Reflexões em Ação - Colégio Estadual Jardim Europa - Toledo-Pr.

REFLEXÕES EM AÇÃO DO CARDENO 03 – ETAPA 01

Reflexão em Ação 01

Vivemos em um mundo em transformação, onde o eixo central é o desenvolvimento em todos os setores do conhecimento. Imperam a ciência, a tecnologia, as mídias, a pesquisa e o surgimento de novos saberes necessários à interação humana ao trabalho e a formação escolar do indivíduo. Essas mudanças nos levam a necessidade de uma nova escola e de uma nova forma de ensinar voltada para o desenvolvimento integral do aluno. Mas para que isso ocorra é necessário estabelecer relações entre ensino, mundo do trabalho, ciência, tecnologia e cultura.
A escola deve modificar a sua maneira de ver o aluno, o saber, o mundo e isto implica no estabelecimento de novos padrões de ação docente, voltadas não só do ensino e a avaliação.... mas voltadas a formação científica, humana, tecnológica, cultural e social. Isto não significa de deixar de ensinar mas descobrir um significado para o ensinar. Um ensinar voltados as necessidades deste novo mundo, onde o indivíduo é o responsável e o autor de sua história, de seu sucesso ou de sua derrota.
Esta nova tarefa está relacionada com a cultura antropologicamente produzida e modificada pelo ser humano. Ensino e cultura estão intimamente ligados, de modo que a ação docente reproduz a cultura socialmente desenvolvida e também contribui para a formação de novas culturas. Não há como separá-las, do reproduzir a cultura social, criam-se novas maneiras de falar, agir, pensar, novas linguagens, novos paradigmas e novas formas culturais.
Por sua vez o ensino está relacionado ao mundo do trabalho, pois é para lá que nosso aluno vai se encaminhando um dia.... portanto o caráter epistemológico do conhecimento fornece suporte teórico-prático ao fazer, no sentido de produzir bens ou serviços. Para que ao ingressar no mesmo o aluno sinta-se bem, com formação acadêmica para exercer a ocupação que lhe foi atribuída e que ele escolher.
Também é marcante o papel tecnologia. Cabe ao mestre educar o aluno para viver neste mundo tecnológico servindo-se desses recursos de maneira eficiente e responsável. O ensinar de hoje deve utilizar de recursos tecnológicos mas de maneira racional, tendo em vista os objetivos da disciplina, do curso e da formação humana. Criara seres pensantes que saibam dominar a tecnologia e não seres dominados pela tecnologia.
Enfim a ciência, saber elaborado, testado e comprovado através de instrumentos e procedimentos deve estar articulado ao ato educativo. O professor deve ser um cientista da educação no sentido de ensinar ao seu discípulo a utilização e o caráter científico de sua disciplina não só no contexto escolar mas num mundo em constante movimento. Usar procedimentos científicos deve ser uma constante na escola e na educação. Criar ambientes propícios a ciência; não só nos laboratórios acadêmicos mas fazer da vida do aluno uma laboratório científico. Observar o mundo, agir e interagir nele deve ser meta de todo educador consciente e responsável.
De onde se conclui que ensinar é uma tarefa complexa e nos dias atuais envolve uma série de outros fatores do mundo em que estamos inseridos. Cabe a nós educadores mediarmos o nosso papel, com o mundo, o aluno, utilizando novas metodologias, recursos, novos saberes, enfim sermos eternos aprendizes de nosso ofício.

