REFLEXÃO EM AÇÃO- CADERNO IV - TEMÁTICA II- O ENSINO INTEGRADO: TRABALHO, CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E CULTURA

No trecho do livro "Cartas para Théo" de Vicent Van Gogh, o artista faz uma reflexão a respeito do mundo do trabalho, no seu caso, da arte, da ciência e da tecnologia empregada em cada tempo e o valor que cada uma delas agregava a obra. No texto, Van Gogh refere-se várias vezes à possibilidade de acesso a ferramentas tecnológicas de trabalho, cada uma a seu tempo, imaginando como os artistas se serviam dos matérias disponíveis no passado e como seria poder servir-se de outros matérias no futuro. Se no passado os grandes mestres se utilizavam de materiais como carvão e lápis de carpinteiro e mesmo deles conseguia tirar uma produção excelente, então como seria viver e trabalhar com essas possibilidades nessa época?

A mesma reflexão o artista faz sobre o futuro onde ele imagina um tinteiro e uma boa pena, o que poderia vir a monopolizar tal material e todos se utilizariam dele, padronizando os trabalhos! No entanto, Van Gogh faz uma observação importante; "...não quero que a beleza se deva ao material, e sim a mim mesmo."
Certa vez, vi um professor dizendo uma frase que me marcou até hoje; quando indagado aos tipos de material e recursos pedagógicos extras que ele utilizava em suas aulas, ele respondeu: "Sou um professor, preciso somente de mentes para moldar". Seria mesmo possível, contemporaneamente, ser um professor com as mãos vazias, ou apenas com um pedaço de giz e mentes para moldar? O mundo e suas tecnologias estão em constante evolução e nossos alunos, assim como nós, tem acesso a elas. Por que então a escola seria interessante se "utilizássemos somente a nós mesmos" como profissionais?
O grande desafio seria trazer essa discussão para dentro da sala de aula, envolvendo os alunos, construindo juntamente com eles essas possibilidades de materiais possíveis e viáveis para serem utilizados de forma pedagógica no espaço escolar, já que atualmente lutamos contra tantas tecnologias e formas de aprender em oposição a uma escola sem muitas possibilidades e atrações. Isso não pode mais ser negado ou ignorado, nosso aluno não se interessa mais pelo "carvão" e sim pelo tablet, e tecnologias modernas afins. Nisso ele não tem dimensão de que independente do material utilizado, o que mais importa é absorver e utilizar o conhecimento. Tendo como pressuposto que nossos alunos já dominam as novas tecnologias, devemos então supor que essas já foram desmistificadas por eles, assim há uma grande facilidade em utiliza-las e adapta-las como ferramentas profundamente pedagógicas para a construção ou reestruturação da forma de ensino.