Reflexões sobre a Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio - Caderno I – Etapa II – Formação de Professores do Ensino Médio
ESCOLA ESTADUAL ERNANI VIDAL – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - CURITIBA - PR
Reflexões sobre a Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio - Caderno I – Etapa II
Orientadora de Estudos: Denise Pereira Carvalho Santos
Professores Participantes:
Ana Lúcia Mathias
Deise Pereira Santos Carvalho
Iran Frank da Silva
Jeana Escolástica Maffini dos Santos
Márcia Cristina Marquezini Pinheiro de Freitas
Nelson Mário Rizzardi
Reny Aparecida Estácio de Paula
Viviane dos Santos Bezerra
1. Pluralidade e diversidade de sujeitos
Para que se supere esta realidade contraditória que se vive hoje, almejamos uma sociedade melhor e mais justa. É certo que somente conseguiremos uma teoria pedagógica que dê conta de propor finalidades e diretrizes da ação pedagógica com fim à transformação, se delinearmos, primeiramente, o modelo de mundo e de sociedade que aspiramos.
Pensando assim, busca-se a construção de uma sociedade sem divisão de classes, democrática, onde todos juntos participem da busca do bem comum, na qual existe a valorização do ser humano, com respeito a todas as diferenças, onde as pessoas possam ser bem informadas, críticas e conscientes da sua importância enquanto pessoas, valorizando “o Ser” e não “o Ter” e, enquanto grupo, ser consciente de sua cidadania. Uma sociedade que cumpra sua própria lei, onde haja igualdade de direitos, bem como o cumprimento dos deveres de cada um, distribuição justa de renda, com uma política séria de trabalho para todos, e que os governantes atuem na realização do bem comum e não para si próprios. Assim como já institui a Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU: “Que o respeito ao homem e seus direitos seja o sinal de todos os que trabalham para a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna”.
Objetiva-se também uma sociedade mais evoluída, na qual os recursos da ciência e da tecnologia possam evoluir cada vez mais e que possam ser usufruídos por todos os cidadãos. Uma sociedade onde haja a valorização moral e financeira dos profissionais que nela atuam, sendo a prioridade a educação de qualidade para todos, com participação consciente da população na formação qualitativa do educando.
Diante desses objetivos, o tipo de formação que queremos para esta nova sociedade requer uma nova finalidade para a escola. Para formar homens – sujeitos da história, conscientes de sua ação na produção da realidade, deve haver a construção de uma escola única para todos, onde o conhecimento seja qualitativo e significativo para a vida em uma sociedade democrática, com liberdade crítica de expressão e transformação.
Para que a escola seja comprometida com a formação global do aluno – cidadão, e com crescimento do grupo, esta deverá ser organizada, alegre, participativa, suprida de recursos humanos e tecnológicos, proporcionando atividades diversas visando o desenvolvimento do pensamento, a reflexão, o questionamento, a autonomia, a criatividade, o respeito humano, desenvolvendo enfim, as múltiplas habilidades. Uma escola transformadora e politizante, que acompanhe as mudanças sociais, econômicas e políticas da sociedade.
Esta nova escola pretende formar um aluno crítico, consciente, participativo, interessado em aprender, pesquisador, criativo, organizado, responsável, sensível e que tenha suas próprias ideias, defendendo-as com seus argumentos. E para a construção da formação global desse aluno, é necessário que se desenvolva também um novo perfil de professor. Um professor que seja crítico, capacitado com qualidade, bem informado e atualizado, com melhores condições de trabalho e principalmente com valorização profissional e financeira. Um professor que tenha postura de pesquisador, de aprendiz e que seja comprometido com o ensino, com disposição de promover mudanças e que atenda aos seus alunos nas suas dificuldades individuais, considerando as diversidades humanas. Essa sociedade necessita de um professor satisfeito, integrado e respeitado no seu grupo e na própria coletividade, que com autoridade, amor e compromisso direcione a mediação do conhecimento.
Não se pode deixar de mencionar o aspecto da família, pois sua participação no contexto escolar e no processo de construção de uma sociedade melhor e de uma escola transformadora é de suma importância. Nesse novo modelo de sociedade, a família deve estar estruturada, contribuindo para o equilíbrio da sociedade. Uma família que tenha condições satisfatórias de trabalho, saúde, educação e segurança, onde gere amor e respeito ao outro. Uma família envolvida com a escola, participante da vida e das necessidades dos seus filhos e ao mesmo tempo educandos.
Espera-se, portanto, uma sociedade única para todos, coerente com a humanização do homem, respeitando a diversidade cultural, a qual deve ser reconhecida e valorizada, resgatando o sentimento de nacionalismo - valor ao nacional, à riqueza e ao potencial do nosso País.
2. Gestão Democrática
O princípio da Gestão Democrática está associado à autonomia e à participação para o avanço da sociedade mais justa e igualitária. A gestão democrática no processo educacional representa a participação de todos os segmentos da comunidade na elaboração e execução do plano de ação da escola, tendo como suporte a construção do projeto pedagógico.
O projeto pedagógico deve conter toda a proposta educativa do coletivo da escola, articulado com as ações coerentes para a sustentabilidade, com a autonomia pedagógica, administrativa e financeira (gestão democrática) e a atividade de interação com caráter dialógico.
O projeto necessita sinalizar e nortear os princípios éticos e estéticos; reconhecer a identidade dos educandos, das famílias e dos profissionais que atuam na escola; a prática de uma educação que possibilite a integração de aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, linguísticos e sociais do aluno.
A gestão democrática da educação data desde a Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 206, inciso VI, dispõe: “gestão democrática no ensino público”. A partir dela, a LDB/9394, em seu artigo 16, estabelece a “existência dos conselhos de escola como instrumento para a gestão democrática”, entre outros aspectos importantes para o seu desenvolvimento que se somaram ao seu progresso e história, como em 1991, a elaboração dos Regimentos Escolares para todas as escolas públicas do estado; em 1992, a elaboração dos primeiros estatutos dos conselhos de escola e em 1993, os primeiros registros nos livros-ata.
Por sua vez, o Conselho de Escola é formado pela comunidade escolar: profissionais da educação (auxiliares de serviços escolares, professores, pedagogos, equipe administrativa, equipe diretiva, etc.), estudantes, pais ou responsáveis pelos estudantes, associação de moradores, representantes de unidade de saúde, etc. Sua composição pode ser alterada conforme a necessidade ou como o conselho acreditar que seja mais adequado, desde que seja respeitado o princípio da paridade, ou seja, deve haver o mesmo número de conselheiros da escola e da comunidade. Todos os titulares do conselho são contados para a paridade, inclusive o(a) diretor(a) (presidente do conselho). Os estudantes menores podem integrar o conselho, mas só têm direito a voz e não a voto, e não devem ser contabilizados para cumprir o princípio da paridade.
O Conselho de Escola têm funções: a) mobilizadora: quando movimenta a comunidade, organiza reuniões, encontros; b) deliberativa: quando decide sobre os assuntos; c) consultiva: quando é consultado sobre projetos, ações, equipamentos, pessoal e sobre a proposta pedagógica da escola; d) avaliativa: quando os resultados das avaliações da escola são apresentados, analisados e novas propostas são elaboradas; e) fiscal: quando acompanha a aplicação das verbas, execução de obras, compra de materiais. O Conselho de Escola de cada instituição de ensino tem seu estatuto próprio, os quais devem ser consultados junto ao conselho de cada unidade de ensino sempre que necessário.
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