REFLEXAO EM AÇÃO 02

2.1. Um convite ao estudo e à reflexão a partir do fazer pedagógico e do ser professor:
No ensino médio integrado, o trabalho também é princípio educativo em seu sentido histórico na medida em que se consideram as diversas formas e significados que o trabalho vem assumindo nas sociedades humanas. Isso permitirá compreender que, no sistema capitalista, o trabalho “se transforma em trabalho assalariado ou fator econômico, forma específica de produção da existência humana sob o capitalismo; portanto, como categoria econômica e práxis produtiva que, baseadas em conhecimentos existentes, produzem novos conhecimentos.” (RAMOS, 2004 apud BRASIL, 2007, p. 46). Incorporar a dimensão histórica do trabalho no ensino médio, portanto, considerar exigências específicas para o processo educativo, que visem à participação direta dos membros da sociedade e dos estudantes com suas famílias como diz o seguinte artigo.
Art. 5º O Ensino Médio em todas as suas formas de oferta e organização, baseia-se em:
I - formação integral do estudante;
II - trabalho e pesquisa como princípios educativos e pedagógicos, respectivamente;
III - educação em direitos humanos como princípio nacional norteador;
IV - sustentabilidade ambiental como meta universal;
V - indissociabilidade entre educação e prática social, considerando-se a historicidade. dos conhecimentos e dos sujeitos do processo educativo, bem como entre teoria e prática no processo de ensino-aprendizagem;
VI - integração de conhecimentos gerais e, quando for o caso, técnico -profissionais realizada na perspectiva da interdisciplinaridade e da contextualização;
VII - reconhecimento e aceitação da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produção, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes;
VIII - integração entre educação e as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular.
§ 1º O trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação no processo de produção da sua existência.
§ 2º A ciência é conceituada como o conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da história, na busca da compreensão e transformação da natureza e da sociedade.
§ 3º A tecnologia é conceituada como a transformação da ciência em força produtiva ou mediação do conhecimento científico e a produção, marcada, desde sua origem, pelas relações sociais que a levaram a ser produzida.
§ 4º A cultura é conceituada como o processo de produção de expressões materiais, símbolos, representações e significados que correspondem a valores éticos, políticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade.
Embora a realidade da escola seja o locus para o desenvolvimento da formação continuada, é imprescindível que nos processos formativos as políticas de Ensino Médio em execução nos estados sejam analisadas e discutidas, pois são orientadores dos projetos políticos pedagógicos e dos currículos escolares, seus formatos, tempos, espaços.
O exercício de pensar a formação humana a partir do diálogo com a prática cotidiana do professor é o nosso grande desafio. Os professores, sujeitos do fazer pedagógico, convivem com uma quantidade grande de concepções e angustias, mas muitas vezes não encontramos soluções para todas as exigências do nosso trabalho diário. Muitas vezes queremos e precisamos de respostas urgentes de “como fazer” e lidar com o processo formativo no dia a dia da sala de aula. Ao mesmo tempo, sabemos que uma prática pedagógica sem um acompanhamento supervisionado ou uma concepção bem orientada corre o risco de não alcançar os objetivos propostos pela educação escolar de uma formação humana emancipadora e libertadora. Afinal, como diz Lucius Sêneca: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”. Para isso estamos realizando esta reflexão sobre um dos aspectos que pode nos ajudar a dar um sentido para a educação que almejamos: as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como fundamento teórico e prático da formação humana integral. Partimos de uma compreensão de que não existe nenhuma receita pronta para a prática pedagógica e de que não podemos adquirir uma concepção mais ampla a qual não seja construída pelo próprio educador. É na sua reflexão e reelaboração da concepção da educação e da formação humana que o educador pode atribuir significado para sua prática pedagógica. Também acreditamos que é na convivência com os sujeitos envolvidos no processo educativo que podemos reconstruir a relação do fazer pedagógico a partir de uma concepção mais ampla da direção, da coordenação, orientação pedagógica atribuindo maior sentido e significado para a nossa ação educativa. Estamos falando, portanto, de uma “arte de educar” a qual entrelaça nossas concepções com a ação concreta que realizamos no processo educativo juntos com os gestores escolares.

