Reflexões acerca da Juventude: Alguns apontamentos sobre os Jovens do Colégio do Campo Paulo Freire (Francisco Beltrão – PR)
Cursistas: Claudiney de Oliveira, Ieda Ines Reinehr, Mari Ane Trentin de Carli, Raquel Lazarotto, Regiane Maria Kielba, Tais Naiana Reolon, Patrícia Blange, Maria de Lourdes Fernandes.
Diante das reflexões do caderno 02 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio, percebemos que tanto professores (as), como toda a comunidade escolar, deve conhecer o jovem que está nas salas de aula. Conhecer o perfil da juventude para melhorar seu relacionamento com os mesmos e não apontar esse perfil como um obstáculo, uma ameaça para a escolarização.
A relação entre professor e aluno deve superar as diferenças e usá-las para uma formação mais ampla onde o professor só conseguirá fazer essa aproximação se conhecer a identidade cultural juvenil, para assim compreende-la. Conforme o texto do caderno 02 do Pacto..., “se queremos compreender, é necessário conhecer” e “reconhecer – experiências, saberes e identidades culturais – é condição para o relacionamento e diálogo”. (p. 08)
A juventude do Colégio Estadual do Campo Paulo Freire é composta, em sua totalidade, por filhos de agricultores, oriundos de pequenas e diferentes localidades rurais. Na grande maioria, são pequenos agricultores, cuja principal fonte de renda provém da produção de leite. Há também famílias carentes, que trabalham como agregados das famílias que precisam de mão de obra para os afazeres da propriedade.
Muitos dos jovens ajudam seus familiares nas tarefas diárias do trabalho no campo. Outros trabalham fora da propriedade dos pais com remuneração mensal, contribuindo na renda da família. Uma das consequências trazidas pela necessidade de o jovem trabalhar é a evasão escolar, levando o jovem a dar prioridade à sobrevivência e não à educação.
Há famílias onde os filhos pretendem permanecer no campo e por isso, não se interessam em dar continuidade e concluir os estudos, muitas vezes guiados pelo pensamento de que para trabalhar com a terra não precisa ter estudos, pensamento este que ainda permanece. Percebe-se que os pais que incentivam seus filhos a concluírem seus estudos, são, na grande maioria, os mesmos que incentivam os filhos a seguirem a vida nos centros urbanos.
Diante do perfil dos alunos do Ensino Médio do Colégio, pode-se observar que as problemáticas da evasão escolar, do desinteresse e da falta de perspectivas por parte dos jovens que pretendem permanecer no campo, provocam angústias em toda a comunidade escolar, que pretende formar o jovem de forma ampla, não apenas no intuito do trabalho, mas na formação humana também.
A escola, com o intuito de ajudar seus jovens em formação, deve partir dos interesses do aluno e mostrar a importância de se aprofundar nos estudos, tanto aqueles que pretendem ir para as áreas urbanas, como para aqueles que desejam permanecer no meio rural. Mostrar-lhes que a educação pode acarretar futuramente projetos de vida mais amplos e valorizados pela sociedade, melhorando a condição financeira e, consequentemente, a qualidade de vida.
E para que essa ação se concretize, o professor de cada disciplina, tendo conhecimento dos anseios da sua juventude, deve relacionar os conteúdos com a realidade e interesses destes. Além disso, a escola deve propiciar momentos de palestras, de instruções sobre os diversos tipos de trabalho no campo, sensibilizando os jovens de que em um lugar onde as tecnologias estão cada vez mais presentes, onde há investimentos e a ação do mercado, não se pode mais pensar em um ser que desse ambiente faz parte, seja alienado, cabisbaixo. Mas, incentivá-lo a buscar conhecimentos para se aprimorar e melhorar sua qualidade de vida, mostrando-lhe também que a educação contribui para a sua formação humana e para a sua emancipação.