REFLEXÃO E ESBOÇO PARA TRABALHAR O TEMA “EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL” DE FORMA ARTICULADA ENTRE OS COMPONENTES CURRICULARES.

 

 

Atividade realizada pelos professores do Colégio Estadual Hiram Rolim Lamas, dentro da temática do caderno 4.

A alimentação de qualidade beneficia não apenas a criança, mas também toda a família, estimulando a mudança do comportamento alimentar. Se a alimentação na escola contribui para um melhor desempenho escolar, contribui também para a formação de bons hábitos alimentares. Sem dúvida que essa contribuição estará aumentando a segurança alimentar, que faz parte dos direitos humanos, melhorará a qualidade de vida e aumentará o sentido de cidadania.

Uma proposta para se trabalhar este tema já foi desenvolvida na disciplina de Ciências e Física. Atividade desenvolvida: “Self Service Virtual”. Relato da professora:

“Para iniciar a atividade, coloquei no quadro uma tabela contendo 100g de diversos alimentos (arroz, feijão, carne, salada, chocolate, batata, pão, frutas, etc.) e pedi aos alunos que escolhessem os alimentos do Self Service e fizessem uma refeição apropriada conforme os seus hábitos. Logo após a escolha, coloquei na tabela os valores calóricos de cada alimento (de acordo com a faixa etária da classe) e pedi para eles que somassem esses valores de acordo com os alimentos escolhidos em sua refeição. E após a somatória de cada um, comecei a falar sobre os valores energéticos dos alimentos, os perigos da ingestão abusiva do açúcar e gordura na alimentação do dia a dia, dos alimentos industrializados, etc. No final de tudo, fiquei realmente surpresa e muito feliz com o interesse natural dos alunos e a quantidade de perguntas espontâneas sobre o tema e o real aprendizado deles com uma simples dinâmica antes de abordar o assunto.”

O período escolar é um momento estratégico para orientações nutricionais ativas e participativas, pois possibilita a incorporação de novos hábitos alimentares que tendem a repercutir na adolescência e solidificam-se na fase adulta. Assim a escola torna-se um local privilegiado para o desenvolvimento de ações de promoção à saúde.

Em Matemática, podem ser trabalhados pesos e medidas, calorias e tabela nutricional. Em Filosofia, seria feita uma reflexão sobre a importância da alimentação para o ser humano, as diferenças de uma alimentação de qualidade e uma sem princípios nutritivos e abordar o que cada aluno ingere no seu dia-a-dia. Sociologia trabalharia as diferentes culturas alimentares, abordando alimentos que não são vistos com frequência por parte dos educandos, como por exemplo, a ingestão de insetos, que os orientais praticam. Em química poderiam ser trabalhadas as reações que ocorrem ao se misturar os alimentos, as consequências do uso excessivo de agrotóxicos e a forma como são produzidos os alimentos industrializados. Biologia trabalharia as consequências da ingestão dos alimentos com baixo valor nutricional, acarretando em doenças que cada vez mais estão comuns à sociedade do século XXI, como cardiovasculares, diabetes e a importância que se faz da pirâmide alimentar para ser tornar mais saudável. Educação física abordaria o tema apresentando os resultados obtidos para o corpo com uma alimentação rica em nutrientes e os problemas de uma inadequada ingestão de alimentos e, também, abordar o tema de suplementação alimentar.

A disciplina de Português partiria de uma pesquisa sobre as receitas muito antigas, onde não se utilizavam produtos industrializados para a produção, pois todo o seu processo se baseava na utilização de fontes orgânicas, sem o uso tanto de alimentos quanto de animais que tinham em sua base o uso de componentes nocivos, como por exemplo, os transgênicos. A partir deste tema, poderiam ser promovidos debates para a construção de argumentos de textos dissertativos. A diversidade do regionalismo encontrado nas salas de aula permite trabalhar a alimentação das mais diversas culturas, que podem ser abordadas também na disciplina de Artes. Já na disciplina de Inglês, pode-se abordar a alimentação da cultura americana, como os fast-foods e as competições alimentares, destacando o quão prejudicial são estes costumes.

Este tema também pode ser trabalhado numa sequência de aulas de forma interdisciplinar envolvendo as disciplinas de história, geografia, sociologia e matemática.

Iniciaríamos a aula com a apresentação de uma sequência de fotografias do fotógrafo Peter Menzel autor do livro Planeta faminto, que registra os alimentos consumidos durante uma semana por famílias de 30 países diferentes, que explora tanto as diferenças culturais de dietas em todo o mundo, bem como investiga a prosperidade e pobreza influenciando as dietas de diferentes nações.

Historicamente pode ser explorado o assunto quanto à forma de produção, conservação de alimentos e inovações técnicas desenvolvidas ao longo da história da humanidade, bem como as mudanças das técnicas agrícolas em diversas civilizações.

Geograficamente estudaríamos a integração entre aspectos geográficos com as formas de cultivo dos alimentos como, por exemplo, a técnica de terraceamento utilizada em diversos lugares.

Geograficamente e sociologicamente poderíamos explorar as mudanças ocorridas nos alimentos consumidos nas diferentes partes do mundo devido à globalização e a influência da mídia em mudar nossos hábitos alimentares.

Ainda se poderia interligar o período final da Segunda Guerra Mundial com a exploração econômica da indústria química utilizada para a guerra e, após, finalizada a guerra, essa indústria é transformada em indústrias para atender uma nova necessidade para a produção de alimentos, utilizando-se do discurso que a falta de alimentos causaria um novo conflito mundial onde chega-se a Revolução Verde.

Diante de todos esses fatores expostos, os professores chegaram à conclusão da importância que se faz do ensino de uma alimentação saudável para a criação de uma geração futura mais disciplinada em seus hábitos alimentares e, consequentemente, uma sociedade mais saudável.