REFLEXÃO E AÇÃO IV – CADERNO III
REFLEXÃO E AÇÃO IV – CADERNO III
Escola Hiram Rolim Lamas, C E-EF M
Professoras:
Andressa Iara Budny
Edna Pinto Cardoso
Elísia Santos de Matos
Fernanda Neves Alves
Evanize Rodrigues
Jamille do Pilar Cecyn Miller
Juliana Pontes Alves de Oliveira
Luciana da Costa Teofilo
Lucimar Souza da Costa
Neuza Maria Machado
Vanessa Helena Regina da Silva
Planejar uma unidade de ensino envolvendo os componentes curriculares da área de maneira interdisciplinar.
INTRODUÇÃO
Este artigo teve como objetivo construir um ensino dialógico dentro do tema “Crise no abastecimento de água e da energia”, dando enfoque nos problemas cotidianos onde envolve a sociedade a tomadas de posições. Para este trabalho utilizamos da interdisciplinaridade visando à cultura, a tecnologia e a sociedade.
Como principais referências de aporte para a discussão baseamo-nos no Caderno lll, do Pacto e em Professores imagens do futuro presente de Antonio Nóvoa
O Brasil é um dos países que mais apresenta água em seus territórios. Parece contraditório escutar sobre uma crise hídrica. Segundo o Jornal A Folha (2014):
Com 12% a 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse insumo que a natureza provê de graça à população e à economia. Cada habitante pode contar com mais de 43 mil m³ por ano dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado.
Mas o que temos visto em jornais, a crise da água, é que ela é bem real e presente na vida de muitos brasileiros, podendo mesmo alastrar para outros territórios.
Atualmente especula-se quem tem a culpa sobre esse grande problema que enfrenta a capital paulista, se é a SABESP, o governo, a população, a agropecuária, etc. Não se sabe quem é o responsável, o que se tem certo é que ela está presente e que não tem hora e nem momento para acabar.
METODOLOGIA
A pesquisa apresentou itens de interação do Caderno lll, Ciências da Natureza, etapa ll. Onde foi viabilizado a integração das disciplinas de cada área.
A proposta de ensino foi investigativo e experimental, na qual os educandos tiveram a oportunidade de interagir com seus semelhantes, observando curiosidades relacionadas a contextualização histórica e social.
Para essa possibilidade, utilizou-se, além da bibliografia já mencionados, entrevistas semiestruturadas com pessoas-fontes; visitações ao Sistema de Abastecimento de Água e Energia mais próximos.
CRISE DA ÁGUA
Apesar de o nosso país ser rico em água, ela está má distribuída, porque a maioria da população se concentra em uma determinada região e na área onde há abundância de mananciais, a densidade de pessoas é bem menor. De acordo com o Jornal A Folha (2014):
Só em aparência, contudo, é confortável a situação brasileira. Em primeiro lugar, há o problema da distribuição: o líquido é tanto mais abundante onde menor é a população e mais preservadas são as florestas, como na Amazônia. No litoral do país, assim como nas regiões Sudeste e Nordeste (onde se concentram 70% da população)
O problema com o abastecimento não é atual, a SABESP já estava preocupada com a situação desde 2004, mas pouco se fez, segundo a Revista Superinteressante (2015), a estrutura dos reservatórios parecia insuficiente para dar conta de tanta demanda e seria preciso realizar obras para aumentar a capacidade de armazenamento de água. De acordo com os planos da Sabesp, a cidade de São Paulo ficaria bastante dependente do Sistema Cantareira, o que era preocupante. Se a água dos tanques do sistema acabasse, seria o caos.
O que levou a essa falta hídrica foram diversos fatores, conforme a Revista Superinteressante (2015) enumera: aumento da população, verticalização, impermeabilização do solo, falta de planejamento, sobrecarga do sistema de abastecimento e coleta. A Sabesp estima que, em São Paulo, 25% da água se perca no caminho entre a distribuidora e as torneiras das casas. Segundo reportagem do Estadão, essa perda pode chegar a 31%.
