O currículo pode ser compreendido como a seleção dos conhecimentos e das práticas sociais historicamente acumulados, considerados relevantes em um dado contexto histórico e definidos tendo por base o projeto de sociedade e de formação humana que a ele se articula (BRASIL, 2013). Nessa perspectiva, o currículo deve oferecer não somente vias para compreender tanto os saberes nele inseridos, como também os movimentos contraditórios pelos quais, a sociedade vem enfrentando e de que forma os sujeitos se inserem neles. O currículo é a expressão das concepções de homem, de mundo, de ensino e aprendizagem, de métodos e de educação, das aspirações sobre a escola e seu papel social, de práticas pedagógicas e das relações nela vividas.
As indagações sobre o currículo presentes nas escolas e na teoria pedagógica mostram um primeiro significado: a consciência de que os currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos. São uma construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em contextos concretos e em dinâmicas sociais, políticas e culturais, intelectuais e pedagógicas. Conhecimentos e práticas expostos às novas dinâmicas e reinterpretados em cada contexto histórico. As indagações revelam que há entendimento de que os currículos são orientados pela dinâmica da sociedade. Cabe a nós, como profissionais da Educação, encontrar respostas (GOMES, 2007).
Nessa direção pensamos a organização pedagógica curricular do ensino médio as diferentes juventudes que o frequentam, suas identidades, suas culturas, suas necessidades, para isso é necessário que se estabeleça um profundo diálogo entre as distintas formas de viver a juventude e o que oferecemos em termos de currículo, de saberes, de práticas. O reconhecimento do caráter histórico-cultural da formação humana nos leva, ainda, ao encontro de avanço do conhecimento científico e tecnológico, e isso significa, em termos curriculares, partir da contextualização dos fenômenos naturais e sociais, de sua significação a partir das experiências , bem como da necessidade de superação das dicotomias entre humanismo e tecnologia, toda atividade curricular do ensino médio deve ser organizada a partir de um eixo comum: trabalho, ciência, tecnologia e cultura e que se integre a partir desse eixo, a totalidade dos componentes curriculares.
O exercício de pensar a formação humana a partir do diálogo com a prática cotidiana do professor é o nosso grande desafio. Sabemos que os professores, sujeitos do fazer pedagógico, convivem com uma quantidade grande de concepções, mas muitas não encontram soluções às exigências de seu trabalho cotidiano. Muitas vezes queremos e precisamos de respostas de
“como fazer” e lidar com o processo formativo no dia a dia da atividade docente (BRASIL,2013).
Será que temos autonomia para tomarmos nossas próprias decisões em relação aos conteúdos que iremos trabalhar e adotar para seguir com nossos alunos? Ou devemos seguir aquilo que nos foi imposto em um PPP, onde o que está escrito la é o certo, e sendo assim não podemos trabalhar de outra forma a não ser aquela que foi jogada por um documento? Gostaríamos sim de muitas vezes inovar, renovar, conforme a verdadeira realidade de nossos alunos, mas temos que seguir e salientar conforme PPP, onde o que está escrito é tido como correto. No vai e vem para aprovação do PPP, são realizadas muitas mudanças, até que se aprove o mesmo. No entanto, tais mudanças devem ser investigadas e novamente refeitas até que se chegue ao mínimo almejado. Para tanto, é preciso atribuir liberdade aos docentes para que possam preparar suas aulas da forma que considerem a melhor, de acordo com cada turma (por mesmo tratando-se apenas do Ensino Médio, cada uma tem a sua característica, dificuldades e facilidades). Não atribuir liberdade a nós professores, é o mesmo que comparar o nosso estudo a nada. Além disso, pode-se mudar o PPP quantas vezes acharem necessário, mas, não podemos nos furtar de chamar a atenção para o fato de que a questão da formação de professores e "vontade" dos mesmos, não pode ser dissociada do problema das condições de trabalho que envolvem a carreira docente, "em cujo âmbito devem ser equacionadas as questões de salário e da jornada de trabalho", somando-se os recursos financeiros para assegurar condições adequadas a uma aula (SAVIANI, P.153 2009).
Referências
GOMES, Nilma Lino. Indagações sobre currículo : diversidade e currículo / [Nilma Lino Gomes]
; organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia ibeiro do Nascimento. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.48 p.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno III : o currículo do ensino médio, seu sujeito e o desafio da formação humana integral / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica;
[autores : Carlos Artexes Simões, Monica Ribeiro da Silva]. – Curitiba : UFPR/Setor de Educação, 2013.49p