2.2. Sujeitos do ensino médio, conhecimento escolar e as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura:

Convidados, para discutirmos a relação entre trabalho, ciência e cultura no currículo do ensino médio, apresentaremos inicialmente algumas considerações gerais acerca da realidade dessa etapa da educação básica em nosso Colégio. Entre os sérios problemas de identidade e de sentido do ensino médio, dois assumem centralidade: sua própria concepção e os princípios que a norteiam; e o deficiente financiamento público. Em torno deles, circulam outros não menos significativos, enraizados em múltiplos campos: deficiências do projeto político-pedagógico e da organização curricular das escolas; falta de um efetivo regime de mútua cooperação entre as esferas de governo e as redes públicas de ensino, famílias e dos próprios alunos no que diz respeito à disponibilização dessa etapa educacional; déficit quantitativo e qualitativo do quadro de profissionais da educação; lacunas na formação inicial e continuada desses profissionais; insuficiência da infraestrutura física das escolas ― prédios, salas de aula, laboratórios, bibliotecas, espaços destinados a atividades educativas de cunho artístico-cultural e desportivo na grande maioria das escolas.
Art. 13. As unidades escolares devem orientar a definição de toda proposição
curricular, fundamentada na seleção dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaços, arranjos alternativos e formas de avaliação, tendo presente:
I - as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo;
II - o trabalho como princípio educativo, para a compreensão do processo histórico de produção científica e tecnológica, desenvolvida e apropriada socialmente para a transformação das condições naturais da vida e a ampliação das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos;
III - a pesquisa como princípio pedagógico, possibilitando que o estudante possa ser protagonista na investigação e na busca de respostas em um processo autônomo de (re)construção de conhecimentos.
IV - os direitos humanos como princípio norteador, desenvolvendo-se sua educação de forma integrada, permeando todo o currículo, para promover o respeito a esses direitos e à convivência humana.
V - a sustentabilidade socioambiental como meta universal, desenvolvida como prática educativa integrada, contínua e permanente, e baseada na compreensão do necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser humano com seu ambiente.
Diante do quadro brevemente delineado acima, pareceria inadequado discutir as relações entre trabalho, ciência e cultura de forma descolada de sua problemática mais ampla. Não, nossa análise estará centrada na concepção do ensino médio, pois aí residem os vínculos e inter-relações entre os eixos estruturantes do currículo dessa etapa da educação básica: trabalho, ciência e cultura.
O ensino médio não seria profissionalizante no sentido stricto, ― formar para uma profissão específica, mas estaria orientado à recuperação da relação entre conhecimento e prática do trabalho, o que demandaria explicitar como a ciência se converte em potência material no processo produtivo. Dessa forma, “seu horizonte deveria ser o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas. Não se deveria, então, propor que o ensino médio formasse técnicos especializados, mas sim politécnicos.”     (FRIGOTTO; CIAVATTA; e RAMOS, 2005, p. 35).
No ensino médio, o trabalho também é princípio educativo em seu sentido histórico na medida em que se consideram as diversas formas e significados que o trabalho vem assumindo nas sociedades humanas. Isso permitirá compreender que, no sistema capitalista, o trabalho “se transforma em trabalho assalariado ou fator econômico, forma específica de produção da existência humana sob o capitalismo; portanto, como categoria econômica e práxis produtiva que, baseadas em conhecimentos existentes, produzem novos conhecimentos.” (RAMOS, 2004 apud BRASIL, 2007, p. 46). Incorporar a dimensão histórica do trabalho no ensino médio integrado significa, portanto, considerar exigências específicas para o processo educativo, que visem à participação direta dos membros da sociedade no trabalho socialmente produtivo.
2.3. Os conceitos estruturantes do ensino médio na perspectiva da formação humana integral:
Assim, este documento chegou à escola e é fruto de discussões e contribuições dos diferentes segmentos envolvidos com o trabalho educacional.       O próprio processo, envolvendo diferentes representações e focos de análise, indica a natureza do texto cujo resultado está aqui apresentado. Isto é, um material que apresenta e discute questões relacionadas ao currículo escolar e a cada disciplina em particular.
A qualidade da escola é condição essencial de inclusão e democratização das oportunidades no Brasil, e o desafio de oferecer uma educação básica de  qualidade para a inserção do aluno, o desenvolvimento do país e a consolidação da cidadania é tarefa de todos.
O currículo é a expressão dinâmica do conceito que a escola e o sistema de ensino têm sobre o desenvolvimento dos alunos e que se propõe a realizar com e para eles. Portanto, qualquer orientação que se apresente não pode chegar à equipe docente como prescrição quanto ao trabalho a ser feito.
O Projeto Pedagógico e o Currículo da Escola devem ser objetos de ampla discussão para que suas propostas se aproximem sempre mais do currículo real que se efetiva no interior da escola e de cada sala de aula.
É oportuno lembrar que os debates em grupos manifestaram grandes preocupações com as bases materiais do trabalho docente. Certamente a situação funcional da equipe escolar, envolvendo jornada de trabalho, programas de desenvolvimento, profissional e condições de organização do trabalho pedagógico, tem um peso significativo para o êxito do processo de ensino-aprendizagem.
Cabe à equipe docente analisar e selecionar os pontos que merecem aprofundamento. O documento apresentado tem por intenção primeira trazer referências e reflexões de ordem estrutural que possam, com base no estudo realizado, agregar elementos de apoio à sua proposta de trabalho.

