O Conselho de Classe, em nossa escola, está hoje estruturado no levantamento das situações individuais (ou seja cada aluno é analisado), tendo como centralidade os seguintes aspectos: número de faltas; não realização de atividades; notas baixas ou abaixo da média e problemas de comportamento. Contudo, percebemos ainda que os problemas cotidianamente abordados referem-se, em sua maioria, a questões disciplinares, como o descumprimento de regras regimentadas pela escola ou quebras nos acordos pedagógicos firmados entre professores e alunos. Além disso, também discute-se aspectos da vida dos estudantes como a estrutura familiar, a condição financeira e problemas de saúde, quase sempre na busca de algo que justifique o desempenho escolar dos alunos. E na tentativa de superar as dificuldades relativas as essas questões são propostos encaminhamentos como: contato com os familiares responsáveis, remanejamento de turma e turno e orientações de encaminhamentos metodológicos para as alunos/as que apresentam deficiências de aprendizagem.
É comum no momento do conselho de classe, que os problemas de aprendizagem sejam tratados muito mais na forma de queixa do que de problema. A queixa está centrada praticamente no indivíduo, isto é, no aluno. É sempre ele, o sujeito, que não consegue aprender ou se concentrar, prestar atenção. O olhar está voltado para a queixa escolar, ou seja, para os problemas no processo de escolarização, como apenas do aluno, desconsiderando que se trata de um processo que envolve, além do aluno, outros personagens, como o professor, a escola, a sociedade etc. É necessário diferenciar queixa escolar de problema. A primeira costuma ser unilateral e refere-se a uma situação indicativa de um problema. Já no segundo todos estão envolvidos, devendo assumir suas responsabilidades e articulando-se coletivamente na busca de estratégias de solução.
Quanto as questões de ensino e aprendizagem, no Conselho de Classe a abordagem costuma restringir-se ao apontamento das dificuldades de aprendizagem, e a busca de solução comumente ocorre através de socialização de experiências exitosas, bem como sugestão de encaminhamentos metodológicos diferenciados, principalmente.
Em função disso, o Conselho de Classe torna-se uma instância colegiada restringindo-se somente em problemas pontuais, em que a avaliação foi concluída sem levar em consideração soluções e ações efetivas na resolução de problemas, perdendo a sua finalidade essencial, que é a de através das reflexões e discussões, propor encaminhamentos metodológicos construídos coletivamente, para que o processo de ensino aprendizagem seja realizado de forma eficiente para resultar eficácia.
Para Dalben(2004), o Conselho de Classe é o momento privilegiado para redefinir práticas pedagógicas com o objetivo de superar a fragmentação do trabalho escolar e oportunizar formas diferenciadas de ensino que realmente garantam a todos os alunos a aprendizagem.
Assim sendo, é necessário que nesse espaço todos os profissionais da educação realizem enfrentamentos no sentido de superar a estrutura de conselho de classe autoritária, burocrática e excludente, que serve mais para legitimar o fracasso escolar do que para reorganizar o trabalho pedagógico e, mais especificamente, o trabalho educativo que se concretiza na relação aluno-professor. Ou seja, o coletivo docente não pode se reunir apenas para dividir os problemas e para que obtenham a aprovação tácita do grupo sobre um processo avaliativo que prioriza a nota e não as reais possibilidades de evolução do aluno.
Nessa perspectiva a gestão democrática se configura através de intervenções respaldadas por decisões coletivas , reafirmando o respeito ao direito da participação de todos nessa construção.
Para que o Conselho de Classe cumpra sua finalidade de maneira mais efetiva, sugere-se que em um primeiro momento, sejam diagnosticados os problemas, para então, no decorrer do conselho, sejam discutidas, planejadas e definidas coletivamente as estratégias e práticas pedagógicas adequadas para a superação.
O Conselho de Classe deve se constituir em mais um espaço de formação continuada, no qual, todos os envolvidos, têm a possibilidade de refletir sobre a organização do trabalho pedagógico, em quais aspectos está mais fragilizado, quais os limites, quais as potencialidades e quais serão as intervenções necessárias, para que se possa garantir o direito a aprendizagem com qualidade. Professores: Eliana, Inês Izabel, John, Lucilaine, Maria Olivia, Milena, Valdeci, Vainey.