Não é só o Brasil que vive com uma crise hídrica, diversos países estão sofrendo com essa situação, e até mesmo guerreando por ela. Para citar um exemplo, a Califórnia, segundo a Revista Superinteressante (2015) tem:
uma crise de água parecida com a de São Paulo. Ao longo de 2013, choveu por lá um terço da água que caiu em São Paulo nos seis primeiros meses de 2014. Chegou um ponto em que o governo declarou estado de emergência e começou a tomar medidas para preservar os recursos e evitar desperdício. Os cidadãos entraram num regime de economia de água parecido com o racionamento de energia que o Brasil viveu em 2001. Quem for flagrado em situações de desperdício, como lavar calçada com mangueira ou deixar a irrigação do jardim ligada o dia todo, terá que pagar uma multa de 500 dólares. Não é só ameaça. Desde abril, só a cidade de Santa Bárbara já arrecadou mais de 1 milhão de dólares em multas.
No Brasil, a cidade de São Paulo, de acordo com a Revista Superinteressante (2015), ficou decidida que quem economizar em pelo menos 20% terá um desconto de 30% na conta de água. A Sabesp também diminuiu a pressão do abastecimento e começou uma campanha de conscientização com a população.
A situação da crise não é algo passageiro, e pode demorar ou até mesmo agravar de acordo com o Jornal A Folha (2014):
O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), um comitê com alguns dos maiores especialistas do país em climatologia, fez projeções sobre as alterações prováveis nas várias regiões, mas com diferentes graus de confiabilidade. As mais confiáveis valem para a Amazônia (aumento de temperatura de 5°C a 6°C e queda de 40% a 45% na precipitação até o final do século, com 10% de redução nas chuvas já nos próximos cinco anos), para o semiárido, no Nordeste (respectivamente 3,5°C a 4,5°C e -40% a -50%), e para os pampas, no Sul (2,5°C a 3°C de aquecimento e 35% a 40% de aumento de chuvas).
Tentando reverter essa situação tão lastimável que encontra a água, o governo brasileiro, segundo o Jornal a Folha (2014): criou o Programa Produtor de Água (PPA), que destinará R$ 5,6 milhões para financiar projetos de proteção de mananciais e para pagamento de serviços ambientais.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
Na disciplina de geografia, o tema crise no fornecimento de água, poderia ser trabalhado, iniciando o tema com a leitura da reportagem revista carta capital (em anexo), no laboratório de informática, ou através de xérox, após a leitura poderia ser feita um debate com os alunos, sobre dúvidas e contribuições dos mesmos sobre o assunto, tudo seria anotado no quadro pra se fazer um relatório final, como o número de aulas no ensino médio é de apenas duas aulas, seria proposto como continuação do trabalho à proposta de reunidos em grupos os alunos elaborassem maquetes demonstrando a situação do sistema Cantareira em São Paulo e uma comparação com os reservatórios que temos no estado do Paraná, dentro da mesma temática poderia ser feita uma exposição com cartazes explicando o tema rios voadores.
Em interdisciplinaridade com a disciplina de matemática e física, estudaríamos através de:
- Jogos matemáticos (pular casas, enigma, memória e outros) os temas: água e desperdício, água e suas reservas, água e formas de economizar, etc.;
- Análise da conta de água da residência e na escola;
- Análise do consumo de energia elétrica e sua relação com o consumo de água;
- Estatísticas sobre a crise hídrica no Brasil e no Mundo;
- Elaboração de planilhas analisando o consumo médio de água, por período de 12 meses;
- Cálculo do desperdício de água por metro cúbico ou por litro;
- Relação entre a captação da água de chuva e economia de dinheiro.
Já na sociologia, o tema Consumo da energia e da água, pode ter uma abordagem de pesquisa de campo, na qual os estudantes podem buscar junto à família informações se existia este fornecimento, e como ele acontecia. Com base nas informações pode-se fazer um paralelo entre como as pessoas viviam sem energia elétrica e como as pessoas vivem usufruindo deste benefício. É possível perceber que:
_ Sem energia elétrica as pessoas se organizavam para aproveitar a luz do sol;
_ faziam uso de lampiões, velas, rádio de pilha;
_ os pais contavam lindas histórias para seus filhos dormirem.
_ as pessoas se uniam em torno de conversas e brincadeiras, etc.
Quanto ao uso da água, foi possível observar que o ser humano buscou alternativas de uso de instrumentos para sua sobrevivência, como o filtro de barro que era utilizado para purificar a água para o consumo, as moringas de barro sempre cheias que mantinham a água fresquinha.
O problema com o consumo de energia e de água hoje em dia é o consumismo exagerado, onde as pessoas trocam seus elétricos domésticos e eletrônicos a todo o momento, por modelos novos, em cada cômodo da casa tem um televisor, os banhos são demorados, onde chuveiro e a torneira ficam abertos enquanto as pessoas tomam banho ou escovam os dentes.
