Se tem uma coisa que me deixa profundamente frustrada (e preocupada) é não conseguir ter uma ter uma noção exata do quanto os conteúdos que trabalho em aula com meus alunos são relevante para sua vida, para a construção dos seus caminhos, sejam lá quais forem os que escolherem. Como professora de Língua Portuguesa sei que tenho um papel fundamental para meus alunos, na medida em que meu trabalho, e o resultado dele, tem influência direta no aprendizado de todas as outras disciplinas. É através do domínio da linguagem em toda a sua plenitude que cada aluno poderá transitar pelas mais diferentes esferas de sua vida, compreender o mundo, transmitir suas ideias e opiniões de forma clara, segura. Fazer suas escolhas sem medo, atuar nas mais diferentes áreas do conhecimento técnico e científico.
Por isso, a minha frustração. Até onde o que ensino (e principalmente, como ensino) é relevante para a vida de cada uma dessas jovens vidas que passam pelas minhas mãos?
O que li até agora, sobre a formação do currículo, só confirmou a minha certeza do quanto é importante uma avaliação urgente das propostas curriculares da escola, levando-se em consideração a realidade do aluno e da comunidade onde o mesmo está inserido, as suas necessidades tanto no âmbito cultural e social quanto no da ciência e da tecnologia. E evidentemente, no do mundo do trabalho, que não pode ser considerado como um capítulo a parte de nossa vida. Mas uma proposta curricular que seja ponto de partida e não um fim em si mesma. O que vejo em minha volta, muitas vezes, é um nivelamento por baixo. Às vezes tenho a impressão que somos cada vez mais obrigados a nos adaptar à realidade e não promover a sua transformação. Fala-se tanto em superação, mas cada vez se faz mais concessões, principalmente no currículo, que não beneficiam em nada o aluno. Muito antes pelo contrário.