REFLEXAO EM AÇÃO 03

Uma ação curricular integrada para uma formação humana integral

A educação no Brasil vem sendo cada vez mais cobrada, e o ensino médio é um dos grandes gargalos do sistema educacional, é nesse período que percebemos que há muitas desistências e abandonos da escola, gerando vários problemas para a sociedade, já que a educação é obrigatória. Essas desistência não podem  ser entendidas como  culpa  exclusiva da escola,  pois percebe-se  que vários fatores influenciam para este resultado, mas é obrigação da escola fazer com que estes índices diminuam e, por isso, são pensadas novas formas de educar, tornar as escolas mais atraente onde o jovem queira estar, não pela obrigação mas pelo prazer de adquirir conhecimento. Pensar um novo currículo é uma das formas encontradas para fazer com que a escolas cumpra com seu papel. O debate  gira em torno de um novo  currículo, o qual  contemple  a realidade do aluno, estimulando a pesquisa e autonomia de cada um, mas sem deixar de favorecer o currículo comum, ou seja, de base para todos. O objetivo é fazer o aluno refletir e entender  a sua realidade a partir do conhecimento adquirido na escola, fazendo da educação uma atividade prazerosa e de interesse de cada um, e  não visto como obrigação, ou obrigatoriedade,  é  tornar a escola um ambiente atrativo onde todos se sintam parte importante e construtiva da escola, isso vai fazer com que a escola seja vista com muito mais interesse. Esse currículo participativo tem que levar em consideração  os conteúdos como um todo, sem a visão de que determinadas matérias são mais importantes de que outras, é a ciências como um todo trabalhando juntas para um saber contínuo e de desenvolvimento social, político, e cientifico de cada aluno.
Podemos perceber que é utópico pensar que a mudança do currículo será capaz de cumprir  com esta função o problema da escola publica é muito mais complexo do se imagina, a crítica ao currículo atual é pouco fundamentada,  não é como o currículo esta organizado que vai fazer o aluno mudar sua visão sobre a escola, esta idéia de que  algumas matérias são mais  valorizadas que outras e que devemos nos preocupar com uma educação integral do aluno,  nos  leva a pensar que hoje não há esta preocupação, mas a verdade é que sempre houve a preocupação da escola em formar um sujeito de forma integral que ele dominasse não só o conhecimento técnico e científico, mas a preocupação da escola sempre foi formar um cidadão consciente de seus deveres e suas obrigações na sociedade, fazendo da escola não apenas um ambiente aprendizagem  de conteúdos mas um lugar onde os alunos são   “educados“ para a vida integralmente.
Isso faz refletimos: Será que a culpa está no currículo? O currículo como esta organizado  hoje não é o culpado pelos problemas da educação, podemos mudar o currículo, mas se a escola continuar do jeito que está os problemas continuarão, percebe-se a preocupação em especializar o professor, mudar o currículo, mas até então não percebemos  a preocupação em dar condição ao professor de desenvolver o seu trabalho, não levam em consideração a falta de estrutura física, tecnológica, material didático e até mesmo a quantidade de alunos em cada sala, o que dificulta para desenvolver atividades diferenciada. Se o objetivo e tornar as escolas mais atraente o currículo é o menor problema da educação. Se o problema estivesse no currículo não teríamos vários professores, hoje graduados e que foram alunos da escola pública sem contar com a grande quantidade de profissionais bem sucedidos que estão  atuado na iniciativa privada. Portanto apesar de todos os problemas já conhecidos da educação podemos afirmar que a escola vem cumprindo com o seu papel de formar cidadãos de forma integral estimulando a autonomia intelectual e a reflexão da sua realidade assim como cumpre com o seu papel na socialização e a produção de identidade de seus alunos. Como professores em sala de aula estimulamos nossos alunos a pesquisa,  a busca pelo conhecimento em outras fontes bibliográficas, não apenas dos livros didáticos, estimulamos a oralidade, o companheirismo, as trocas culturais, o respeito pelo outro e pela diversidades,  através de apresentações de trabalhos em grupos, discutimos questões políticas sociais e econômicas de nossa atualidade, estimulamos a reflexão dos nossos alunos sobre diversos assuntos históricos e atuais. Contribuímos  para minimizar suas angustias sobre  a realidade a qual estão inseridos, sobre a sua função na sociedade e até mesmo no mercado de trabalho. O professor em sala de aula transcende a sua função ou a sua matéria a qual trabalha, somos educadores, conselheiros, amigos e muitas vezes até mesmo “ psicólogos”. É claro que neste contexto devemos levar em consideração a motivação de cada aluno para o “apreender” e não apenas o esforço do professor para ensinar.
Os desafios são muitos para atingir ao objetivo ideal, mas conforme o possível o professor e  a escola em geral vem fazendo a sua parte.

