividade humana transformadora de suas condições. As atividades em grupo, coletivas podem auxiliar nesse processo pois compõe com novas organizações energéticas e possibilita a estabilização ou desestabilização do conjunto. O olhar e a compreensão de nossos agentes da educação como um todo assim como o de nossos educandos em função dessa potencialidade da ação intencional no Mundo pode promover um melhor ambiente de educação, levando ao segundo tópico de discussão que é a Pesquisa como fundamento pedagógico.
Compreender a pesquisa como construção do conhecimento, no qual o sujeito pode estar inserido no seu próprio momento pessoal, mas que precisa aprender a sistematizar o conhecimento, levantar dados (conhecimento já sistematizado), gerar hipóteses, testá-las, gerar um novo conhecimento. Essa forma de fundamentar a ação pedagógica, pressupõe uma visão mais ampla do processo de construção do conhecer, considerando as individualidades e as idiossincrasias dos grupos e sujeitos, sendo mais real em seu tempo-espaço de significação. Nesse processo a pesquisa aparece como uma maneira de compreender o conhecimento (e qualquer forma de conhecimento), pois já é possível verificar que esse fundamento pode ser mais democrático, pois evidencia a teia da construção do conhecimento e não sua setorização. Com tais fundamentos teóricos, novamente se questiona que sujeito é esse ao qual pretendo promover uma educação humana integral e democratizar efetivamente o processo educativo. Para isso nos deparamos com os novos desafios para o EM, perpassando por políticas públicas, compromisso dos Estados com estrutura e investimentos e no âmbito escolar, podemos nos valer do PPP como um documento que possa respaldar nossas ações refletindo nossas incoerências para podermos transcendê-las.
(Cristine Christofis de Amorim – Arte / Daniele Franco - Arte)

É necessário que haja uma discussão por parte de todos os componentes da escola sobre a formação integral do educando (a) e sobre o trabalho como principio educativo,também a pesquisa e a integração entre ciência, tecnologia e cultura. Após o debate é importante que que haja um diagnóstico sobre as reais condições do ambiente escolar e que a escola possa ser mais tecnológica e adequada as realidades da mundo contemporãneo com uma maior integração entre a ciência e tecnologia, também o trabalho como principio educativo.
(Nilton Cezar dos Santos – Pedagogia / Daniel José Gonçalves Pinto – Geografia)

Para que o ensino médio atue de modo a visar a formação humana integral, é necessário que considere-se os seguintes princípios e fundamentos: A reconstrução do currículo do ensino médio entendendo que esta transformação deve ser efetiva e que os seus envolvidos o façam com coragem para que este processo se consolide em uma educação igualitária. Restringindo-se a unilateralidade e preservando o desenvolvimento humano em todas as suas potencialidades , visando a formação científica, tecnológica, humanística, política, estética. Para esta travessia, palavra citada com ênfase no texto, mais do que estar refletindo e enumerando perspectivas, torna-se imprescindível a atuação dos órgãos competentes no que diz respeito aos índices de evasão do ensino médio e os seus agravantes fracassos. Entre as necessidades prementes, tem-se a formação continuada dos professores, gestores e atuantes da educação. Desde sua competência técnica, compromisso ético e seu pertencimento como educadores.
Isto posto, mais do que traçar estes princípios é de grande significado como preceito básico da antropologia , citado no caderno dois dos documentos do pacto para o ensino é que:….”se queremos compreender, é necessário conhecer”. Diante deste entendimento torna se primordial para o fortalecimento deste processo saber quais juventudes estamos trabalhando.
(Bárbara – Química / Mônica – Pedagogia / Fernando – Biologia)

