REFLEXÕES ACERCA DA IDENTIDADE DOS JOVENS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DOS DADOS COLETADOS POR AMOSTRAGEM

REFLEXÕES ACERCA DA IDENTIDADE DOS JOVENS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DOS DADOS COLETADOS POR AMOSTRAGEM

Profª.Ana Clara Brusche

Profª.Kátia Regina Dalri Abdala

Profª.Luciana M. Bellanda Mello

Profº.Nelson da Silva Aguiar

Profº.Robinson de Souza Rodrigues

Profª.Sirley Matias Machado

Profª.Tania Aparecida Lopes

 

A partir do questionário aplicado aos estudantes do Ensino Médio (reflexão e ação do Caderno 1), na modalidade EJA e Regular, do período noturno, foram coletados dados que nos esclarecem e revelam informações a respeito da identidade dos nossos estudantes que nortearão nossas ações no colégio. Esses dados foram discutidos sob as orientações e reflexões do Caderno 2. Conforme dados a respeito da idade, gênero e estado civil dos estudantes, verificamos que 83% dos jovens estão entre a faixa etária de 15 a 18 anos, estando, assim, de acordo com a relação idade/série, o que, de certa forma, surpreendeu os professores por serem alunos do período noturno. Dentre esses alunos, 69% são do sexo masculino, o que se encontra em conformidade com a questão do período cursado e com a questão de que as jovens estudam mais e estão mais presentes no período diurno. Com relação ao estado civil, 93% são solteiros(as) e 91% não possuem filhos. Foi questionado aos alunos qual era o pertencimento étnico racial e, também, a orientação sexual deles, com o intuito de verificarmos se esses dados estavam em conformidade com a realidade e para orientar nossas discussões a respeito da diversidade na escola. Desta forma chegamos aos seguintes dados: 64% dos alunos se consideram brancos, 30% pardos, 4% pretos e 2% amarelos (essas categorias são de acordo com as previstas pelo IBGE); 96% heterossexuais e 4% bissexuais. A partir da percepção dos professores e professoras do colégio, com relação à orientação sexual, verificou-se que os dados não estão em conformidade com a realidade, pois entendemos que há jovens que são homossexuais, mas que não se identificaram como tal ao responderem o questionário. Acreditamos que isso tenha ocorrido para evitar preconceitos (mesmo o questionário sendo anônimo) e ou porque eles faltaram no dia da aplicação. Fazendo a leitura da realidade do território do aluno, verificou-se que 76% moram próximo ao colégio, no mesmo bairro; 19% moram em bairros vizinhos; e apenas 5% em bairros mais distantes. Como meio de transporte, apenas 15% utiliza ônibus para vir ao colégio, sendo que 49% vêm a pé, 2% de bicicleta; 26% com veículo próprio e 8% de carona. Salientamos que outro aspecto importante para analisarmos é com relação aos dados coletados sobre a composição da família. Percebemos que o conceito tradicional de família nuclear não aparece como modelo dominante das famílias dos nossos alunos, pois quando perguntados sobre a composição da família, 73% incluem pai, mãe, irmãos e outros parentes como sua família; 15% é composta pela mãe, irmãos e outros parentes; 10% mãe, padrasto e irmãos; 2% pai, irmãos e outros parentes. E, quando perguntados com quem moram, o resultado é diferente: 47% moram com a presença do pai e mãe com ou sem outros parentes; 27% com a presença da mãe com ou sem outros parentes; 13% com outros parentes; 7% com a presença do pai com ou sem outros parentes; 4% com irmãos com ou sem outros parentes; e 2% moram com pessoas que não são parentes. Ou seja, mesmo 73% dos estudantes incluindo como sua família o pai e a mãe com ou sem outros parentes, quando analisamos com quem eles moram, o resultado é diferente, pois apenas 47% moram com o pai e a mãe, os outros 53% moram com a presença de apenas um dos genitores com ou sem outros parentes ou sem nenhum dos genitores. Com relação aos jovens e o uso das tecnologias, perguntamos a respeito do acesso deles à internet fora da escola e como resposta obtivemos que 91% dos estudantes têm acesso em casa, no celular ou em ambos; 4% somente no trabalho; e, mesmo com toda a inclusão digital que acreditamos que existia na nossa comunidade escolar, 5% dos nossos estudantes não tem acesso à internet fora da escola. Para responder a questão “É possível que os jovens trabalhem e estudem?”, verificamos que os jovens não são somente estudantes, mas trabalhadores. Analisando os dados coletados, 70% dos jovens estão inseridos no mercado de trabalho e 33% fazem ou já fizeram estágio (menor aprendiz e estágio com e sem remuneração). Buscando identificar a relação dos jovens com a escola, perguntamos seus objetivos ao cursarem o ensino médio e constatamos que 16% relacionam o ensino médio com o trabalho, seja por uma colocação melhor no mercado de trabalho, seja por uma exigência para manter o mesmo; 5% têm como objetivo adquirir uma vida melhor; 21% concluir; 13% aprender; e 40% têm objetivo de ingressar no ensino superior. Ao perguntarmos quanto quais as pretensões ao terminar o ensino médio, 67% responderam que pretendem fazer o ensino superior e 16% pretendem fazer cursos técnicos e profissionalizantes. Esta pesquisa desenvolveu-se através de um estudo sistematizado colaborativo de coleta de dados e análise no Colégio Estadual Polivalente de Curitiba e foi apresentada e discutida com os demais professores.

REFERÊNCIAS

Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno II: o jovem como sujeito do ensino médio / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; organizadores: Paulo Carrano, Juarez Dayrell]. – Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013.