REFLEXÃO E AÇÃO 4

Sabemos que na história da educação o Ensino Médio Brasileiro tem apresentado uma abordagem  de extrema polaridade, totalmente castradora: ora  com caráter acadêmico, voltado para preparação para o curso superior, ora técnico, voltado para preparação para o trabalho. Estas visões bipolares acarretaram ressonâncias na organização curricular deste ensino, resultando em dois tipos de currículo “enciclopédico” e “pragmático”. O primeiro, direcionado para o aprendizado mecânico e acúmulo de informações, o segundo, centrado no treinamento.
Os respingamentos desta realidade do ensino médio podem ser percebidos, na estrutura curricular de nossas escolas até hoje, apresentam-se de maneira fragmentada, separadas em disciplinas, tornando o ensino das mesmas estanques, hierarquizados. Um currículo totalmente engessado, para alunos iguais, “soldadinhos de chumbo”.
Alunos do Ensino Médio, entrevistados a respeito do ensino e do currículo apresentaram algumas situações:
“A respeito da grade curricular, podemos dizer que o primeiro e segundo anos, as disciplinas foram equilibradas, a partir do terceiro ano começou o equivoco onde não há mais química e agora no quarto ano, não há matemática e física. Na nossa opinião estas matérias são de suma importância para o nosso conhecimento e crescimento profissional.”
“História, sociologia, filosofia estamos vendo desde o primeiro ano, não estamos dizendo que estas não são importantes, mas é desnecessário ter os quatro anos consecutivos. Alguns vão comentar sobre o inglês, que na nossa opinião é essencial, devíamos nos dar ao capricho de ter pelo menos a base da língua.”
“Tem alguns conteúdos que os vemos em determinado momento, mas não utilizamos no dia-a-dia, isso algumas vezes causa desmotivação em certos alunos, pois acham que nunca irão utilizar esses conhecimentos.”
“Algumas matérias possuem ligação com a nossa realidade que enfrentamos e nos proporciona um aprendizado significativo.”
“Algumas matérias possuem um conteúdo maior e estressante por mais que sejam também importantes para nós.”
“Certos professores proporcionam um método de ensino que nos deixam de fora do assunto proposto.”
As situações acima apresentadas demonstram importantes pontos, a serem colocados em relevância, ao repensarmos o currículo para o Ensino Médio. Reafirmam a visão fragmentada do ensino/currículo já apresentada, bem como, a necessidade de maior dinamismo e vínculo com a prática, problemas claros de um currículo engessado, que prioriza a quantidade (conteúdos), em detrimento da qualidade.
Esta realidade demonstra urgência por um currículo dinâmico, que entenda a escola como movimento, vida, de personagens de vidas ímpares. Que provoque situações de estranhamento, promovendo um afetar no caminhar da escola, rompendo com hábitos, com as formas, os métodos. Corazza, estudiosa na área de currículo, em entrevista a revista “Artifícios”, em junho de 2013, comenta:
“(...) queríamos abrir a Educação e, nela, o Currículo, à multiplicidade de inspirações, fazendo aparecer os movimentos que a pluralidade de áreas, que a transversalidade das formas de expressão do mundo e da matéria nos fornecem. Queríamos (e, ainda, trabalhamos para isso) não fazer grandes coisas idealizadas, mas, simplesmente, ser dignos daquilo que a humanidade tem de mais bonito, que são as suas criações, as suas produções criadoras multifacetadas, sem fronteiras disciplinares ou outras que tais. Evidentemente, não se trata da mesma direção de quem pretende que o currículo dê conta de “educação para o trânsito”, “ética e cidadania”, “alfabetização digital”, “educação sexual”, história dos “afro-descendentes” ou “indígena”, e assim por diante.”
A opinião expressa na fala de Corazza vem ao encontro de possibilidades aos anseios dos alunos entrevistados e à proposta apresentada em nossos estudos do caderno III de uma educação integradora “de fato”, na qual sejam propostas atividades que mobilizem conhecimentos de diferentes disciplinas, gerais ou técnicas, promovendo mobilizações em situações desafiadoras e instigantes. Desta forma, poderemos contemplar também, a articulação entre os eixos constituintes do Ensino Médio: Trabalho, ciência, tecnologia e a cultura, oportunizando uma organização curricular que potencialize o conhecimento em sua totalidade e não em partes isoladas.
A efetivação de um currículo dinâmico na escola demanda em maior tempo de organização e também, em disponibilidade de articulação entre as disciplinas, identificando conceitos comuns, viabilizando projetos interdisciplinares, a partir do contexto vivido.