Reflexões sobre o caderno I

Colégio Estadual Lindoeste.

Conforme o texto do caderno I a formação humana integral implica em competência técnica e compromisso ético, que se revelem em uma atuação profissional pautada pelas transformações sociais, políticas e culturais necessárias à edificação de uma sociedade igualitária.
Segundo Domingues (2000), alguns aspectos problemáticos, que podem comprometer o seu êxito devem ser considerados na reforma do Ensino Médio: os princípios curriculares (interdisciplinaridade e contextualização), e a divisão curricular (base nacional comum e parte diversificada) propostos, não são novos na tradição de reformas curriculares no país. A cultura existente de transmissão dos conhecimentos, derivada da escola tradicional, que não desenvolve a formação de atitudes, valores e competências mais amplas; a formação de professores e a falta de professores para o Ensino Médio, constituem um sério obstáculo na implementação da reforma curricular, bem como a falta de fonte fixa de financiamento para o Ensino Médio.
Kuenzer (2000B) no texto “O Ensino Médio agora é para a vida: entre o pretendido, o dito e o feito”, ao analisar a reforma do Ensino Médio, observa que:
[...] não basta afirmar que a nova educação média deverá ser tecnológica e, portanto, organizada para promover o acesso articulado aos conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos, e ao mesmo tempo extinguir os cursos profissionalizantes, estabelecendo por decreto que a dualidade estrutural foi superada através da constituição de uma única rede, o que justificou, inclusive, a não discussão de formas de equivalência entre Ensino Médio e profissional. (Kuenzer, 2000B, p.20).

De acordo com o texto, Brandão (2011, p. 204) nos adverte, o grande desafio é trazer os jovens para a escola, fazer com que nela permaneçam e que concluam com sucesso o ensino médio. Uma escola capaz de propiciar a aprendizagem de conteúdos historicamente acumulados pela humanidade, em seus diversos campos, especialmente nas artes, nas ciências, nas línguas, na história, na tecnologia, na cultura e, assim, no trabalho como princípio educativo. Enfim, uma escola socialmente inclusiva e de qualidade socialmente
referenciada.
Ao se pretender superar a divisão social na escola, através de uma nova concepção de organização escolar, revela-se uma reorganização apenas superficial, de forma ideológica que não oferece condições para a real unitariedade do ensino e superação das desigualdades socioeconômicas e educacionais.
Consideramos que não é suficiente apenas reformar a legislação para transformar a realidade educacional de uma sociedade dividida pelas relações estabelecidas entre capital e trabalho. É crescente a exclusão e a diminuição dos recursos públicos para a área social, sem considerar a realidade do modelo econômico brasileiro, com sua carga de desigualdades decorrentes das diferenças de classe e de especificidades decorrentes de um modelo de desenvolvimento desequilibrado, que reproduz internamente as mesmas desigualdades e desequilíbrios que ocorrem entre os países, no âmbito da internacionalização do capital.