Alcançar a universalização do Ensino Médio é uma tarefa que requer muito esforço e conhecimento do atual modelo que este se apresenta, não só por parte das escolas, mas também dos órgãos responsáveis pela destinação dos recursos, manutenção e organização do sistema escolar. A universalização passa pela superação de alguns obstáculos que ainda geram desigualdade. É o caso da evasão escolar. Combate-la exige que saibamos por quais motivos ela ocorre, e atualmente, nota-se o desinteresse pela forma que, na maioria das vezes, apresentamos os conteúdos em sala de aula. A utilização de recursos de multimídia pode ajudar a minimizar este problema, para isto, há uma alguns desafios a serem superados, por parte do
estado cabe fornecer os equipamentos e manutenções necessárias, cursos e capacitações e por parte dos educadores, muita dedicação e criatividade para trabalhar com estes recuros em sala de aula.
(Albano – Física / Cleiton – Física)

1.4. Universalização do Ensino Médio

Como atividade do Tópico 4, do Caderno 1, foi proposto também o trabalho em duplas, na qual os professores foram provocados a escreverem possíveis caminhos para se chegar à Universalização do Ensino Médio.

Para chegar a universalização do ensino médio no Brasil em nossa opinião e como resultado de reflexões de nossa prática pedagógica acreditamos que é necessário: a construção de mais escolas possibilitando o acesso e permanência, gerando maior comodidade no deslocamento do local de moradia, também é importante a retomada da educação escolar como elemento primordial para a formação do homem omnilateral e a socialização com o (a ) diferente no mundo contemporâneo.
(Nilton Cezar dos Santos - Pedagogia / Daniel José Gonçalves Pinto- Geografia

Para que o ensino médio atue de modo a visar a formação humana integral, é necessário que considere-se os seguintes princípios e fundamentos:
A reconstrução do currículo do ensino médio entendendo que esta transformação deve ser efetiva e que os seus envolvidos o façam com coragem para que este processo se consolide em uma educação igualitária. Restringindo-se a unilateralidade e preservando o desenvolvimento humano em todas as suas potencialidades , visando a formação científica, tecnológica, humanística, política, estética. Para esta travessia, palavra citada com ênfase no texto, mais do que estar refletindo e enumerando perspectivas, torna-se imprescindível a atuação dos órgãos competentes no que diz respeito aos índices de evasão do ensino médio e os seus agravantes fracassos. Entre as necessidades prementes, tem-se a formação continuada dos professores, gestores e atuantes da educação. Desde sua competência técnica, compromisso ético e seu pertencimento como educadores.Isto posto, mais do que traçar estes princípios é de grande significado como preceito básico da antropologia , citado no caderno dois dos documentos do pacto para o ensino é que: “...se queremos compreender, é necessário conhecer”. Diante deste entendimento torna se primordial para o fortalecimento deste processo saber quais juventudes estamos trabalhando.
(Bárbara – Química / Mônica – Pedagogia / Fernando – Biologia)

Fazer do aprender a necessária e permanente atividade do brasileiro adolescente, jovem, adulto, trabalhador ou não, empregado ou não, seria uma conquista definitiva para, finalmente, garantir-se que o "gigante acordou" e, ao se desenvolver, porque gerador de qualidade de vida para toda a sua população, tornar-se o pais que fez da Educação o meio e o fim pelo qual se pudesse atingir a formação humana integral, possibilitando a condição a cada cidadão à atuação transformadora na sociedade, porque munido de conhecimentos já produzidos pela humanidade, possa gerar novos conhecimentos que farão com que a mesma sociedade seja beneficiada e, portanto, quiçá, igualitária. Porém, como chegar à universalização do ensino médio?
Diante daquilo que foi exposto nesse Caderno I, considero que para que tal objetivo seja alcançado há que se fazer:
1º) Possibilitar às famílias, cujos filhos em idade escolar, possam mantê-los nas escolas, porque seus ganhos salariais (de pai; de mãe; de pai e de mãe; e/ou do responsável legal) garantem a manutenção das necessidade básicas, bem como o acesso às mais diversificadas aquisições de saberes, de todos os integrantes desse grupo familiar.
2º) Oferecer, garantir e cobrar a contínua e ininterrupta formação e (re)formação dos profissionais em Educação.
3º) Atender às necessidades expressas no PPP de cada instituição escolar, numa garantia de que se possa alcançar a realização das metas e objetivos que foram considerados condicionadores para que se possa atingir o permanente aprendizado dos estudantes em cada contexto sócio-político-educacional, segundo suas singularidades.
(Arlete – Língua Portuguesa)

