Manoel Tomé da Silva Neto
Colégio Estadual Olivo Fracaro - Cascavel - PR
12 de setembro de 2014
O currículo escolar é elaborado orientando-se pelas Diretrizes Curriculares, que por sua vez apontam quais são os conteúdos que devem ser ministrados para cada disciplina do ensino médio, bem como, apontam para a necessidade da articulação entre os conteúdos ensinados no ensino médio com o mundo do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia., no entanto é preciso afirmar que a Educação precisa sofrer transformação o mais rápido possível visto nova compreensão sobre o papel da escola como desenvolvimento social de novos conhecimentos sejam científicos e tecnológicos, conhecimentos estes constantemente superados, colocando novos parâmetros para a formação do cidadão, porque o conhecer não significa acumular conhecimento.
O fazer pedagógico é sempre um desafio para o professor, pois a “busca do como fazer” sempre nos ronda. É na sua reflexão e reelaboração da concepção da educação e da formação humana que o educador pode atribuir significado para sua prática pedagógica, reconhecer os sujeitos do ensino médio e dar centralidade aos conhecimentos e saberes representa uma intencionalidade política e uma concepção inovadora, isto tiraria a visão abstrata do ensino médio deixando-o historicamente construído.
Diante da centralidade dos sujeitos, chegamos a um ponto fundamental no qual a proposição de um ensino médio que articule trabalho, ciência, tecnologia e cultura não pode ser homogeneizada e padronizada por parâmetros e prescrições curriculares, porém temos um conjunto de conhecimentos que devem ser trabalhados com estes alunos.
O ensino médio aqui caracterizado inclui o conceito de formação humana integral e se organiza na perspectiva da integração entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura que devem ser colocadas de maneira entrelaçada e mais que isto como indissolúveis. Desta forma entendemos trabalho como princípio educativo, e desta maneira conseguimos desvendar o processo histórico de produção científica e tecnológica, bem como o desenvolvimento e a apropriação social desses conhecimentos para a transformação das condições naturais da vida e ampliação das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos.
Entendemos que a produção e a elaboração do conhecimento ocorrem em momentos nos quais os homens interagem entre si no intuito de encontrar respostas aos mais diversificados desafios interpostos entre eles e a produção da sua existência, material e imaterial. Derivados das ciências de referências, os conhecimentos escolares, ao serem identificados como relevantes, são selecionados e organizados para que possam ser ensinados e aprendidos. Nesse processo, o conhecimento escolar torna-se elemento essencial do desenvolvimento cognitivo do estudante, bem como de sua formação ética, estética e política.
Favorecer a capacidade de o indivíduo tornar-se autônomo intelectual e moralmente, isto é, de ser capaz de interpretar as condições histórico-culturais da sociedade em que vive e impor autonomia às suas próprias ações e pensamentos. A formação humana integral também se refere à compreensão dos indivíduos em sua inteireza, isto é, a tomar os educandos em suas múltiplas dimensões intelectual, afetiva, social, corpórea, com vistas a propiciar um itinerário formativo que potencialize o desenvolvimento humano em sua plenitude, que se realiza pelo desenvolvimento da autonomia intelectual e moral.
Vale lembrar que a educação inclusive a escolar possui sempre um duplo caráter: o da adaptação e da emancipação, o da produção da identidade e
da diferença. A escola, no entanto, em nossa sociedade tem privilegiado mais a adaptação do que a emancipação, mais a produção da semelhança, da padronização, do que da diferenciação. Colocar no horizonte a possibilidade de formação para a autonomia intelectual e moral significa tomar um posicionamento diante desse duplo caráter da ação educativa, significa nos comprometermos, ao mesmo tempo, com a produção da identidade e da diferença, com a adaptação e a emancipação.
Muito mais do que ser um fim em si mesmo, o acesso ao conhecimento, convertido em saber escolar por meio das transposições didáticas, é o meio de que dispomos para nos aproximarmos da realização de um projeto educativo no qual esteja no horizonte o exercício da autonomia, da reflexão e da crítica.
Durante muitos anos a Educação Básica tirou do currículo o foco principal que é o conhecimento científico e passou a valorizar de forma demasiada o desenvolvimento de competências e habilidades, ou seja, “o aprender a aprender”, dando ênfase ao conhecimento do cotidiano do aluno. O conhecimento escolar necessita ultrapassar o conhecimento local. O currículo não pode de forma alguma tomar como base o cotidiano do aluno.
O ensino é ofertado de uma forma fragmenta e o grande desafio é fazer com que esses conhecimentos que fazem parte do currículo sejam relevantes no desenvolvimento cognitivo do aluno, bem como na sua formação ética, estética e política...