Por isso, a importância de desenvolver junto aos estudantes um trabalho de conscientização quanto ao cuidado que as pessoas devem ter com a natureza e seus recursos para a subsistência da humanidade presente e futura.
No que diz respeito à química e física, daríamos uma maior atenção ao “prejuízo que o ser humano tem causado à natureza, através dos lixos, esgotos, dejetos químicos industriais e mineração sem controle.”.
Nas disciplinas de Línguas Portuguesa e Inglesa, pode ser trabalhado o Imperativo do verbo, bem como sua utilidade e também a construção de textos e cartazes para que seja dado um maior enfoque ao tema em questão através da exposição dos trabalhos realizados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ficou evidente que a criação de espaços sistemáticos de reflexão sobre as experiências acumuladas, ainda é frágil, embora muitos educadores mostrem ter clareza dessa necessidade e da importância para melhor qualificar a docência.
O assessoramento pedagógico, percebemos a dificuldade com a permanência de tal política pela ausência de recursos diretos às práticas educativas. Contudo a formação recebida foi muito pontual, constituindo-se de uma proposta para atender às necessidades específicas do Ensino Médio. Percebe-se a necessidade da articulação da interdisciplinaridade nesta instituição; para fomentar iniciativas como oficinas, mostras, feiras em que o educando deste curso seja o protagonista em todo o percurso de aprendizagem.
A partir dessa proposta de trabalho de trabalho interdisciplinar foi possível perceber que, de forma geral, há o entendimento entre as Áreas do Conhecimento, da necessidade de investir na formação discente e docente, porém também fica claro que ainda á fragmentação de conteúdos vem de encontro à insegurança do profissional, “do medo de errar”, com uma experiência que a sociedade não cobra ainda, em vestibulares, concursos ou mesmo o Enem. Educar a vida é muito amplo. Educar para a cidadania seria o objetivo. Porém, todos reconhecem a necessidade de ações na melhor qualificação dos docentes do Ensino Médio.
REFERÊNCIAS
Brasil. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, Etapa II - Caderno III: Ciências da Natureza. - Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [autores: Daniela Lopes Scarpa... et al.]. – Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2014.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). UFPR, 2014.
LEITE, M.; ALMEIDA L.; GERAQUE, E.; CANZIAN, F.; GARCIA, R.; AMORA, D.; CRISE DA ÁGUA, Jornal A Folha Disponível em: http://arte.folha.uol.com.br/ambiente/2014/09/15/crise-da-agua/ Acesso em: 25 de agosto de 2015.
NÓVOA, Antonio. Professores imagens do futuro presente. Educa Lisboa. 2009. Dísponível em: http://pt.scribd.com/doc/53200450/antonio-novoa-2009-professores-imagens... em: 21,agosto2015.
REVISTA SUPERINTERESSANTE O Fundo do Poço Disponível em: http://super.abril.com.br/crise-agua/ofundodopoco.shtml Acesso em: 25 de agosto de 2015.
http://www.cartacapital.com.br/politica/perguntas-e-respostas-sobre-a-cr...
ANEXO I
A crise de abastecimento que assola o estado de São Paulo, em especial a capital, entrou de vez no debate eleitoral nacional. O problema é resultado da falta de planejamento do governo Paulista diante da – prevista – pior estiagem desde 1953. Hoje, a principal fonte de captação de água da Região Metropolitana de São Paulo, o Sistema Cantareira, está com apenas 3% de sua capacidade e, segundo o Datafolha, 67% dos paulistanos já sofrem com a falta d’água. Tire suas dúvidas sobre a situação:
A falta de água em São Paulo é “culpa de São Pedro”, ou seja, de uma estiagem histórica?
Não. A estiagem severa que assola São Paulo e outras regiões do País era prevista. Veja o que os promotores afirmam na Ação Civil Pública proposta para barrar a retirada de mais água do Cantareira: “A significativa redução das precipitações no estado de São Paulo, outrossim, já era fenômeno detectado há anos, sem que as medidas para a redução das vazões de retirada tenham sido implantadas pelos órgãos gestores e pela operadora do sistema produtor (Sabesp), visando à preservação daquele manancial”.
O que é o Sistema Cantareira?
Uma Fonte de Captação, ou seja, um local do qual a Sabesp retira a água que posteriormente trata e vende a seus clientes. O Cantareira é a principal fonte de captação da Grande São Paulo. Os outros sistemas que abastecem a região, por ordem de importância, são o Guarapiranga, o Alto-Tietê, o Rio Claro, o Rio Grand, o Alto-Cotia, o Baixo-Cotia e o Ribeirão Estiva.