Superar os problemas que enfrentamos na busca pela universalização do Ensino Médio não é tarefa simples, mesmo porque alguns deles são de ordem cultural e suas soluções passam por uma mudança de comportamento e reflexão profunda de cada indivíduo sobre seu papel frente à sociedade. Enxergar nessa etapa do ensino a sua importância quanto à formação de uma sociedade mais sadia, física, humana e intelectualmente é fundamental, inclusive para que possamos traçar os rumos a serem tomados em sua estruturação.
O problema é que a própria escola deve contribuir significativamente para essa mudança. Assim, acabamos nos encontrando em uma espécie de círculo vicioso, onde ao mesmo tempo em que a escola depende de uma percepção diferente de sua função por parte da sociedade, ela mesma não consegue promover essa compreensão.
Nossa atuação em sala de aula vai além da reprodução de conteúdos e aconselhamentos. Da mesma forma que nossos estudantes reproduzem, em parte, hábitos que trazem de casa, as atitudes que tomamos e a forma como agimos podem ser agentes formadores de seu caráter. Nesse sentido, a credibilidade de nosso trabalho passa, também, por agirmos de maneira compatível com aquilo que falamos.
Problemas sociais também contribuem para termos maus resultados no Ensino Médio. Seja pelos estudantes que precisam trabalhar para ajudar no orçamento familiar, por aqueles que moram em locais distantes e nem sempre conseguem chegar à escola e até por outros que chegam mal alimentados ou doentes, por problemas como a falta de saneamento básico, água tratada, etc. São situações extremamente delicadas que podem fazer com que o rendimento escolar fique muito aquém do desejado. Obviamente que há a necessidade da implementação de políticas públicas que não sejam excludentes e compreensão de todos sobre a importância da coletividade.
Afinal, o bem estar de um grupo reflete-se nos próprios indivíduos que o compõe, enquanto que a recíproca nem sempre é verdadeira. E sabemos bem disso pelas diferenças sociais encontradas em nosso país.
Com relação ao currículo, é possível que estejamos pecando pelo excesso, pelas nossas escolhas quanto ao que se trabalhar e pela forma com a qual o fazemos. As duas primeiras, entre outras coisas, dependem de uma mudança no formato atual de ingresso no Ensino Superior, pois, em parte, estamos atrelados aos exames classificatórios. A terceira requer formação e estrutura física para que consigamos, por exemplo, aproveitar melhor todos os recursos tecnológicos inerentes ao mundo moderno e tão familiares à grande maioria de nossos estudantes.
Diante disso, repensar nossas práticas representa um bom começo e replanejar, quando necessário, é fundamental.
(Albano – Física / Cleiton – Física)

Se os dados estiverem corretos (mais da metade dos jovens entre 15 e 17 anos estão fora do ensino médio e um terço destes jovens ainda frequentam o ensino fundamental), então o problema é mais grave do que parecia. Para acharmos a solução para o problema, devemos entender a razão para tal fato ocorrer. Uma boa parte dos jovens entre 15 e 17 anos deixa de frequentar a escola por causa do trabalho. Então o problema aqui é econômico e social. Outra parte destes jovens são recrutados nos grandes centros urbanos pelo crime organizado. Temos aqui um problema social e de segurança pública. Uma parcela menor destes jovens tem dificuldade de aprendizagem e (talvez) aqui, nós professores, pudéssemos fazer algo a respeito. 
Podemos perceber que a maior parte dos problemas educacionais no Brasil é de responsabilidade do Estado. Então, para chegarmos à universalização do EM, o Estado deve criar políticas públicas educacionais e sociais que facilitem o ingresso e a permanência dos jovens entre 15 e 17 anos nas escolas.
(Profº Elói R. de Oliveira – Geografia)

