É frequente para nós professores, nos preocuparmos com a forma como os jovens estudantes encaram suas vidas e seus projetos de futuro. E não é raro também que ao procuramos explicações para acontecimentos do dia-a-dia de sala de aula nos deparamos com informações sobre a vida deles que fazem a diferença em como realizamos nossas práticas de ensino.
Para conhecê-los melhor, resolvemos convidar alguns alunos de nossa escola para um bate-papo sobre as expectativas juvenis frente à vida. Formamos um grupo de no máximo oito alunos em cada turno e de turmas variadas, com idade entre 15 e 18 anos para dialogarmos por cerca de uma hora.
Foi apresentado o tema: Trabalho, estudo e futuro.
Aos poucos foram nos relatando suas vidas e pudemos perceber que o jovem estudante já traz consigo muita história de vida marcada por fatores e acontecimentos sociais, econômicos e culturais que influenciam diretamente sua visão de mundo e suas expectativas para o futuro.
Como nossa escola é profissionalizante, muitos de nossos alunos já estão no mundo do trabalho ou buscando seu primeiro emprego através dos estágios remunerados.
Justamente para sabermos quantos alunos trabalham, que trabalho realizam, se pretendem trabalhar ainda durante o tempo de escola e que influência isso pode causar na sua formação, direcionamos aos grupos perguntas sobre o tema, que foram sendo respondidas durante o bate-papo. Alguns exemplos:
- Quantos de vocês trabalham?
- Que trabalho realiza?
- Se trabalha, sob quais condições?
- Quantas horas por dia?
- O trabalho que você realiza é na sua área de estudo?
- O fato de trabalhar influencia positiva ou negativamente em seus estudos?
- Você traz para a as aulas conhecimentos adquiridos no seu trabalho?
- Você tem consciência de seus direitos de trabalhador?
- Se não trabalha, pensa em trabalhar ainda durante o tempo de escola?
- Que trabalho gostaria de realizar?
Foi muito interessante perceber a articulação que os jovens estabelecem entre trabalho e educação.
O trabalho é encarado como uma necessidade que aparece muito precocemente em suas vidas, seja simplesmente pela necessidade econômica familiar ou pela vontade de experimentar a independência que o salário traz. A grande maioria dos alunos que participaram já trabalha ou trabalhou e consegue entender a necessidade de estudar também, porque tem se deparado com a grande exigência do mundo do trabalho por trabalhadores dentro do perfil desejado pela empresa que passa necessariamente pela formação acadêmica.
Diante disso, pensamos ser fundamental repensar nossas práticas de ensino, a fim de atender efetivamente as necessidades educativas, afetivas e culturais da juventude. Conhecer é a melhor forma para contribuirmos na formação de estudantes para que sejam cidadãos bem informados e motivados, capazes de pensar criticamente e de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para eles, de inserir-se no mundo do trabalho com consciência e responsabilidade não abandonando sua formação acadêmica e encontrando sentido nela.