O que o governo do estado deveria ter feito para evitar a falta de água?
Em 2004, ao receber a concessão para uso do Sistema Cantareira, o governo de São Paulo e a Sabesp foram informados sobre a necessidade de planejamento e investimentos em novas fontes de captação, a fim de evitar a atual crise. Em seu artigo 16, o documento da concessão estipulava que a Sabesp “deveria realizar em 30 meses estudos e projetos que viabilizem a redução de sua dependência do sistema (Cantareira)”. Como a atual crise comprova, isso não foi feito.
O governo criou algum novo sistema que pudesse compensar a seca do Cantareira?
Não. O Sistema Produtor São Lourenço poderia ajudar, mas não resolver o problema. O problema é que a sua implementação, responsabilidade do governo estadual, está atrasada em dois anos. O São Lourenço colocaria cerca de 5 metros cúbicos por segundo a mais no sistema de abastecimento. Seria uma boa ajuda. Para se ter uma ideia, o Cantareira produz 33 metros cúbicos. Além do atraso nas obras, o projeto licitado pela gestão Alckmin é apenas parte de um projeto maior que deveria ter sido feito de acordo com os estudos do próprio governo estadual.
O que mais o governo Alckmin poderia ter feito?
Como tinham sido informados do problema, a Sabesp e o governo deveriam estar promovendo, há anos, medidas como: campanhas para o uso racional da água (que ficaram mais fortes apenas recentemente); mudar o sistema de cobrança, para encarecer a água de quem desperdiça e dar descontos para quem economizar e, por fim, reduzir o desperdício no sistema de distribuição (vazamentos etc.).
A Sabesp é do governo do estado?
A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo tem 50,26% das ações da Sabesp. Os outros 49,74% das ações estão nas mãos de acionistas privados.
Por que os acionistas da Sabesp receberam bilhões do estado? O governo escolhe quanto vai pagar?
Quem escolhe quanto os acionistas vão receber é o conselho gestor da companhia, composto por indicações do governo. O estatuto da empresa prevê um repasse de até 25% do lucro líquido para os acionistas, podendo ser menor, a depender da necessidade de aumento nos investimentos. Nos últimos anos, a Sabesp tem repassado valores acima desse porcentual aos seus acionistas. Segundo o Ministério Público, do total de dinheiro enviado aos acionistas, 73% é obtido com a venda da água retirada do Cantareira. Em 2012 e 2013, o porcentual do lucro líquido destinado aos acionistas foi o mesmo: 27%, ou 534 milhões de reais. Em 2011, contudo, o porcentual foi bem maior: 43% do lucro líquido obtido com a venda de água para a população – o equivalente a 578 milhões de reais.
O que vai acontecer, a água de São Paulo vai acabar de vez?
A água não vai acabar de uma vez. O que vai acontece é que a estiagem deverá perdurar, e enquanto os sistemas de captação se recuperam será necessário diminuir o consumo, ou seja, teremos de racionar.
alckmin-volume-morto-cantareira
Geraldo Alckmin 'inaugura' o volume morto do sistema Cantareira, em maio deste ano
Já existe um racionamento informal de água?
O governo não admite, mas há dezenas de relatos na imprensa e nas redes sociais de moradores e empresários que sofrem com falta sistemática de água em um determinado horário ou com uma frequência fixa.
O que é o volume morto? Ele vai pode durar mais quanto tempo?
O volume morto, ou reserva técnica, é o volume de água que está abaixo do nível de captação das represas. São as partes mais profundas das represas que formam o Sistema Cantareira. Sem novas chuvas e mantido o atual nível de consumo, deverá durar, no máximo, até os primeiros três meses de 2015.
O que é ANA? E o Daee?
A ANA é a sigla de Agência Nacional de Águas, órgão ligado ao governo federal e responsável por “implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o acesso à água”. O Daee é o Departamento de Águas e Energia Elétrica do governo do estado de São Paulo.
A Ana “manda” no governo estadual?
Não. Ela deve fiscalizar a utilização dos recursos hídricos em todo o Brasil, porém, sem poder de ingerência sobre estados ou municípios.
O verão está chegando. As fortes chuvas destas épocas não vão resolver o problema?
Como foi explorado além do que suportaria, o Sistema Cantareira pode não conseguir se recuperar totalmente com as chuvas de verão, o que deverá comprometer o abastecimento na próxima estação seca.
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