Para chegar a universalização do Ensino Médio no Brasil:
1) Construção de novas escolas e a reforma da grande maioria delas, deixando uma estrutura adequada para o aprendizado. Desde a estrutura física, como uma merenda reforçada..
2) Os estudantes precisam estar motivados, e as políticas públicas sociais e educacionais precisam estar mais adequadas, atraentes para que eles não se desestimulem, e não tenhamos tanta evasão.
3) Formação continuada dos professores e todos que atuam nos colégio, desde a direção até merendeira, serviços gerais, etc.
4) Tentarmos entender o porquê de tanta evasão. E tentarmos solucionar o problema, ou parte dele.
(Fabricio – Educação Física)

Observando as contribuições dos colegas nos deparamos com questões que envolvem problemas de políticas públicas e de acesso à escola, pois ainda no século XXI enfrentamos dificuldades econômicas e de isolamentos de comunidades inteiras e a realidade da escola permanece distante para esses brasileiros. Também nos deparamos com dificuldades que precisam ser enfrentadas com a mentalidade escolar. Observando o histórico do Ensino Médio apenas no Brasil, constatamos uma história razoavelmente curta se pensarmos em processo Humano, mas no interior da escola e na prática escolar, nos deparamos com uma mentalidade que cristalizou esse momento como se sempre fosse e devesse ser como é. Para podermos avançar na universalização não apenas retórica do Ensino Médio, temos que avançar com a nossa história, revendo os propósitos que almejamos como seres conscientes de nosso papel nesse Mundo, com objetivos humanizadores, realmente democratizando acessos a todos, para que estes atores sociais tenham condições cada vez mais equalizadas de atuar e encontrar seu lugar. Um dos aspectos que acredito ser fundamental é enfrentar a falta de perspectiva, pois o Ensino Médio como profissionalizante ou como passagem para a universidade não atende a outras perspectivas de formação humana, que pode ser que a dinâmica escolar como é posta hoje em dia nem sequer se concebe como possível.
(Daniele Franco - Arte / Cristine Christofis de Amorim - Arte)

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como forma de avaliar os primeiros momentos de estudos realizados pelos cursistas solicitou-se que postassem no Blog suas expextativas. Ao manifestarem suas opiniões fica evidente a desconfiança inicial a respeito do curso, a dificuldade em cumprir a carga horária aos sábados e o conjunto de “atividades a mais” para serem realizadas ao longo dessa etapa.
Mesmo assim, desde os primeiros encontros, foi possível vislumbrar um otimismo pedagógico em relação a formação profissional. E isso, certamente, é um mérito proporcionado pelo curso Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. Nota-se, nos cursistas dessa turma, um compromisso profissional, um entusiamo pessoal em prol da própria profissionalidade e um interesse crescente por melhores atuações pedagógicas no cotidiano da sala de aula.

"Conhecer para mudar" é um instigante tema para a transformação e a remodelação do Ensino Médio para que melhores métodos possam nortear nossos trabalhos para atingirmos o objetivo principal que ora iniciamos com esses estudos: a universalização e a integração humana aos estudantes do Ensino Médio.
(Arlete – Língua Portuguesa)

Impressões e expectativas sobre o curso: A impressão que tenho é que todos estão motivados sobre o curso. Minhas expectativas são as seguintes; aprender um pouco mais sobre a realidade do ensino médio brasileiro; melhorar minha prática e meu relacionamento com os alunos (as).
(Daniel – Geografia)

É interessante o quanto é importante relacionar nossas inquietudes diante do processo. Bem inicialmente não tinha visualizado desta forma, mas no decorrer do processo, das leituras, dos contatos com colegas e estudantes analisados nas pesquisas senti que isto realmente é essencial. (…) minhas expectativas em relação ao curso são positivas, porque complementam a minha prática auxiliando me nas percepções das minhas relações com esta juventude, e as maneiras que ao entender este jovem eu poderei ajudá-lo, assim como no processo de suas aprendizagens.
(Mônica – Pedagogia)

Quando fiz minha matrícula no curso pensava direto na certificação, nos pontos possíveis para avanço na carreira. A bolsa era um breve atrativo, visto seu pouco valor. Porém, os pensamentos, a coragem de exposição, as discussões, vem tornado nossos encontros cada vez mais interessantes. Minhas expectativas vem aumentado conforme progredimos nos capítulos. Textos interessantes e a boa forma de condução melhoram o processo. Estou realmente feliz em perceber que minhas manhãs de sábados + tempo dedicados aos afazeres do curso não estão sendo em vão. Estou adorando ver o empenho e a participação dos colegas, principalmente o respeito quando há posições e pensamentos diferentes. Acho que cursos assim realmente adicionam mais a área educacional, principalmente porque faz o próprio professor refletir em suas ações.
(Bárbara – Química)

Nestes encontros iniciais posso assegurar que as discussões têm sido bastante interessantes (mesmo que eu prefira ficar só ouvindo, durante boa parte do tempo). Conhecer melhor como funciona o E.M.no Brasil foi algo que, além de me surpreender em alguns pontos, torna evidente a necessidade de se repensar muito daquilo que consideramos correto. Não posso negar que, depois de uma semana toda de trabalho, a dificuldade para acordar cedo no sábado e ir para o curso é enorme, mas tenho ciência que isso se faz necessário, seja por aquilo que almejo no que diz respeito à progressão de carreira ou, agora de maneira muito mais substancial, pela compreensão de que nós, professores, somos fundamentais para a construção de um E.M. que contribua, ao máximo, para a formação integral dos estudantes, um dos passos importantes para a redução das desigualdades em nosso país. Espero que nossos futuros encontros continuem nos propiciando esse entendimento e a busca da solução dos problemas que enfrentamos.
(Albano Sampaio - Física)

Estou muito motivado para o curso, apesar do pouco tempo que tenho para fazer as lições de casa. Como disse no primeiro encontro, é a primeira vez que estou dando aulas para o Ensino Médio em turma regular, pois já dei para o EJA e Cursos Técnicos. Estou gostando muito, pois eles tem mais autonomia e tudo que passo de conteúdo, a grande maioria dos alunos estão topando. Tenho acesso as turmas pela internet, tirando dúvidas, passando trabalhos etc e tal. E com o curso, irei aprender e trocar experiências com professores que já trabalham algum tempo com o ensino médio, além de conhecer um pouco da realidade do CEP e do ensino médio no Brasil.
(Professor Fabricio Kupczik - Educação Física)

Acredito ser muito importante nos voltarmos para as questões que envolvem a estrutura, o funcionamento e a concepção que suportam o Ensino Médio. Em nossas reflexões podemos nos abrir a visões de mundo mais complexas, conseguindo integrar novos conhecimentos que possam ser reveladores para a Educação como um todo. Penso que questionar o EM é também questionar o Ensino Fundamental e, por que não, a própria universidade. Quando conseguirmos pensar em ciclos e em suas continuidades, não de maneira estanque, será provável estarmos indo de encontro a uma visão mais integral do Ser Humano.
(Daniele Franco - Arte)

Na realidade, confesso que o curso me surpreendeu, pois já nos primeiros encontros pude observar que todos que ali se encontravam estavam com um propósito sério de realmente estudar, discutir, refletir e desta forma melhorar o EM em nosso país.Desta forma cada vez mais me sinto motivada com o curso e principalmente com a nossa turma.
(Cristine Christofis de Amorim - Arte)

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. Formação de Professores do Ensino Médio: Documento Orientador Preliminar. Brasília, 2014.